sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Agentes Secretos da Pitangueira



- Urso na escuta, tem mensagem para mim?



- Aqui é Águia, - nulo. Qual é a sua posição, Urso?



- Estou na Delta Oscar Tombo.



- Urso, você tem uma apoio aí, bate que abre.



- Compreendi - TKS. Apoio?!



- Gavião, Alfa Charlie partiu com a barra movel na rampa leste!



- Quem opera?



- Para com isto, Gavião, você sabe.



- Não sei. Identifique-se ou saia desta frequência.



- Caralho.



- Como?



- Pinto, merda, meu codinome é Pinto, bosta! É Pinto. Satisfeito? E quer saber? Odeio ser chamado de Pinto ...



É isto aí!


Agentes Secretos da Pitangueira

- Urso na escuta, tem mensagem para mim?

- Aqui é Águia, - nulo. Qual é a sua posição, Urso?

- Estou na Delta Oscar Tombo.

- Urso, você tem uma apoio aí, bate que abre.

- Compreendi - TKS. Apoio?!

- Gavião, Alfa Charlie partiu com a barra movel na rampa leste!

- Quem opera?

- Para com isto, Gavião, você sabe.

- Não sei. Identifique-se ou saia desta frequência.

- Caralho.

- Como?

- Pinto, merda, meu codinome é Pinto, bosta! É Pinto. Satisfeito? E quer saber? Odeio ser chamado de Pinto ...

É isto aí!

nhenhenhém




O brasileiro já nasce falando tupi, mesmo sem saber. O português falado em Portugal diferencia-se do nosso principalmente por causa das expressões em tupi que incorporamos. Essa incorporação é tão profunda que nem nos damos conta dela. Mas é isso o que faz a nossa identidade nacional. Depois do português, o tupi é a segunda língua a nomear lugares no País.





A lista de nomes é extensa e continua aumentando. Há milhares de expressões, como:





* Ficar com nhenhenhém – que quer dizer falando sem parar, pois nhe’eng é falar em tupi.


* Chorar as pitangas – pitanga é vermelho em tupi; então, a expressão significa chorar lágrimas de sangue.


* Cair um toró – tororó é jorro d’água em tupi, daí a música popular “Eu fui no Itororó, beber água e não achei”.


* Ir para a cucuia – significa entrar em decadência, pois cucuia é decadência em tupi.


* Velha coroca é velha resmungona – kuruk é resmungar em tupi.


* Socar – soc é bater com mão fechada.


* Peteca – vem de petec que é bater com a mão aberta.


* Cutucar – espetar é cutuc.


* Sapecar – é chamuscar é sapec, daí sapecar e sapeca.


* Catapora – marca de fogo, tatá em tupi é fogo.





O significado de grande parte dos nomes de lugares só se sabe com o tupi. Como nomes de bairros da cidade de São Paulo.





* Pari é canal em que os índios pescavam,


* Mooca é casa de parentes,


* Ibirapuera é árvore antiga,


* Jabaquara é toca dos índios fugidos,


* Mococa é casa de bocós – bocó é tupi.



Foto de Thiago Foresti/OPAN

http://amazonianativa.org.br/Noticias/Identidade-Nambiquara,4,238.html

nhenhenhém

O brasileiro já nasce falando tupi, mesmo sem saber. O português falado em Portugal diferencia-se do nosso principalmente por causa das expressões em tupi que incorporamos. Essa incorporação é tão profunda que nem nos damos conta dela. Mas é isso o que faz a nossa identidade nacional. Depois do português, o tupi é a segunda língua a nomear lugares no País.

A lista de nomes é extensa e continua aumentando. Há milhares de expressões, como:

* Ficar com nhenhenhém – que quer dizer falando sem parar, pois nhe’eng é falar em tupi.
* Chorar as pitangas – pitanga é vermelho em tupi; então, a expressão significa chorar lágrimas de sangue.
* Cair um toró – tororó é jorro d’água em tupi, daí a música popular “Eu fui no Itororó, beber água e não achei”.
* Ir para a cucuia – significa entrar em decadência, pois cucuia é decadência em tupi.
* Velha coroca é velha resmungona – kuruk é resmungar em tupi.
* Socar – soc é bater com mão fechada.
* Peteca – vem de petec que é bater com a mão aberta.
* Cutucar – espetar é cutuc.
* Sapecar – é chamuscar é sapec, daí sapecar e sapeca.
* Catapora – marca de fogo, tatá em tupi é fogo.

O significado de grande parte dos nomes de lugares só se sabe com o tupi. Como nomes de bairros da cidade de São Paulo.

* Pari é canal em que os índios pescavam,
* Mooca é casa de parentes,
* Ibirapuera é árvore antiga,
* Jabaquara é toca dos índios fugidos,
* Mococa é casa de bocós – bocó é tupi.

Foto de Thiago Foresti/OPAN
http://amazonianativa.org.br/Noticias/Identidade-Nambiquara,4,238.html

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

O pacto de Batista


Batista era um sujeito sistemático, desconfiado de tudo e de todos. Casou-se aos vinte e seis anos com Donzela Pereira, uma moça de divina bondade, operária da fábrica de tecidos. A vida dos dois era uma rotina entendiante. Aos domingos pela manhã - igreja, feira, sogra e mãe, nesta ordem. De volta ao lar, silêncio e paz. Sexo nas terças e quintas entre 20 e 22 horas, nas segundas ensaio no coral, nas quartas reunião no clube, nas sextas jantar no Come-Bem e no sábado ficavam nus o dia inteiro em casa, mas não podiam se tocar.

Naquela quinta-feira, após a conjunção carnal, já estavam deitados, quando a campainha soou. Batista colocou seu robe de cetim preto, longo, com manga 3/4, presente da sua mãe, por sobre o pijama longo, 100% algodão, também preto, que ganhou da irmã, e foi atender ao reclame da porta.

Eram agentes secretos do insuspeito Serviço Nacional de Pacto pela Segurança, Acusação, Julgamento, Condenação e Detenção, o temido PACOTE. Entraram em bando de seis, outros seis ficaram na porta e, discretamente, as três viaturas com todas as luzes e sirenes ligadas ficaram na rua, o que sempre inibia curiosos.

- Senhor Batista?

- Sim.

- Nós somos do Serviço Nacional de Pacto pela Segurança, Acusação, Julgamento, Condenação e Detenção do País. Viemos aqui com este mandato judicial de busca e apreensão por que o senhor foi citado em delação premiada, onde o delator secreto afirmou com provas que o senhor rompeu o pacto civil com sua esposa, fazendo sexo com ela quatro vezes no mesmo dia, na 36ª semana do ano de 2006, enquanto ficaram hospedados em Brasília, no Hotel Pagmenos, no Plano Piloto. 

