segunda-feira, 28 de março de 2016

Pães e Brioches

Abrem-se as cortinas do espetáculo, senhoras e senhores. daqui a poucos minutos será dada a partida do maior jogo da história. De um lado o time AB e do outro o time CD. Algum comentário antes da peleja, Antônio Carlos?

- Bem, Herculano, aqui em baixo tem uma discussão na mesa, pois o Juiz está com a mesma roupa do time AB, o que pode gerar certa confusão. O técnico e o capitão do CD estão exigindo o cumprimento da regra.

- Tem isto na regra, Lázaro Otávio?

- Olha, Herculano, a regra é clara até certo ponto, daí prá frente as coisas ficam meio confusas, pois são os times é que têm que ter uniformes diferentes, já o juiz ...

- Começou o quebra-pau aqui na mesa, Herculano. O bandeirinha da direita e os promotores desta final eletrizante tomaram as dores do juiz e partiram para cima do técnico do CD com porretes e pedras. A situação está tensa. A polícia foi chamada para intervir e neste momento está espancando e imobilizando ...

- Todo mundo, Antônio Carlos?

- Não, Herculano, só o time CD. Caramba, como batem, e os promotores do evento, junto com o juiz, neste momento, tiram selfie com a polícia e o capitão do AB.

- Pode isto, Lázaro Otávio?

- Veja bem Herculano, não há na regra nenhum impedimento a um comportamento ostensivo sobre uma das partes, se a outra parte sentir-se ameaçada.

- Mas, Herculano, o time do CD não ameaçou ninguém ...

- Porém, Antônio Carlos, tem aquele negócio de ter dado pedaladas enquanto goleava o AB no jogo passado. Isto pesou muito. Imagine só, não bastasse a vitória, ainda por cima com gritos de olé e pedaladas. Concorda com isto, Lázaro Otávio?

- Então, Herculano, fui juiz por muitos anos e agora na posição de comentarista dos juízes começo a achar que estão sem argumentos para ganhar no grito.

- Herculano, Herculano ...

- Fala Antônio Carlos, o microfone está aberto, pode falar ...

- Grampearam todo mundo do CD, e também o bandeirinha da esquerda. Ei, espera aí, eu sou repórter de campo, esperem, esperem, Herculano, estão me grampeando também .. ai, para, ai, está doendo, para ...

É isto aí!


sexta-feira, 25 de março de 2016

Ladrão de lagosta

Zé Bolacha era jardineiro de grã-fino e nos finais de semana vendia picolé na praça. Um dia acordou achando que ser ladrão devia ser bom, pois amigos da comunidade conseguiram algum sucesso no mundo consumista ao adquirirem coisas que não pagaria jamais. 

É bem verdade que praticamente todos tornaram-se hóspedes de instituições governamentais com direito a quarto, cama, banheiro, duas refeições e dois lanches por dia, além de outras vantagens. Até esta situação propiciava um avanço social, da tapera sem guarida ao concreto com segurança, digamos assim.

Passou numa loja e adquiriu máscara ninja e luvas e seguiu para cuidar do jardim de um pessoal da ala dos bacanas. Ficou o dia todo cuidando das rosas, dos lírios, das hortênsias, podou a grama, revirou o esterco novo, aguou as plantas da estufa e na hora de sair, escondeu-se na despensa, onde acabou dormindo.

Acordou assustadíssimo e custou a se situar. Antes de praticar o furto, a fome roncou no estalo e nem percebeu a chegada de alguém. Flagrado pela dona da casa na cozinha jantando a lagosta que seria do marido, não teve outro recurso a não ser o silêncio. Olhou meio que sem graça para a madame, que tinha ar de diva misturado com luxo, trajando um elegante robe de mangas compridas sobre uma impecável camisola de seda pura com aplicações de renda, toda em tons claros, sexy, com decote generoso, fendas sensuais e transparência elegante.

- Aceita um vinho? Perguntou delicadamente ao assustado intruso.

- Sim, claro, mas posso saber qual a senhora tem?

- Interessante isto, achei que ladrão aceitaria qualquer coisa.

- Sim, aceito tudo, mas vinho é uma coisa muito pessoal, e sua lagosta está divina. Em função disto, vale a pena enfatizar que neste caso prefiro um branco seco.

- Humm, posso saber a razão desta escolha?

- Bem, os frutos do mar e o vinho tinto não se dão bem. O principal responsável pelo desentendimento é o iodo. Peixes e, principalmente, frutos do mar são ricos em iodo e esse elemento, em contato com os taninos do vinho tinto, causa uma sensação de sabor metalizado na boca que considero ser bastante desagradável.

- Interessante, nesta caso posso sugerir um Côte de Beaune?

- Se não se importa, prefiro um mais encorpado, como um Châteauneuf-du-Pape branco, visto que esta lagosta, apesar de deliciosa, está bem simples, acompanhada só de uma salada.

- Uau, sabia que você está me encantando. Posso colocar uma música para dançarmos?

- Olha aqui dona Irene, eu não sei dançar.