Pela quebra de contrato civil, em prol da Lei, da Paz, da Pátria e da Ordem, o senhor tem o direito de permanecer calado, tudo que dizer poderá e será usado contra o senhor, e se não disser nada, seu silêncio o condenará, pois a literatura permite.

E quanto à Sra. Donzela, vítima da sua performance vilipendiosa, ah .. Donzela, saiba que foi vista como vítima e assim, por delito menos grave, dominada pela volúpia, será entregue ao Dr, Nestorzinho, um correio elegante de informações serelepes e perfumadas que circulam pelos corredores e avenidas da belacap mística, e quando presenciarem a lua cheia por sobre a esplanada, com certeza ela manterá sua honra e dignidade altivas às margens do Paranoá, confessando coisas importantes que acrescentem penalização ao seu  crime capital.

É isto aí!


Lagrimas negras como nunca la has oido

Lagrimas negras como nunca la has oido

Pat Metheny - And I Love Her (The Beatles)

Fonte da Imagem - Pat Metheny - Last fm

Patrick Metheny (Patrick Bruce Metheny) (Kansas City, Missouri, 12 de agosto de 1954) é um guitarrista norte-americano. Vencedor de vinte prêmios Grammy Awards (Wikipédia)

Pat Metheny - And I Love Her (The Beatles)

"The Beatles were huge for me. Without them, I don't know if I even would have become a musician or a guitar player.  When their hits started coming out, I was 8 and 9 years old and it had a tremendous impact on me. I saw the movie "A Hard Day's Night" multiple times when it came out and I always loved that song. It is kind of impossible to imagine doing a record like this without including at least one Beatles song." - Pat Metheny




And I Love Her
The Beatles
Compositores: Composição: John Lennon / Paul McCartney.
Fonte da Letra: Letras Music

I give her all my love
That's all I do
And if you saw my love
You'd love her too
I love her

She gives me everything
And tenderly
The kiss my lover brings
She brings to me
And I love her

A love like ours
Could never die
As long as I
Have you near me

Bright are the stars that shine
Dark is the sky
I know this love of mine
Will never die
And I love her

Bright are the stars that shine
Dark is the sky
I know this love of mine
Will never die
And I love her

Paul McCartney - And I Love Her - Show inesquecivel - Rio de Janeiro em ...

Paul McCartney - And I Love Her - Show inesquecivel - Rio de Janeiro em ...

The Beatles - And I Love Her (Official Video with Lyrics)

The Beatles - And I Love Her (Official Video with Lyrics)

Here, There And Everywhere (The Beatles)






Here, There And Everywhere (The Beatles)


terça-feira, 27 de setembro de 2016

Mulher Nua (Gilka Machado 1893/1980)


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Alma de pomba - corpo de serpente,


enche de adejos e rastejos


teu ambiente,


caiam em torno a ti pedras ou flores


de uma contemplativa multidão:


de lisonjeiros e de malfeitores


cheias as sendas da existência estão.





Toda de risos tua boca enfeita


quando te surja um ser sincero, irmão;


e sejas sempre pura, espelhante e perfeita,


na verdade da tua imperfeição.


Musa satânica e divina


ó minha Musa sobrenatural,


em cujas emoções, igualmente, culmina


à indução do Bem, a tentação do Mal!


Em teus meneios lânguidos ou lestos


expõe ao Mundo que te espia


que assim como há na Dança a poesia dos gestos,


há nos versos a dança da Poesia.





Dança para esse gozo,


o grande gozo maternal da Terra,


que te fez sem igual,


e, envaidecida,


em seu amor te encerra,


amando em ti a sua própria vida,


sua vida carnal e espiritual.


Torce e destorce o ser flexuoso


ó Musa emocional!





Maneja os versos de maneira tal


que eles fiquem pelos séculos dispersos,


com os ritmos da existência universal.


E a dançar, a dançar,


num delicioso sacrifício,


patenteia a nudez desse teu ser ante o sereno altar


do deus que te domina.





Que importa a injúria hostil de quem te não compreenda?


dança, porém, não como a Salomé da lenda,


a lírica assassina: dança de um modo vivificador;


dança de todo nua,


mas que seja a nudez sensual da dança tua


a imortalização do teu glorioso Amor!

Mulher Nua (Gilka Machado 1893/1980)

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Alma de pomba - corpo de serpente,
enche de adejos e rastejos
teu ambiente,
caiam em torno a ti pedras ou flores
de uma contemplativa multidão:
de lisonjeiros e de malfeitores
cheias as sendas da existência estão.

Toda de risos tua boca enfeita
quando te surja um ser sincero, irmão;
e sejas sempre pura, espelhante e perfeita,
na verdade da tua imperfeição.
Musa satânica e divina
ó minha Musa sobrenatural,
em cujas emoções, igualmente, culmina
à indução do Bem, a tentação do Mal!
Em teus meneios lânguidos ou lestos
expõe ao Mundo que te espia
que assim como há na Dança a poesia dos gestos,
há nos versos a dança da Poesia.

Dança para esse gozo,
o grande gozo maternal da Terra,
que te fez sem igual,
e, envaidecida,
em seu amor te encerra,
amando em ti a sua própria vida,
sua vida carnal e espiritual.
Torce e destorce o ser flexuoso
ó Musa emocional!

Maneja os versos de maneira tal
que eles fiquem pelos séculos dispersos,
com os ritmos da existência universal.
E a dançar, a dançar,
num delicioso sacrifício,
patenteia a nudez desse teu ser ante o sereno altar
do deus que te domina.

Que importa a injúria hostil de quem te não compreenda?
dança, porém, não como a Salomé da lenda,
a lírica assassina: dança de um modo vivificador;
dança de todo nua,
mas que seja a nudez sensual da dança tua
a imortalização do teu glorioso Amor!

Lembranças (Gilka Machado 1893/1980)

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Teus retratos — figuras esmaecidas;

mostram pouco, muito pouco do que foste.

Tuas cartas — palavras em desgaste,

dizem menos, muito menos

do que outrora me diziam

teus silêncios afagantes...

Só o espelho da minha memória

conserva nítida, imutável

a projeção de tua formosura,

só nos folhos dos meus sentidos

pairam vívidas

em relevo

as frases que teu carinho

soube nelas imprimir.


Sou a urna funerária de tua beleza

que a saudade

embalsamou.


Quando chegar o meu instante derradeiro

só então, mais do que eu,

tu morrerás

em mim.


Publicado no livro Velha poesia (1965).
In: MACHADO, Gilka. Poesias completas. Apres. Eros Volúsia Machado. Rio de Janeiro: L. Christiano: FUNARJ, 1991, p.440.





A reintegração ao sistema

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Foi apanhado na porta de casa, às 21 horas do dia 25 de agosto de 1954, jogado numa viatura blindada e levado a cárcere privado em local incerto e não sabido. No dia 17 de fevereiro de 1958 um advogado dativo, indicado pelo Estado o visitou para saber detalhes do crime ao que estava respondendo em segredo de justiça.

Olhou espantado para o advogado e não disse nada. E nada mais aconteceu até que no dia 28 de maio de 1959, quando foi colocado num trem cargueiro com destino à capital, para ser arguido de questões que supostamente culminariam na sua culpabilidade.

Em 12 de dezembro de 1960, um oficial da guarda carcerária o tirou aos tapas da cela solitária e o encaminhou a um salão escuro e aterrorizante, conhecido como Sala do Blá-Blá-Blá, onde os três interrogadores eram seres desprovidos de paciência, dignidade, ética e humanidade. Não disse nada por que não sabia de nada, e pelo silêncio foi, em trapo de músculos, ossos e alma, jogado noutra cela solitária, mais fria e com menos luz.

No carnaval de 1961 foi transferido para uma penitenciária federal, numa ilha oceânica, inacessível e inóspita. Nesta ocasião foi interrogado na presença de cinco militares e dois políticos gordos sobre a possível participação de opositores ao movimento de retomada do poder pela tradição, pela família e pelo direito á propriedade. Entre tapas, socos e pontapés, foi recolhido ao pior dos aposentos da casa.

Em agosto de 1963 retornaram com ele ao continente, onde passou a cumprir a detenção provisória para averiguação num suposto quartel militar, de onde saiu numa estranha convulsão pública um ano depois, em abril de 1964.

Em 1968 foi detido como indivíduo de alta periculosidade ao mendigar por entre transeuntes de numerosa passeata, e foi covardemente levado ao manicômio judiciário, onde finalmente encontrou seu grande amor. A moça fugira com o namorado, filho de um opositor do regime, e o pai a denunciou como louca. Foram felizes para quase sempre, quando em 1990 foram liberados para a reintegração social, de onde não conseguiram escapar da inevitabilidade da exclusão social.

Para sua sorte, em 2016 foi reintegrado ao sistema carcerário, graças a uma delação premiada validada em primazia dos direitos de terceiros cujo CIC fora extraviado para homônimo de suposto indivíduo que talvez tenha feito alguma coisa, que segundo afirmaram em conversa reservada dois sisudos senhores de enorme envergadura de imoralidade e aética, estava relacionado ao crime do réu em questão, que nunca confessou, como também nunca negou, de forma que era suspeito pelo silêncio.

É isto aí! 

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

A batalha de Manezinho



Manezinho, o anti-herói do supra mundo, mergulhou em profundo desgosto ao despertar e ver Pindorama avassalada de forma hedionda, com a sua ajuda, pois acreditou naqueles senhores elegantes, educados e gentis. Depois que viu a merda feita pelos serviçais, capachos e seguidores dos senhores elegantes, que não falam guarany, não conhecem tupy e desprezam Tupã, Manezinho tomou suas providências:

Primeiro vestiu sua armadura, daí visitou a casa de Mãe Benta e pediu reza, passou no terreiro de Pai João e recebeu as bênçãos, entrou no Centro da Caridade e tomou passes de redenção, desceu a ladeira, subiu as escadarias do Templo da Salvação pela Fé em Si por Mim e deu o dízimo devido em envelope lacrado e recebeu passes de descarrego, além de uma bisnaguinha de 5 mL de água do Jordão e um envelope com 2 gramas da terra do Monte do Calvário. Foi no outro templo, do outro lado da rua e encomendou missa pelas almas do purgatório, escolhidas a dedo. 

Agora sim sentiu-se protegido, e começou a  batalha espiritual, fazendo a sua parte, e sabendo que a ira era grande, percebendo a dor da sangria do povinho desvalido, acendeu uma Vela de São Jorge, ungida, que foi colocada na cômoda, com um copo de água do lado direito dela, na frente da foto onde aparecem todos os abutres, carniçais e necrófagos elegantes. São Jorge não é de negar uma luta pelos justos.

Agora estava feito, pensou. Era só esperar pelo milagre de Pindorama voltar a ser uma grande nação longe das garras finas e ágeis da insuportável raça de homens estranhos ao bem deste povo, com seus semblantes pálidos e esquisitos.

É isto aí!

domingo, 25 de setembro de 2016

Papo de Esquina XXVI

- Ontem ouvi de um solitário combatente que estas mudanças no início do golpe promoverão graves conseqüências, enormes e absolutamente desconhecidas no futuro. 

- É preocupante, pois tais eventos seriam praticamente imprevisíveis – caóticos, portanto.

- Isto só pode ser o maldito karma do caos que está incrustrado no nosso atávico complexo de vira-latas.

- Enfim, fodeu tudo! 

É isto aí!

Receita (Nicolas Behr)



Receita (Nicolas Behr)
Nicolas Behr (Cuiabá, 1958) é um poeta brasileiro, geralmente associado à Geração mimeógrafo e à Poesia Marginal. (Wikipédia)



Ingredientes:

2 conflitos de gerações
4 esperanças perdidas
3 litros de sangue fervido
5 sonhos eróticos
2 canções dos beatles

Modo de preparar

dissolva os sonhos eróticos
nos dois litros de sangue fervido
e deixe gelar seu coração

leve a mistura ao fogo
adicionando dois conflitos de gerações
às esperanças perdidas

corte tudo em pedacinhos
e repita com as canções dos beatles
o mesmo processo usado com os sonhos
eróticos mas desta vez deixe ferver um
pouco mais e mexa até dissolver

parte do sangue pode ser substituído
por suco de groselha
mas os resultados não serão os mesmos
sirva o poema simples ou com ilusões


Sobre este poema, escreveu Welly:

Publicado com selo independente pelo próprio autor em um dos seus muitos livretos de poesia marginal nos anos 70, Receitas surge como uma provocação à geração que coexistia com a ditadura militar, vivendo um contexto social precário em que a liberdade pessoal era ameaçada caso ela não estivesse nos moldes esperados por uma classe conservadora dominante. E ainda, indo além deste período, observa-se que mesmo com o passar dos anos o poema continua atual, demarcando bem através de sua proposta provocativa em forma de receita, o quanto o homem pode ser um produto social de fácil preparo, se tivermos os ingredientes certos.

Sua estrutura funciona como uma extensão do que é dito, e sem ela talvez o poema não funcionasse tão bem. O que acontece, é que uma receita é bastante fácil de se escrever, já que para esse tipo de gênero existe uma fórmula predeterminada, assim Nicolas além de sustentar sua crítica, estabelece uma relação estilística irreverente e sarcástica, por ser esta forma tão ordinária. De início, os ingredientes e em seguida o modo de preparo.