- Espera, como sabe meu nome? Esta voz, já sei, você é o jardineiro. Ai, eu me rendo, pode fazer o que quiser comigo. Eu não tenho como resistir aos seus músculos, à sua virilidade, meu deusdocéu, serei violentada dentro de casa, eu nunca imaginei que um dia isto iria acontecer, aimeudeus, aimeudeus ...

- Calma, dona Irene, calma. Posso fazer qualquer coisa mesmo?

- Sim, mas seja rápido, pois sei que isto me fará sofrer profundamente e me custará horas de análise.

- Bem, neste caso, sabe, é que minha mulher nunca viu lagosta na vida dela. Será que eu posso levar este prato num marmitex para comer em casa?

- Tudo bem, eu até vou permitir isto, mas tem uma condição - primeiro você vai ter que comer a que já começou tec tec tec ...

É isto aí!

quinta-feira, 24 de março de 2016

Cartas à mamãe

Querida mamãe,

Cheguei bem - tio Pascoalino veio me buscar na estação ferroviária. A viagem foi ótima. Conheci uma moça, que sentou ao meu lado. Muito bonita, muito simpática. Conversamos e rimos muito. Ela falou que nasceu na nossa cidade, veja só isto mamãe, e que mudou ainda pequena para uma cidade vizinha e hoje residem aqui na capital. Puxa, mamãe, como ela é bonita.

Querido Afonsinho,

Que bom que chegou bem. Entregou o bordado à sua tia e falou que fui eu mesma quem bordou? E Pascoalino? Está bebendo muito ainda? Não o acompanhe na bebida, meu filho. E percebi que você não falou nada sobre seu primo, o Agenorzinho. Acho ele tão educado, este sim poderá ser um grande companheiro seu na capital. Deus te abençoe, e lembre-se, sua pobre e frágil mãezinha, apesar da osteoporose, das dores reumáticas, da hipertensão, da gastrite e da asma, está bem - digo isto por que você sequer perguntou por minha saúde na sua carta. Beijos, mamãe. (PS - cuidado com as vadias)

Querida mamãe,

Hoje foi um dia fantástico. Foi o meu primeiro dia de aula na universidade. Puxa vida, mamãe, a senhora deveria estar aqui. É tudo tão bonito, as pessoas são tão felizes. Tem biblioteca, refeitório, campos de futebol, quadras poliesportivas, piscina olímpica, etc. E as aulas? Nossa!!! - professores fantásticos. Uns são mestres e a maioria é composta de doutores. Veja só, mamãe, o seu Afonsinho tendo aula com doutores. Sabe aquela menina do trem? Que emoção! Encontrei com ela no campus. Mamãe, ela é linda. E sabia que está no segundo ano do meu curso? É que como sou fora de faixa, acabei ficando um ano para trás. Acho que a senhora deverá se lembrar dos pais dela, ele se chama Zé Lindolfo e a mãe Carmelinda.

Querido Afonsinho,

Graças a Deus e às orações sagradas de sua mãe que todos os dias, de joelhos, suplica aos céus pela sua segurança, você está bem. Meu coração se alegra com esta notícia. Se seu pai estivesse ainda entre nós, com certeza estaria dando pulos de alegria, afinal daqui a poucos anos será um profissional tal qual ele foi. Meu filho, cuidado com a friagem, alimente-se bem, Obedeça à sua tia e não saia pelas noites. Evite as más companhias. Afonsinho, já és um rapazinho e sabe distinguir uma moça de família de uma rameira de baixa qualificação social. Cuidado, meu filho, afaste-se das moças de mães vadias, se é que me entende.

Querida mamãe,

 Fiz excelentes provas e as notas foram as maiores da minha turma. Estou cada vez mais encantado em seguir os passos do papai. Ontem percorri as galerias de formandos e vi a foto da turma dele. Não consegui encontrá-lo no meio de tanta gente parecida, até mesmo por que me lembro muito pouco dele, mas sei que estava lá, me observando, pude sentir isto. Sabe, mamãe, chorei muito com aquele encontro com a nossa história. Ainda bem que estava com a Denise, lembra dela? A do trem. Ela me entendeu e me confortou num abraço tão solidário, que desejei ser dela pela vida toda. Acho que estou apaixonado, mamãe.

Afonsinho,

Estou chegando na capital no dia 15, e iremos conversar sobre morarmos juntos. E farei com que você se esqueça de vez das raparigas vadias, filhas de barranqueiras caipiras, que migraram para a capital feito cabritas alpinistas de status social.

Mamãe,

Pode vir, será bem vinda, mas quanto a morarmos juntos, não vai dar. Estou namorando sério com a Denise e o pai dela, que se mostrou um tanto entusiasmado com o nosso relacionamento, quer que a gente se case e moremos na casa dele, que é muito grande. Lá tem um segundo andar muito aconchegante, com entrada independente, que será nosso lar..