Temos como os ingredientes um apanhado de situações que são, em uma ótica social, efeitos colaterais de uma sociedade problemática, negligente e superficial. Sendo uma ótima combinação de fatores para o resultado do que somos, em um tempo em que conflitos mais relações pessoais e interpessoais são questões afloradas. Já no modo de preparo, vemos os ingredientes sendo combinados um ao outro e ganhando não apenas forma, mas um sentido abrangente quanto a interpretações. Os sonhos eróticos se dissolvem no sangue quente, gelando o coração, enquanto aos conflitos de gerações são adicionadas algumas esperanças perdidas, e enfim como toque final as canções dos Beatles, repetindo o primeiro passo, mas dessa vez dissolvendo tudo numa temperatura maior. A isso ele ainda acrescenta '’Parte do sangue pode ser substituído por suco de groselha, mas os resultados não serão os mesmos’’. Em sua concepção, este homem é um apanhado de coisas que o delimitam a uma receita. Tanto os conflitos quanto as músicas dos Beatles são elementos que o moldam.

Podemos observar que o principal alvo do eu lírico de Nicolas Behr, é chamar a atenção do homem na sociedade para si mesmo, propondo com um certo tom de ironia uma crítica ao pensamento de que há fórmulas predeterminadas para tudo, inclusive para o poeta, como podemos observar na última parte, quando ele completa com uma recomendação '’sirva o poema simples, ou com ilusões’’.

A poesia não nasce a não ser que seja autenticamente concebida, da mesma forma o homem/poeta não existe além de suas ideias independentes, quando há uma sincera devoção para si mesmo e para com o seu contexto social, sem limitação ideológica ou injustiças. Podemos tratar disso de forma verdadeira, mesmo que simples, ou acrescentar algumas ilusões e esperar que elas amenizem algo.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Ata-me, Michel!





Excluído das conversas da sala,

golpeou a legitimidade.

Vaiado nas Olimpíadas e

apupado nas Paralimpíadas,

acabou com a Educação Física.

Pressionado por intelectuais

poetas e pensantes,

findou com a Filosofia,

Cobrado pelas organizações institucionais,

excluiu a sociologia,

Criticado pelo massacre à Cultura,

liquidou com as artes,

Questionado pelos trabalhadores,

ameaçou com o fim da previdência,

Impressionado com a resistência,

destruiu o SUS,

Comprimido pelo capital externo,

dilapidou o patrimônio nacional

Criticado pelos vizinhos,

acabou com a língua espanhola,



Ata-me Michel, quem sabe assim eu consigo ver alguma humanidade e brasilidade em você.



É isto aí!








Ata-me, Michel!


Excluído das conversas da sala,
golpeou a legitimidade.
Vaiado nas Olimpíadas e
apupado nas Paralimpíadas,
acabou com a Educação Física.
Pressionado por intelectuais
poetas e pensantes,
findou com a Filosofia,
Cobrado pelas organizações institucionais,
excluiu a sociologia,
Criticado pelo massacre à Cultura,
liquidou com as artes,
Questionado pelos trabalhadores,
ameaçou com o fim da previdência,
Impressionado com a resistência,
destruiu o SUS,
Comprimido pelo capital externo,
dilapidou o patrimônio nacional
Criticado pelos vizinhos,
acabou com a língua espanhola,

Ata-me Michel, quem sabe assim eu consigo ver alguma humanidade e brasilidade em você.

É isto aí!




quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Gente como a gente - Micarla e seu pai



Aí a gente se emociona como pai lendo uma coisa deste porte. Obrigado Micarla, não a conheço, mas tenho orgulho de você e do seu pai:

https://www.facebook.com/micarla.lins/posts/1280379148641104

Micarla Linscom Pedro Monics.
20 de setembro às 15:06 · Rio de Janeiro ·

Hoje li a seguinte frase: " Saber escrever direito não é inteligência, é privilégio. " e isso me fez relembrar da seguinte conversa com meu pai, acho que nunca chorei tanto na vida quando recebi um pedido de desculpas dele por não saber escrever, meu pai não teve uma vida nada fácil hoje em dia ele só sabe ler, mas não sabe escrever quase nada e isso me faz lembrar de todas as vezes que ouço piadas por coisas que estão escritas de maneira "errada" quantas vezes você já dispôs a ler pra alguém? Quantas vezes você já se ofereceu pra ensinar alguém a escrever? Então ao invés de acharem graça toda vez que virem algo escrito errado se lembrem de um pai pedindo perdão a filha por não conseguir falar com ela pois não sabe escrever. Que eu consiga usar do meu privilégio pro meu pai não precisar passar por esse tipo de piada. To cansada já tá na hora de vocês aceitarem que nem todo mundo tem as mesmas oportunidades.















Dura lex sed latex*

Planeta Marte, 63 de Hydref do Ano Delta de Log

Prezado Monsenhor Csaló et Caterva et Cætera
Mui Dogno Gilposta
República dos 'yan fashi tropicais

Conforme solicitado pelo vosso xansseler Cer Rá de Nilfgaard, segue em anexo todo o nosso programa de adesão ao estímulo tangencial de crescimento descendente ao qual estamos engajados pelo desejo concreto do Feitiço dos Áquilas, Sioux e Comanches, fieis na luta contra os maus, os ruins e os piores. Garanto que pode copiar, aprimorar, melhorar e até dizer que é seu, pois o importante é importar, e importar é o que importa.

Agradeço imensamente a visita do seu xansseler e trupe no nosso planeta, cuja despedida foi esfuziante, com direitos a línguas e mãos em frenesi, mas talvez, parece, sem querer, na confusão das malas, molas e meias, levaram algumas coisas que por descuido, não lhes pertencem, e que gostaríamos de ter de volta, assim que ler esta carta.

Aqui em Marte, como vosso emissário pode verificar in loco,  estamos fazendo amplas e profundas reformas que modernizarão de vez por todas a nossa distinta classe marciana. Abaixo cito alguns dos pequenos avanços sociais que estamos desprendendo, com amplo apoio da sociedade ... sociedade ..., bem isto não vem ao acaso, temos amplo apoio, e o resto não interessa:

1 - Assistência social - Daqui prá frente tudo vai ser diferente e pobre tem que aprender a ser gente pela meritocracia. Marte é grande, em se plantando tudo dá, tem rios, peixes, lagos e ar livre. Então que busquem nos seus conhecimentos primitivos a sobrevivência apenas na natureza, por que quem sempre paga o pato são os bons, os ricos e os humildes senhores do engenho (de dentro e de fora). Desta forma, em pouco tempo apenas os fortes sobreviverão, fortalecendo assim a nossa crença marwiniana de mudar esta raça para sempre permanecerem mudos, surdos e cegos - por que, vou te falar um negócio - que raça chata.

2 - Educação - Nossos índices de educação nas principais províncias, as mais ricas, as mais honestas, as mais poderosas, estão abaixo do desejado, apesar do grande esforço dos governadores locais em acabar com pobres, amarelos e vermelhos nas escolas públicas, pelo programa Menos Merenda e Mais Merengue. Como solução vamos acabar com o ensino médio e oferecer material didático do ensino pré-mental com opções de escolha para a cor do lápis. Assim os índices sobem e quero ver aqueles mequetrefes e aquelas enjoadas das pedagogas que se acham, falarem alguma coisa.

No âmbito federal - Nosso Departamento de Propaganda criou a máxima "Só aos bons cabe o saber". Fechamos tudo, afinal os maus, os ruins e os piores estavam na sua ampla maioria acomodados nas nossas custas, justo nós, os bons!

3 - Saúde - Aqui em Marte, mais uma vez nosso departamento de propaganda fascimarcitana lançou a ideia da Lei do menor esforço e da melhor produção:

"Se você está doente é problema seu. O Estado Marciano decidiu que a vida particular dos outros é dos outros".

4 - Indústrias de Base - Vamos fechar todas. Afinal em Saturno existem excelentes indústrias que podem nos fornecer produtos acabados sem que precisemos fabricar.

5 - Água - A água é nossa, conforme acordo do nosso opíparo congresso. Cada congressista ficou com um lote de nascentes, das quais poderá tirar proveito para sustento da família interna, externa e lateral.

6 - Energia - Bobagem - Luz de velas sempre foi fiel aos nossos preceitos. 

7 - Estado Laico - O Estado é laico, graças aos nobres congressistas que nos mostraram a luz e as vantagens facilitadas de obtermos a salvação glorificada, adquirindo um pedaço da Via Láctea como nosso patrimônio pessoal, dedutível do Imposto de Renda, afinal está escrito - só os ricos herdarão do pai, afinal pobre herda o que, não é mesmo?

Religiosos da qualidade do Missionário Kishili, do Mestre Lub Nroog Yeiuxalees, do Bispo Anniwair e vários outros importantes catequistas, liderados pelo grande, inigualável, super e único Pastor Máximus Cedus, estão eliminando a fé nas falsas profecias, nos falsos profetas e o ateísmo hediondo com a criação do Templo Único da Transformação de Marte.

Aos incautos e incrédulos mostram-lhes a face da luz pela máxima - "Deuses são o que sois, pois dir-lhes-ei e transforma-se-ão, então di-lo-á e fa-lo-ei aos bons, só e somente só aos homens de bem"

Este lema do Templo foi revelado ao então pagão e nômade Mínimus Tardio, que no momento da aparição foi batizado, iluminado, enriquecido, banhado em ouro e transformado no Líder Máximus Cedus, por um anjo da Constelação de Hydrus, acompanhado de uma anja da Constelação de Hydra.

O Líder traduziu a união do anjo com a anja, como o início de uma nova era, onde Hydra é a Cobra Fêmea e Hydrus a Cobra macho. Desta visão messiânica advém o simbólico da nova espiritualidade marciana, onde cobra engole cobra e quem sobrevive é foda.

8 - Trabalho - Que que tem? Negociação direta, olho no olho. Quer trabalhar aqui em Marte? Tem que dar o que eu quero e ganhar o que eu pago. Tem nada disto de intermediários. Tudo muito claro, às vistas da tênue luz de Madame Bachwr, a nossa Ministra  Blassé da Integração Social.

9 - Previdência - Papai já dizia - seja previdente. Se não o foi, azar o seu, por que o meu já está garantido.

10 - Minorias, mulheres, nativos e outros chatos - Olha só,  Monsenhor Csaló, minoria é o que é - minoria, então que se danem. Enfim, dura lex sed latex.

É isto aí!

* É de Fernando Sabino a frase:
 “Para os pobres, é dura lex, sed lex. A lei é dura, mas é a lei.
Para os ricos, é dura lex, sed latex. A lei é dura, mas estica”


quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Canalhas

Canalhas
Canalhas Canalhas
Canalhas Canalhas Canalhas
Canalhas Canalhas Canalhas Canalhas
Canalhas Canalhas Canalhas Canalhas Canalhas
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Canalhas Canalhas Canalhas 
Canalhas Canalhas 
Canalhas 





Canalhas

Canalhas
Canalhas Canalhas
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Canalhas Canalhas 
Canalhas 





terça-feira, 20 de setembro de 2016

Pão com queijo ou pão de queijo?

Resultado de imagem para pão de queijo

No Reino da Pitangueira o famoso Pão de Queijo da Pitangueira tem queijo e deve ser acompanhado de um café muito bom demais da conta.

Como é um prato requintado da nossa culinária, demora um pouco mais do que estes congelados que dissolvem na sua mesa, têm aspecto de borracha e endurecem em minutos após esfriarem.

Vamos lá - leva uns 40 minutos, ok?

Primeiro de tudo, lave as mãos, e por favor, nunca, jamais, em tempo algum enxugue suas mãozinhas supostamente limpas no famoso pano de prato pendurado em algum lugar estratégico da cozinha - aliás, aquele pano de prato deveria ser trocado pelo menos uma vez ao dia - todo dia.

Falando em lavar as mãos, já lavou a sua caixa d'água este ano? Como a qualidade da água que você recebe - e paga caro por isto - pode e deve ser questionada (sempre), não custa nada tomar medidas profiláticas. Sabe aquela dor de cabeça crônica? aquela cólica chata? aquela diarreia que só aparece nas segundas feiras (afinal você ficou em casa todo o final de semana)? aquela coceira irritante nas partes púbicas? aquele cheiro intenso nas axilas que apareceu recentemente? aquela coceira capilar? a cólica menstrual que aumentou demais da conta? a menstruação que está desregulada? Pois é, você tem duas medidas simples que podem eliminar grande parte destas coisas:

Medida 1 - Lave a sua caixa d'água 2 vezes/ano e tampe bem tampada. Nunca deixe a sua caixa exposta ao sol. Humm, entendo - ela foi colocada por último. Coloca uma lona em cima dela - é feio mas tá pago.

Medida 2 - Coloque um filtro industrial antes da caixa d'água ou após o hidrômetro, o que for mais fácil e mantenha ele em constante operação de limpeza. (Eu tenho três filtros seriais - um de areia, um de celulose e um de cerâmica - e garanto - é um horror o que vejo impregnado neles).

Antes de prosseguir - a água que você consome é de refrigerador externo ou fica em vasilhas na geladeira? No caso do refrigerador/bebedouro externo, troque a vela de 6/6 meses e no caso de recipientes de água na geladeira, lave com água e sabão pelo menos uma vez por semana.

Ah! Você prefere água mineral? Não há nenhuma garantia de que aquela água em delicados frascos azuis sejam puras, aliás, isto é impossível. Além disto, lacres vão e vem, e águas são águas, se é que você me entende. Além disto, vamos considerar que a água que você comprou naquele lindo garrafão, veio diretamente de uma fonte autorizada, mas você não quer nem saber que o galão já passou por hospitais, presídios, fábricas, comércio, escolas, creches, casas, condomínios, etc, está ali, cheio de ranhuras externas visíveis e internas quase invisíveis e você ali, jurando que tudo isto é normal, que não tem preconceito de bactérias e outros bichos aquáticos. Neurótico, eu? Não, mas água é o maior veículo de transmissão de doenças do mundo.