Afonsinho,

Você não é mais meu filho e eu não sou mais sua mãe. Estou morta. Entendeu? Eu, sua mãe, estou morta para você. Nem tente vir aqui procurar pelo meu corpo, pois estará na vala dos comuns que sofrem pela perda dos que não a amam. Nem tente me escrever mais, nem ligue para a dona Genoveva e deixe recado e nem sei mais o que falar. Tomara que você pegue sífilis, blenorragia, candidíase, uretrite, cistite e que seja infeliz com esta quenga filha de uma rapariga maledicente. E lembre-se de que mamãe te amou mesmo assim, mas já estou morta, mortinha, sem ter o que fazer com o corpo e o meu coração deixo para as pesquisas científicas onde poderão constatar o quanto sofri e amei você - adeus. (PS não esqueça do meu aniversário no dia 28 de abril, e faz o favor de vir sozinho, bem como no Natal.) 

É isto aí!

quarta-feira, 23 de março de 2016

A Eva VIII




Não basta vir aqui na igreja e proclamar a sua fé, não irmão, não basta.


Todos - Amém, aleluia, amém!!!


Coral das virgens entra com uma hino de louvor





Hoje, ao amanhecer, ainda no monte santo, eu vi uma luz!


Amém, aleluia, amém!!!


Coral dos homens de bem entra com uma hino de adoração





Eu vi uma luz - aliás, perdão senhor! perdão, eu pecador vi a luz! Eu vi a luz!


Amém, aleluia, amém!!!


Coral das matriarcas entra com uma hino de graças





E esta luz era uma névoa ardente, incandescente, fluorescente, ascendente, comovente e ali eu vi e soube que era procedente dos céus, sim, dos céus!


Amém, aleluia, amém!!!


Coral das meninas entra com uma hino de anjos





E desta luz saiu uma pessoa, irmãos, saiu uma pessoa, irmãs, que era uma criatura feita à imagem e à semelhança das criaturas do paraíso. Era uma nova Eva, uma nova esperança para a nossa igreja!


Amém, aleluia, amém!!!


Coral dos meninos entra com um hino de proclamação





E esta Eva veio a mim, sem maldade, sem a conotação do pecado carnal. Estava vestida de luz divina e trazia consigo a imagem e semelhança da libertação.


Amém, aleluia, amém!!!


Coral dos ministros da congregação entra com uma hino de libertação





E deus falou ali mesmo para mim - Pastor Crethos Pasmel, esta mulher é para que você gere mais um filho dileto para mim. E eu, na minha humildade perguntei - outro filho, senhor? Como se chamará? E o senhor me respondeu, ele se chamará Fortuna, pois é o que dou aos que me seguem.


Amém, aleluia, amém!!!


Coral dos afortunados entoa o hino de prosperidade.





Eva I, venha aqui, sim, pode subir. Vejam, Eva I, a primeira mulher que o senhor me concedeu, trás consigo a virgem Eva VIII, que nos dará mais um santo. Palmas, irmãos, aleluia, podem proclamar a glória também para a Eva II, a III, a V, a VI e a VII ... como sabem, a Eva IV, segundo profecia por mim proclamada e cumprida, foi tentada pela víbora e traiu o nosso povo.


Amém, aleluia, amém!!!


A assembléia entra com uma hino de louvor





Podem aplaudir, é mais um milagre, irmãos. E graças a este milagre, tudo que colocarem hoje dentro deste envelope que o senhor me entregou na névoa ardente será multiplicado em até trinta dias. Quer ter dois meses de aluguel pagos pelo senhor? Coloque o deste mês aqui. Quer ter dois carros, entregue o seu ao senhor agora, basta assinar a transferência. Quer ter sua vida salva? Faça o seguro do senhor!





Êxtase total!!!





É isto aí!

A Eva VIII

Não basta vir aqui na igreja e proclamar a sua fé, não irmão, não basta.
Todos - Amém, aleluia, amém!!!
Coral das virgens entra com uma hino de louvor

Hoje, ao amanhecer, ainda no monte santo, eu vi uma luz!
Amém, aleluia, amém!!!
Coral dos homens de bem entra com uma hino de adoração

Eu vi uma luz - aliás, perdão senhor! perdão, eu pecador vi a luz! Eu vi a luz!
Amém, aleluia, amém!!!
Coral das matriarcas entra com uma hino de graças

E esta luz era uma névoa ardente, incandescente, fluorescente, ascendente, comovente e ali eu vi e soube que era procedente dos céus, sim, dos céus!
Amém, aleluia, amém!!!
Coral das meninas entra com uma hino de anjos

E desta luz saiu uma pessoa, irmãos, saiu uma pessoa, irmãs, que era uma criatura feita à imagem e à semelhança das criaturas do paraíso. Era uma nova Eva, uma nova esperança para a nossa igreja!
Amém, aleluia, amém!!!
Coral dos meninos entra com um hino de proclamação

E esta Eva veio a mim, sem maldade, sem a conotação do pecado carnal. Estava vestida de luz divina e trazia consigo a imagem e semelhança da libertação.
Amém, aleluia, amém!!!
Coral dos ministros da congregação entra com uma hino de libertação

E deus falou ali mesmo para mim - Pastor Crethos Pasmel, esta mulher é para que você gere mais um filho dileto para mim. E eu, na minha humildade perguntei - outro filho, senhor? Como se chamará? E o senhor me respondeu, ele se chamará Fortuna, pois é o que dou aos que me seguem.
Amém, aleluia, amém!!!
Coral dos afortunados entoa o hino de prosperidade.

Eva I, venha aqui, sim, pode subir. Vejam, Eva I, a primeira mulher que o senhor me concedeu, trás consigo a virgem Eva VIII, que nos dará mais um santo. Palmas, irmãos, aleluia, podem proclamar a glória também para a Eva II, a III, a V, a VI e a VII ... como sabem, a Eva IV, segundo profecia por mim proclamada e cumprida, foi tentada pela víbora e traiu o nosso povo.
Amém, aleluia, amém!!!
A assembléia entra com uma hino de louvor

Podem aplaudir, é mais um milagre, irmãos. E graças a este milagre, tudo que colocarem hoje dentro deste envelope que o senhor me entregou na névoa ardente será multiplicado em até trinta dias. Quer ter dois meses de aluguel pagos pelo senhor? Coloque o deste mês aqui. Quer ter dois carros, entregue o seu ao senhor agora, basta assinar a transferência. Quer ter sua vida salva? Faça o seguro do senhor!

Êxtase total!!!

É isto aí!

terça-feira, 22 de março de 2016

Qualquer coisa

Jura que me ama, jura? Jura? Jura? Vai, jura prá mim, olha nos meus olhos e jura, vai, jura aí ...

Não.

Pelo amor de Deus, por tudo que é mais sagrado, não faz isto comigo. Jura, vai, jura que me ama.

Não.

Não precisa olhar nos meus olhos, então. É só jurar, caramba, não custa nada.

Custa e a resposta é não.

Olha, eu faço qualquer coisa, mas qualquer coisa mesmo, se você jurar. Qualquer coisa.

Sério? Qualquer coisa?

Lógico que não, seu otário... mas jura, vai, você cedeu quando eu falei qualquer coisa.

Não.

É isto aí!


domingo, 20 de março de 2016

Deus escreve certo por linhas tortas?




A canalhice e a hipocrisia tomam conta da grande pátria tupynambá. Tenho lido e ouvido pelos asseclas e esquizoides que Deus escreve certo por linhas tortas.





Um oficial da lei pode sacanear, mentir, escamotear, ofender, etc e tal, sem que isto seja visto como crime pelo parlatório privado, de pessoas privadas de bom senso e de humanidade.





Um putado pode tudo, inclusive pedir a queda do governo por que foi flagrado em delito. A choldra acha isto lindo, afinal este deus deles escreve certo por linhas tortas.





Mas, e Deus? Escreve certo por linhas tortas? Claro que não.





Deuteronômio 32


…3Eu vou proclamar o Nome de Yahweh; quanto a vós, glorificai a grandeza do nosso Deus! 4Ele é a nossa Rocha, suas obras são todas perfeitas, e seus caminhos todos, justos. Deus é fiel, e jamais comete erros. Deus é bom, sábio e justo! 5Contudo, seus filhos se entregaram ao pecado; deixando de agir como filhos, tornaram-se manchas, marcas de uma geração perversa e corrupta.…





Então quem escreve certo por linhas tortas é o outro? Sim, o outro, o inimigo, o diabo, o capeta, etc e tal, apoiando-se na estupidez desta geração perversa e corrupta. 





É isto aí!

Deus escreve certo por linhas tortas?

A canalhice e a hipocrisia tomam conta da grande pátria tupynambá. Tenho lido e ouvido pelos asseclas e esquizoides que Deus escreve certo por linhas tortas.

Um oficial da lei pode sacanear, mentir, escamotear, ofender, etc e tal, sem que isto seja visto como crime pelo parlatório privado, de pessoas privadas de bom senso e de humanidade.

Um putado pode tudo, inclusive pedir a queda do governo por que foi flagrado em delito. A choldra acha isto lindo, afinal este deus deles escreve certo por linhas tortas.

Mas, e Deus? Escreve certo por linhas tortas? Claro que não.

Deuteronômio 32
…3Eu vou proclamar o Nome de Yahweh; quanto a vós, glorificai a grandeza do nosso Deus! 4Ele é a nossa Rocha, suas obras são todas perfeitas, e seus caminhos todos, justos. Deus é fiel, e jamais comete erros. Deus é bom, sábio e justo! 5Contudo, seus filhos se entregaram ao pecado; deixando de agir como filhos, tornaram-se manchas, marcas de uma geração perversa e corrupta.…

Então quem escreve certo por linhas tortas é o outro? Sim, o outro, o inimigo, o diabo, o capeta, etc e tal, apoiando-se na estupidez desta geração perversa e corrupta. 

É isto aí!

quarta-feira, 16 de março de 2016

A delação na Pitangueira!

Saibam todos que este dossiê é um procedimento real, legal, monocrático e determinante da justiça pitangueira. Com a palavra o Sr. Geovircio Fragoso.

- Eu estou aqui para delatar que ...