Ainda falando dos galões, quantas vezes você já desmontou e limpou com álcool 70° a parte interna do seu bebedouro/refrigerador? Nunca? Parabéns, você é um dos grandes veiculadores de enfermidades na sua casa. Mas espera aí, eu faço isto sim  e uso álcool absoluto, ou então álcool de cereais, então eu sou phoda - rá-rá-rá ... pois é, com álcool absoluto e/ou álcool de cereais, a única coisa que você consegue é alcoolizar as algas, bactérias e outros bichos que por ali passam o verão.

A única concentração de álcool capaz de destruir estes seres microscópicos é o álcool 70°, que sai bem mais barato do que analgésicos, antibióticos, e outras drogas legais que temos por aí. Compre um litro numa farmácia de manipulação - o prazo de validade é indefinido, portanto, use e abuse.

Voltando ao tema, além da sua arte culinária, este pão de queijo consome apenas três ingredientes, e dá aí uns 20 a 25 pãezinhos, dependendo da sua vontade por maiores ou menores.

Ingredientes para o Pão de Queijo da Pitangueira:


1 caixinha de creme de leite (200 ml)


Atenção, presta muita atenção, por que depois vai ficar falando que leu a receita aqui, que deu tudo errado, que não era nada disto, etc e tal. Por que tem que ser o Creme de Leite de caixinha? Eu sou do tipo que só usa Creme de Leite fresco (eita - mas que coisa, hem!) ou então do da lata. Pois é ...

Saiba que o Creme de leite fresco é o creme de leite que compramos em garrafa e fica na parte de laticínios dos supermercados e padarias (refrigeradores). Deve ser mantido obrigatoriamente sob refrigeração, é o responsável pelo verdadeiro chantilly (basta batê-lo com uma batedeira até ficar espesso, mas cuidado para não bater demais de virar manteiga!).

É um creme com maior teor de gordura (cerca de 35%)  e quanto mais branco o creme, maior o teor de gordura e melhor sua qualidade. Pode ir ao fogo sem problemas, pois não irá talhar, podendo ser fervido. Não pode ser substituído pelo creme de leite de caixinha, pois o fresco pode ser fervido e reduzido sem alterar suas características, enquanto o de caixinha irá talhar ao ser fervido.

Creme de leite de caixinha: Muito comum de ser encontrado, normalmente possui cerca de 25% de gordura. É o ideal para ganaches, caldas, pudim, molhos, sobremesas, porém não pode ser fervido, senão irá talhar. É conhecido também como cream, single cream (inglês), crème liquide (francês), panna (italiano) ou natas (em Portugal). Após abrir a caixinha, guarde na geladeira, de preferência em outro recipiente tampado.

Creme de leite de lata: Possui normalmente a mesma quantidade de gordura (cerca de 25%) que o creme de leite de caixinha, porém vem com o soro separado e normalmente é menos encorpado. Na hora de utilizar uma receita, a menos que esta peça para separar o creme de leite do soro, misture o conteúdo com uma colher e utilize por completo o conteúdo da lata. Após abrir a lata e não utilizar todo o conteúdo retire da lata, e guarde na geladeira num pote fechado.

Se você for destes radicais, que só fuma, digo, só usa do da lata, o creme de leite de lata pode até ser usado, mas você aí terá que colocar o soro que está sobrando na lata, sem misturar com o dedo, cabo de faca, e outras coisas estranhas com as quais acha que faz bem, em um copo, e num outro recipiente (limpo) que pode ser outro copo, enfim tira o soro e separa 200 mL do que ficar na lata.

2 - 250 mL de queijo ralado - pode ser parmesão + mussarela 

Mas como eu em mim farei 250 mL de queijo ralado?
Duas opções:
Opção A - Chame o Chapolin Colorado
Opção B - Pegue um Copo Medidor e vai despejando o queijo ralado até atingir o Volume de 250 mL marcado no Copo Medidor.


3 - 250 mL de polvilho 


Pode ser o Polvilho doce? Pode!!!
Pode ser o Polvilho Azedo? Poooodeee!!!
Pode ser com os dois? Acho que não.
Pode ser o Polvilho Antisséptico Granado? Não, né, mané!

Modo de preparo:

Num recipiente de vidro, limpo e lavado, coloque o Creme de Leite de Caixinha (200 mL).

Pode colocar, eu espero.

Colocou? Muito bem.

Vá misturando o queijo ralado ao Creme de Leite até ficar homogênea a mistura.

Ho mo gê nea ... isto, é uma coisa onde tudo é igual.

Vá colocando o Polviho (pode ser doce ou azedo) e fazendo a massa com as suas mãos limpas, lavadas e prontas para uso doméstico. Ao findar o Polvilho, continue amassando (pegando na massa - amassar), até que ela não fixe mais na sua mão. Caso seu polvilho seja daqueles batizados com outras coisas, ou mesmo vencido, poderá não atingir este ponto com os 250 mL, então deverá ir bem devagar, polvilhando e amassando até chegar a este ponto de massa que possa ser enrolada para fazer as bolinhas de pão de queijo.

Faça as bolinhas, do tamanho que desejar - lembre-se, se forem muiito pequenas não ficará legal.

Dicas hipertensas, malaguentas e outras:

Se achar necessário, acrescente sal à massa antes de formatar os bolinhos que serão o seu pão de queijo. Mas é pouco sal.

Se achar necessário, pode colocar uma pimenta malagueta ralada, bem triturada, bem picadinha mesmo, à massa.

Se achar necessário, pode colocar ervas finas, desde que bem trituradas, ultra-finas, à massa, antes de fazer os bolinhos.

Se achar necessário, pode acrescentar orégano (triturado, bem triturado)

Se achar necessário, pode acrescentar presunto, bem ralado à massa.

Se achar necessário, pode colocar amêndoas, nozes, etc.

Coloque em forma (untada ou não) e asse em forno pre-aquecido bem quente

Você poderá untar com manteiga (de preferência) a forma e polvilhar com farinha de trigo.

Experiências aqui e ali afirmam que para dar um tique caipira, a farinha de trigo pode ser substituída por fubá de milho.

Outras experiências, para chocólatras, permitem que você polvilhe a forma untada com uma mistura de farinha de trigo e um pouquinho de chocolate em pó.

Os dependentes de açúcar poderão forrar o fundo da forma com papel manteiga, polvilhar açúcar no lugar da farinha para obter uma casquinha crocante nas laterais e no fundo. Mas não exagere que o açúcar derrete e pode queimar.

Alguns colocam goiabada como recheio, outros colocam geleia de laranja, enfim, faça o seu recheio, o Pão de Queijo aceita quase tudo.

Asse até ficarem douradinhos levemente.