- Um momento, sr. Geovircio, o senhor terá primeiro que ouvir seus direitos, e o que o trouxe aqui.

Naquele momento, na rua em frente ao edifício do Fórum da Justiça Pitangueira uma enorme multidão se aglomerava diante da porta principal. Devem ser entre 30 e 32 pessoas, berrou o segundo sargento da real Cavalaria. Mandem reforços, repito, mandem reforços ...

Entendido, sargento. Atenção todas as unidades, dirijam-se ao Palácio da justiça, onde uma enorme multidão tomou de assalto a entrada principal.

Positivo e operante, Central, neste momento temos duas bicicletas de patrulha e três agentes de segurança em terra se dirigindo ao local. O japonês pode ser mandado como reforço?

Enquanto isto, mais trinta e duas pessoas se ajuntaram ao grupo, gerando 64.

Metade gritava palavras de ordem coordenadas assindéticas - Geovircio é um safado e seu pai foi corneado!

Metade gritava palavras de desordem subordinada - Geovircio não fuja à luta, sua mãe é que é puta!

Geovircio chega à janela, desnorteado, sem palavras e os 64 em uníssono - pula! pula! pula!

- O juiz em polvorosa grita - antes de pular assina a delação, assina a delação ...

Nisto o promotor real toma  a palavra e invoca a 18ª emenda da sub-relatoria da segunda Câmara do Terceiro Reinado. Esperem todos, antes de pular, terá que responder a algumas perguntas, e caso não saiba as respostas, estará condenado a pular.

Promotor: - Geovircio, quanto é 3 vezes 3? - 9. - E quanto é 6 vezes 6? - 36. E o promotor continua com a bateria de perguntas que um réu culpado não saberia responder e Geovircio não comete erro algum. 

O promotor, dando-se por satisfeito, diz para o Juiz:: - Meritíssimo, acho que temos mesmo que colocar o Geovircio em liberdade. 

Posso fazer algumas perguntas também? perguntou a auxiliar de acusação ao promotor? O juiz e o promotor concordam. A advogada, cheia de ideias, pergunta: - O que é que uma vaca tem quatro e a sua mãe só tem duas? 
Maior silêncio dentro e fora do recinto. Geovircio pensa, pensa ... e responde: - Pernas. (ohhh-todos)

Ela não se dá por vencida e faz outra pergunta: - O que é que há nas suas calças que não há nas minhas? O juiz arregala os olhos, mas não tem tempo de interromper. - Bolsos - responde o Geovircio. 

Imediatamente e não se dando por satisfeita, ela engata uma próxima pergunta - O que é que entra na frente da mulher e que só pode entrar atrás do homem? Estupefato com os questionamentos, o promotor prende a respiração. O juiz fecha os olhos e aguarda uma resposta errada. - Geovircio respira fundo, aperta uma mão sobre a outra, sua frio e responde quase perguntando - A letra 'M'. 

Isto é impossível. Uma hora o senhor cairá em contradição e continua a argüição: - Onde é que a mulher tem o cabelo mais enroladinho? - Geovircio dá um sorriso sem graça, coça a cabeleira ruiva, esfrega as mãos espalmadas por sobre a mesa, olha para a janela, pensa em pular, mas de súbito grita - Na África!! É na África!!

Como o senhor pode saber de tudo isto? Mas eu guardei as duas perguntas incriminatórias para o final, senhor Geovircio. - Qual o monossílabo tônico que começa com a letra C termina com a letra U e ora está sujo ora está limpo? O promotor começa a suar frio, os 64 começam a ajoelhar, o juiz treme. Geovircio não tem mais nada  a perder, mas arrisca a resposta que acha que o inocentará - O céu, doutora. - Como o senhor falou? Por favor, fale ao microfone para que todos escutem. - O céu!. - Muito bem, até aqui não caiu em contradição, mas ...

Senhor Geovircio, o que é que começa com C tem duas letras, um buraco no meio do redondo, e eu já dei para várias pessoas? - Geovircio, sua frio, o suor escorre por todos os poros, a roupa está molhada. De repente dá um soco no ar e grita - CD. 

Não mais se contendo, o juiz interrompe, respira aliviado e diz para a promotoria: - Põe o Geovircio em liberdade e parcela apenas 10% do que se suspeita que subtraiu, dividido em 120 parcelas para que todos  vejam nisto que a justiça foi feita.

É isto aí!


segunda-feira, 14 de março de 2016

O que fazer depois de agarrar um bouquet de noiva

Saiu atrasado, como de costume, ainda mastigando o pão e ajeitando o paletó. No carro verificou se não esquecera nada, conferiu a carteira, os documentos, procurou num relance os óculos e deu um discreto sorriso ao descobri-los na face. Conferiu mais uma vez mentalmente se tudo estava em ordem, o gás desligado, as janelas fechadas, a comida e água do cachorro, e deu partida rumo ao ...

Espere, espere, gritou o seu Zezinho - passei no seu andar e volta lá, acho que esqueceu de fechar a torneira do banheiro. Ah! Fechei, claro que fechei. Sério? Lembra do mês passado? Tudo bem, vou verificar. Entrou na casa, foi direto à suíte e para sua surpresa a torneira estava de fato aberta. Fechou-a e seguiu para a cozinha onde percebeu que a janela estava aberta, bem como a geladeira e que o ferro ainda ligado por sobre a mesa.

Foi quando tropeçou no pequeno animal de estimação, que deveria estar na área de serviço. Esquecera de soltá-lo. Abriu a porta e mais uma vez certificou-se da água e da ração. Hummm - falta a água. Uma vez sanadas estas questões, passou a escutar um som de chiado vindo da sala. Caminhou lentamente e deu de cara com uma mulher lindíssima, semi-nua, deitada no sofá, com a televisão ligada ao dvd, num filme que provavelmente a fez dormir.

Desligou a TV e saiu pé-ante-pé, não sem antes fotografar a beldade. Passou o dia inteiro no escritório pensando naquela cena. Que mulher misteriosa seria aquela? Volta e meia observava as oito fotografias que tirou da musa da manhã. Não sabia nem por onde buscar aquela imagem na memória.

O relógio apontava para as vinte horas quando estacionou na apertada e esquinada vaga que detinha. Caminhou para a portaria e seu Zezinho fez sinal para que se aproximasse.

- Escuta Dr. Luiz, o senhor soube do arrombamento desta manhã?

- Arrombamento? Como assim? Onde? 

- No apartamento da dona Belinha, moradora novata do 703, e como o senhor mora no 803, talvez tenha escutado algo.

- Novata? Belinha? 703? Hoje?

- Sim, dr. Luiz, hoje.

- Não fiquei sabendo, mas de qualquer forma obrigado pela informação.

- No elevador deu aquele sorriso de alívio e sentiu o alívio de achar que tudo não passara de um mal entendido. Ao entrar no seu apartamento, percebeu que havia alguém lá dentro. Escaldado, volta e confere o número. Era de fato o 803. Vai entrando fazendo barulho e dá de cara com a vizinha maravilhosa do 703.

- Olá! Posso ajudar em alguma coisa?

- Bem, desculpe, você deve ser o Luiz, então ... eu posso explicar. Eu acordei com a sensação de que havia alguém na minha casa, e encontrei a minha porta aberta. Então percebi que havia um barulho de água com cheiro de pano queimando e corri por todas as torneiras e para minha surpresa as torneira estavam fechadas e não vi nada queimando. Seguindo o som e o cheiro, subi as escadas e deparei com esta sua porta aberta, onde percebi ser a origem do barulho no tanque da área de serviço, bem como a geladeira aberta e o ferro ainda ligado por sobre a mesa, sem falar na TV ligada.

- Puxa vida, muito obrigado, você evitou uma tragédia aqui hoje.

- É, parece que sim. Já que estava aqui, aproveitei e arrumei a sua cozinha, que estava muito, muito bagunçada, tudo engordurado, as coisas fora do lugar, produtos vencidos ...

- Sério? Você fez isto mesmo?

- Bem, aí resolvi dar uma olhada no seu quarto - santo deus, aquilo não via uma arrumação há uns bons anos. Então tomei a liberdade de organizar todo o seu quarto.

- Caramba, você é um anjo, uma fada ou algo equivalente?

- Nada disto, apenas achei que merecia. Percebi que é solteiro, apesar de ter uma vida sexual intensa dado ao número de preservativos no cesto do banheiro. E falando em cesto, lavei todas as roupas do cesto de roupas. Menino, tinha roupa ali que estava em estado crítico.

E assim foram felizes para sempre. É claro que o seu Zezinho da portaria ganhou um salário extra por ter trocado a identificação dos apartamentos e do elevador, mas isto é outra história.

É isto aí!




terça-feira, 8 de março de 2016

A castidade com que abria as coxas






gettyimages*


Sentado em cômoda postura numa cadeira na calçada de frente ao alpendre, o velho suspirou profundamente e pensou em voz alta na solidão do seu espaço - Todo dia espero pela morte e ela não vem. Enquanto isto filosofo à margem da vida.





A vida passava pacificada, cheia de graça e pedras, como a vida , filosofava entre memórias antigas e esquecimentos recentes.



Nisto passa a vizinha, uma moça sem nome, nascida e criada na casa ao lado. Ela sempre soube que olhava suas pernas e por querer, provocava seus olhos de desejo.



Colocando suavemente a mão sedosa sobre suas mãos enrugadas, sussurra - Seu Juca, declama mais uma poesia para mim, estou me sentindo tão carente hoje, e aproveitou, entre beicinhos e movimentos lentos, para dar um afago na cabeleira branca do ancião.





Ele levantou os olhos, com a voz e mãos trêmulas a querer tocar-lhe o corpo, declamou de uma tirada empolgante um poema do Drummond guardado nalguma parte da memória para aquele momento:





A castidade com que abria as coxas 


e reluzia a sua flora brava. 




Na mansuetude das ovelhas mochas, 


e tão estrita, como se alargava. 





Ah, coito, coito, morte de tão vida, 


sepultura na grama, sem dizeres. 