Bom Pão de Queijo!






















sexta-feira, 16 de setembro de 2016

O capitalismo ideal golpista & cia

Alto lá, ó gajo!

Este texto abaixo, no original, não é meu.

Copiei e colei de um Blog português, de Portugal, ora pois!

Confesso por delação premiada que adaptei ao modelo Tabajara do Pindorama Tropical.

http://humordobaninha.blogspot.com.br/










CAPITALISMO IDEAL


Você tem duas vacas. Vende uma e compra um boi. Eles multiplicam-se, e a economia cresce. Você vende a manada e aposenta-se. Fica rico! 





CAPITALISMO AMERICANO 


Você tem duas vacas. Vende uma e força a outra a produzir o leite de quatro vacas. Fica surpreso quando ela morre. 





CAPITALISMO JAPONÊS


Você tem duas vacas. Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite. Depois cria desenhinhos de vacas chamados Vaquimon e vende-os para o mundo inteiro.





CAPITALISMO BRITÂNICO 


Você tem duas vacas. As duas são loucas. 





CAPITALISMO HOLANDÊS


Você tem duas vacas. Elas vivem juntas, em união de fato, não gostam de bois e tudo bem. 





CAPITALISMO ALEMÃO


Você tem duas vacas. Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecido, de forma precisa e lucrativa. Mas o que você queria mesmo era criar porcos. 





CAPITALISMO RUSSO


Você tem duas vacas. Conta-as e vê que tem cinco. Conta de novo e vê que tem 42. Conta de novo e vê que tem 12 vacas. Você pára de contar e abre outra garrafa de vodca. 





CAPITALISMO SUÍÇO 


Você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua. Você cobra para guardar as vacas dos outros. 





CAPITALISMO ESPANHOL


Você tem muito orgulho de ter duas vacas.





CAPITALISMO ARGENTINO 


Você tem duas vacas. Ensina uma a jogar futebol e depois exporta para a Seleção Espanhola ... 





CAPITALISMO HINDU


Você tem duas vacas. Ai de quem tocar nelas. 





CAPITALISMO TABAJARA


Você tem duas vacas. Foram compradas através do Fundo Social da Fraternidade Sacra e Casta do Golpe Tabajara. O governo interino et caterva, com orgasmos múltiplos pelo playboy do leblon, cria então o IVVA - Imposto de Valor Vacuum Acrescentado.



Mas, conforme consta nos anexos do contrato, artigo 25.645, parágrafo 12.378, alínea Z-A-D, quando ocorrer concomitantemente a queda do dólar, com o aumento dos custos ocultos da boboiocê, inflação acima de 0,0001 %, além do agravante da falência da previdência pelo altíssimo custo social do salário do Seu Zezinho, zelador do Palácio, você terá que vender uma vaca para pagar o imposto.



Um fiscal da receita randômica do interino menor (sempre eles) vem e multa-o, porque embora você tenha pago corretamente o IVVA, o valor, segundo o artigo 32.648, parágrafo único, alínea G, era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais (sem provas, mas com convicção), além disto, você não tinha autorização para vender o que não era seu, conforme lei jabuti incluída ainda na PL, aprovada pela liderança da casa, sobre Casamento Casto de Virgens Escolhidas pelo Senhor para Reproduzirem Patriotas Bons, do senador heteroclasta e líder espiritual Fulano Mona.



 O Ministério das Coisas Sinistras, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro, botões, presume que você tenha 200 vacas. Para se livrar do castigo imposto, facilitado pela delação premiada na ópera do arame farpado feita pelo Manezinho Biotônico Rolidei Onaice, você devolve a sua outra vaca ao Fundo e hipoteca sua casa por mais trinta anos para pagar o saldo devedor.



É isto aí!

O capitalismo ideal golpista & cia

Alto lá, ó gajo!
Este texto abaixo, no original, não é meu.
Copiei e colei de um Blog português, de Portugal, ora pois!
Confesso por delação premiada que adaptei ao modelo Tabajara do Pindorama Tropical.
http://humordobaninha.blogspot.com.br/



CAPITALISMO IDEAL
Você tem duas vacas. Vende uma e compra um boi. Eles multiplicam-se, e a economia cresce. Você vende a manada e aposenta-se. Fica rico! 

CAPITALISMO AMERICANO 
Você tem duas vacas. Vende uma e força a outra a produzir o leite de quatro vacas. Fica surpreso quando ela morre. 

CAPITALISMO JAPONÊS
Você tem duas vacas. Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite. Depois cria desenhinhos de vacas chamados Vaquimon e vende-os para o mundo inteiro.

CAPITALISMO BRITÂNICO 
Você tem duas vacas. As duas são loucas. 

CAPITALISMO HOLANDÊS
Você tem duas vacas. Elas vivem juntas, em união de fato, não gostam de bois e tudo bem. 

CAPITALISMO ALEMÃO
Você tem duas vacas. Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecido, de forma precisa e lucrativa. Mas o que você queria mesmo era criar porcos. 

CAPITALISMO RUSSO
Você tem duas vacas. Conta-as e vê que tem cinco. Conta de novo e vê que tem 42. Conta de novo e vê que tem 12 vacas. Você pára de contar e abre outra garrafa de vodca. 

CAPITALISMO SUÍÇO 
Você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua. Você cobra para guardar as vacas dos outros. 

CAPITALISMO ESPANHOL
Você tem muito orgulho de ter duas vacas.

CAPITALISMO ARGENTINO 
Você tem duas vacas. Ensina uma a jogar futebol e depois exporta para a Seleção Espanhola ... 

CAPITALISMO HINDU
Você tem duas vacas. Ai de quem tocar nelas. 

CAPITALISMO TABAJARA
Você tem duas vacas. Foram compradas através do Fundo Social da Fraternidade Sacra e Casta do Golpe Tabajara. O governo interino et caterva, com orgasmos múltiplos pelo playboy do leblon, cria então o IVVA - Imposto de Valor Vacuum Acrescentado.

Mas, conforme consta nos anexos do contrato, artigo 25.645, parágrafo 12.378, alínea Z-A-D, quando ocorrer concomitantemente a queda do dólar, com o aumento dos custos ocultos da boboiocê, inflação acima de 0,0001 %, além do agravante da falência da previdência pelo altíssimo custo social do salário do Seu Zezinho, zelador do Palácio, você terá que vender uma vaca para pagar o imposto.

Um fiscal da receita randômica do interino menor (sempre eles) vem e multa-o, porque embora você tenha pago corretamente o IVVA, o valor, segundo o artigo 32.648, parágrafo único, alínea G, era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais (sem provas, mas com convicção), além disto, você não tinha autorização para vender o que não era seu, conforme lei jabuti incluída ainda na PL, aprovada pela liderança da casa, sobre Casamento Casto de Virgens Escolhidas pelo Senhor para Reproduzirem Patriotas Bons, do senador heteroclasta e líder espiritual Fulano Mona.