Em minha ardente substância esvaída, 


eu não era ninguém e era mil seres 





em mim ressuscitados. Era Adão, 


primeiro gesto nu ante a primeira 


negritude de corpo feminino. 





Roupa e tempo jaziam pelo chão. 


E nem restava mais o mundo, à beira 


dessa moita orvalhada, nem destino. 





(Carlos Drummond de Andrade, em 'O Amor Natural') 





Nossa, seu Juca, é lindo, não entendi muito as palavras difíceis, mas deve ser coisa divina, não é? Falar de Adão,  orvalho, muito lindo, seu Juca, muito lindo, enquanto acariciava o rosto dele e ele as coxas dela.





É isto aí!



Fotografia:

*Old man is looking at a young woman in tight shorts walking by- 1960-

Photographer: Jochen Blume- Vintage property of ullstein bild

A castidade com que abria as coxas

gettyimages*
Sentado em cômoda postura numa cadeira na calçada de frente ao alpendre, o velho suspirou profundamente e pensou em voz alta na solidão do seu espaço - Todo dia espero pela morte e ela não vem. Enquanto isto filosofo à margem da vida.

A vida passava pacificada, cheia de graça e pedras, como a vida , filosofava entre memórias antigas e esquecimentos recentes.

Nisto passa a vizinha, uma moça sem nome, nascida e criada na casa ao lado. Ela sempre soube que olhava suas pernas e por querer, provocava seus olhos de desejo.

Colocando suavemente a mão sedosa sobre suas mãos enrugadas, sussurra - Seu Juca, declama mais uma poesia para mim, estou me sentindo tão carente hoje, e aproveitou, entre beicinhos e movimentos lentos, para dar um afago na cabeleira branca do ancião.

Ele levantou os olhos, com a voz e mãos trêmulas a querer tocar-lhe o corpo, declamou de uma tirada empolgante um poema do Drummond guardado nalguma parte da memória para aquele momento:

A castidade com que abria as coxas 
e reluzia a sua flora brava. 

Na mansuetude das ovelhas mochas, 
e tão estrita, como se alargava. 

Ah, coito, coito, morte de tão vida, 
sepultura na grama, sem dizeres. 
Em minha ardente substância esvaída, 
eu não era ninguém e era mil seres 

em mim ressuscitados. Era Adão, 
primeiro gesto nu ante a primeira 
negritude de corpo feminino. 

Roupa e tempo jaziam pelo chão. 
E nem restava mais o mundo, à beira 
dessa moita orvalhada, nem destino. 

(Carlos Drummond de Andrade, em 'O Amor Natural') 

Nossa, seu Juca, é lindo, não entendi muito as palavras difíceis, mas deve ser coisa divina, não é? Falar de Adão,  orvalho, muito lindo, seu Juca, muito lindo, enquanto acariciava o rosto dele e ele as coxas dela.

É isto aí!

Fotografia:
*Old man is looking at a young woman in tight shorts walking by- 1960-
Photographer: Jochen Blume- Vintage property of ullstein bild

Seio de Virgem - Álvares de Azevedo



O que eu sonho noite e dia,

O que me dá poesia

E me torna a vida bela,

O que num brando roçar

Faz meu peito se agitar,

É o teu seio, donzela!



Oh! quem pintara o cetim

Desses limões de marfim,

Os leves cerúleos veios

Na brancura deslumbrante

E o tremido de teus seios?



Quando os vejo, de paixão

Sinto pruridos na mão

De os apalpar e conter...

Sorriste do meu desejo?

Loucura! bastava um beijo

Para neles se morrer!





Álvares de Azevedo

Seio de Virgem - Álvares de Azevedo

O que eu sonho noite e dia,
O que me dá poesia
E me torna a vida bela,
O que num brando roçar
Faz meu peito se agitar,
É o teu seio, donzela!

Oh! quem pintara o cetim
Desses limões de marfim,
Os leves cerúleos veios
Na brancura deslumbrante
E o tremido de teus seios?

Quando os vejo, de paixão
Sinto pruridos na mão
De os apalpar e conter...
Sorriste do meu desejo?
Loucura! bastava um beijo
Para neles se morrer!


Álvares de Azevedo

Não vem ao caso, meu amor!




Todos já conhecem a fábula do lobo e da ovelha?





- Eu não, professora!!!





Só você? Mais alguém não conhece?





- Eu também não! Eu também!! Eu!! Eu nunca ouvi falar!!





Muito bem, vou contar a fábula para vocês:





Era uma vez, num reino muito distante, um ente intrépido, impassível, destemido, ousado e audaz, conhecido como o sr. Lobo.





- Ohhh! (todos)





O sr. Lobo dominava tudo. As pessoas o idolatravam, era assunto obrigatório em todas as conversas, e só o que ele divulgava podia ser conversado, pois era a verdade única e irrestrita vinda do sr. Lobo. Além dele não havia outra verdade. Era cínico, debochado, irritante e rico, muito muito rico. O mais rico do reino e quanto mais ignorantes as pessoas pela sua verdade, mais rico ele ficava.