 O Ministério das Coisas Sinistras, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro, botões, presume que você tenha 200 vacas. Para se livrar do castigo imposto, facilitado pela delação premiada na ópera do arame farpado feita pelo Manezinho Biotônico Rolidei Onaice, você devolve a sua outra vaca ao Fundo e hipoteca sua casa por mais trinta anos para pagar o saldo devedor.

É isto aí!

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Eu só queria ver, abraçar e beijar e tocar meu bem (poemeu)




Dezessete e trinta,
faltam poucos minutos
Dezessete e trinta e oito,
quase lá
Dezessete e quarenta e três,
pouco pouco
Dezessete e cinquenta e oito,
vai, passa
Dezoito horas ...
é agora!!

Bater o ponto,
trocar de roupa,
descer as escadarias
E ver, abraçar
e beijar e tocar
meu bem

Passou pela portaria
rapidamente,
quase correndo
O segurança cerca
- pressa tem cheiro de furto

Pensou nos políticos
golpistas
que não
têm pressa
têm apreço
ao preço

Pensou na lista
dos ratos
portuários
estatutários
salafrários
e amoralistas
que não
têm pressa
têm adereços

Lembrou
dos agentes
passivos e ativos
da corrupção
endêmica
podres
e ricos
rindo da desgraça
da choldra
anêmica

E só
a sua pressa
tinha cheiro
de furto

Na ideologia
cínica
sempre cabe
primeiro
a convicção
medíocre
depois o luto

Mas tinha pressa
e empurrou o homem
Então
vários outros,
armados de lápis,
canetas e lcds
feito gatos selvagens
o imobilizaram

Qual é a pressa,
bandido
(agora já era bandido)
Fala
safado
(agora já era safado)

Tomou
um violento
golpe
no abdome (doeu)

Tomou
duas pancadas
de bastão
nas pernas (gemeu)

Tomou um,
dois,
vários
golpes
no corpo nu
(tudo escureceu)

Vinte e duas e dezoito
morreu
num beco imundo
do capital cogente
da capital indigente.

Nunca mais
meu bem
outra vez
seu bem
outra vez

sou só
e mais um
corpo morto
gauche,
pobre e torto
num estado falido
decompondo-se
em rigidez.

É isto aí!



quarta-feira, 14 de setembro de 2016

A Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade





Publicado em 1945, A Rosa do Povo é a mais extensa obra do Carlos Drummond de Andrade, sendo composta por 55 poemas É também a primeira obra madura e a de maior expressão do lirismo social e modernista. É o seu livro politicamente mais explícito, escrito entre 1943 e 1945. É um poderoso olhar sobre a Segunda Guerra, a cisão ideológica, a vida nas cidades, o amor e a morte. Tudo isso é observado a partir daquela que então era a capital do país (cidade do Rio de Janeiro, capital da Guanabara).

Abaixo publicamos um dos poemas do livro: A flor e a náusea, que representa a explosão revoltada do indivíduo diante do mundo em que vive ao mesmo tempo em que mostra a esperança quando do aparecimento de uma flor que perturba.
 
A flor e a náusea (Carlos Drummond de Andrade)

Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

A Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade



Publicado em 1945, A Rosa do Povo é a mais extensa obra do Carlos Drummond de Andrade, sendo composta por 55 poemas É também a primeira obra madura e a de maior expressão do lirismo social e modernista. É o seu livro politicamente mais explícito, escrito entre 1943 e 1945. É um poderoso olhar sobre a Segunda Guerra, a cisão ideológica, a vida nas cidades, o amor e a morte. Tudo isso é observado a partir daquela que então era a capital do país (cidade do Rio de Janeiro, capital da Guanabara).

Abaixo publicamos um dos poemas do livro: A flor e a náusea, que representa a explosão revoltada do indivíduo diante do mundo em que vive ao mesmo tempo em que mostra a esperança quando do aparecimento de uma flor que perturba.
 
A flor e a náusea (Carlos Drummond de Andrade)

Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

O fato

O fato é que estamos testemunhando a página mais triste da história deste país desde 1500, onde nativos estão destruindo todo o país para agradar a alguém, num mancomunado patricídio.



Quem sobreviver ao holocausto que se desenha na sina golpista, verá e não poderá dizer nada, pois nada mais poderá ser dito.



Leia a carta de Eugenio Aragão ao PGR:



http://www.marceloauler.com.br/de-eugenio-aragao-a-rodrigo-janot-amigo-nao-trai-amigo-e-critico-sem-machucar-amigo-e-solidario/

O fato

O fato é que estamos testemunhando a página mais triste da história deste país desde 1500, onde nativos estão destruindo todo o país para agradar a alguém, num mancomunado patricídio.

Quem sobreviver ao holocausto que se desenha na sina golpista, verá e não poderá dizer nada, pois nada mais poderá ser dito.

Leia a carta de Eugenio Aragão ao PGR:

http://www.marceloauler.com.br/de-eugenio-aragao-a-rodrigo-janot-amigo-nao-trai-amigo-e-critico-sem-machucar-amigo-e-solidario/

domingo, 11 de setembro de 2016

Sermão do dia - Leitura da Verdade

Caríssimos, hoje vamos falar sobre o que é a verdade. Afinal, como sabemos se algo é verdadeiro? Vocês teriam como me provar que a verdade existe?

 - Eu!! Aqui, na lateral esquerda.

 - Muito bem, vamos ouvir a moça de azul. Qual o seu nome, mocinha?

- Benedita Benevides Beneplácita, e eu tenho uma verdade.

- Pois não, pode falar.

- A felicidade não existe!

- Eu quero falar também.

- Eu quem?

- Eu, aqui no fundo.

- Muito bem, vamos escutar o rapaz de terno vinho ao fundo. Qual o seu nome, rapaz?

- Eubasídio do Micélio Diplóide, e eu tenho outra verdade.

- Diga, queremos saber a sua verdade.

- A verdadeira amizade sempre tem segundas intenções.

- Eu gostaria de falar outra verdade.

- Pois não, Benedita - pode falar.

- As segundas intenções são o que de melhor há em nossos desejos.

- Eu preciso dizer uma verdade para a .., digo, para o mundo.

- Fale, Eubasídio.

- Nossos desejos sempre passam.

- Desculpe, mas eu tenho que fazer uma revelação da verdade.

- Por favor, Benedita.

- Tudo passa, menos a canalhice que é para sempre.

- Olha, a verdade tem que ser dita.

- Então fale, Eubasídio.

- Nenhuma paixão é santa.

- Senhor, senhor, deixa eu falar só mais uma verdade.

- Sim, Benedita, fale.

- Eu estou grávida.

- (Silêncio total) ...

- Por favor, deixa eu completar meu raciocínio.

- Perfeitamente, Eubasídio.

- A verdade é que aí fodeu de vez!

É isto aí!