- Uau!! Nossa!! (todos)





No reino havia um único regato cristalino que desaguava próximo a um majestoso palácio triplex cunhado em ambiente marinho. Um dia apareceu por lá, no regato e não no palácio majestoso, uma linda ovelha e pôs-se a beber da água limpa que deveria servir a todos, mas estavam tão encantados com o sr. Lobo, que bebiam água contaminada por muitas coisas, menos, é claro, os príncipes do castelo, digo, do palácio majestoso cunhado em ambiente marinho, como já falei.





O sr. Lobo ficou com muita raiva daquela ovelha - quem ela pensa que é? Se perguntava. Mandou pessoas aparentemente simples para demover a ovelha daquele vício. E ela, a ovelha fez que não entendeu o recado. Então mandou que fosse divulgado em todo reino uma mensagem falando que a ovelha era comunista, que comeria todas as crianças, que estupraria todas as velhas, que mataria todas as aulas de filosofia e que enfim, era transgênica.





A multidão em convulsão dividiu-se, pois uns apoiavam a ovelha em silêncio e as outras postavam-se entre as que tinham medo do sr. Lobo e as que mamavam nas mutretas lupinas, sob imenso guarda-chuva da morada da tradição da família cristã e da propriedade dos ricos pelos ricos. Com isto, o sr. Lobo sentiu que estava sendo traído e colocou nas ruas seu exército de canibais, exorcistas, escretores (sim - escretores - um misto entre excretores e escritores). As ordem era destruir tudo para que a paz reinasse no majestoso palácio.





Foi então que Maricotinha, estrela dalva das noites luzidias da Escola de Samba Unidos da Pitangueira bradou com sua rouca e poderosa voz:





- Alto lá! Para tudo que este Lobo aí está em déficit orçamentário doméstico cá comigo!





- Como assim, Maricotinha?





- Uiva muito, pula muito, aparece muito, só vai e só vê e só ouve e só enxerga para o lado direito mas é só isto...





E cada um seguiu seu rumo e o Lobo ficou com aquela cara de ovelha desgarrada no meio do vazio da sua penitente salinha de torturas pedagógicas e Maricotinha deu aquele largo sorriso entre fadas e duendes que acreditavam no sr. Lobo.





É isto aí!









Não vem ao caso, meu amor!

Todos já conhecem a fábula do lobo e da ovelha?

- Eu não, professora!!!

Só você? Mais alguém não conhece?

- Eu também não! Eu também!! Eu!! Eu nunca ouvi falar!!

Muito bem, vou contar a fábula para vocês:

Era uma vez, num reino muito distante, um ente intrépido, impassível, destemido, ousado e audaz, conhecido como o sr. Lobo.

- Ohhh! (todos)

O sr. Lobo dominava tudo. As pessoas o idolatravam, era assunto obrigatório em todas as conversas, e só o que ele divulgava podia ser conversado, pois era a verdade única e irrestrita vinda do sr. Lobo. Além dele não havia outra verdade. Era cínico, debochado, irritante e rico, muito muito rico. O mais rico do reino e quanto mais ignorantes as pessoas pela sua verdade, mais rico ele ficava.

- Uau!! Nossa!! (todos)

No reino havia um único regato cristalino que desaguava próximo a um majestoso palácio triplex cunhado em ambiente marinho. Um dia apareceu por lá, no regato e não no palácio majestoso, uma linda ovelha e pôs-se a beber da água limpa que deveria servir a todos, mas estavam tão encantados com o sr. Lobo, que bebiam água contaminada por muitas coisas, menos, é claro, os príncipes do castelo, digo, do palácio majestoso cunhado em ambiente marinho, como já falei.

O sr. Lobo ficou com muita raiva daquela ovelha - quem ela pensa que é? Se perguntava. Mandou pessoas aparentemente simples para demover a ovelha daquele vício. E ela, a ovelha fez que não entendeu o recado. Então mandou que fosse divulgado em todo reino uma mensagem falando que a ovelha era comunista, que comeria todas as crianças, que estupraria todas as velhas, que mataria todas as aulas de filosofia e que enfim, era transgênica.

A multidão em convulsão dividiu-se, pois uns apoiavam a ovelha em silêncio e as outras postavam-se entre as que tinham medo do sr. Lobo e as que mamavam nas mutretas lupinas, sob imenso guarda-chuva da morada da tradição da família cristã e da propriedade dos ricos pelos ricos. Com isto, o sr. Lobo sentiu que estava sendo traído e colocou nas ruas seu exército de canibais, exorcistas, escretores (sim - escretores - um misto entre excretores e escritores). As ordem era destruir tudo para que a paz reinasse no majestoso palácio.

Foi então que Maricotinha, estrela dalva das noites luzidias da Escola de Samba Unidos da Pitangueira bradou com sua rouca e poderosa voz:

- Alto lá! Para tudo que este Lobo aí está em déficit orçamentário doméstico cá comigo!

- Como assim, Maricotinha?

- Uiva muito, pula muito, aparece muito, só vai e só vê e só ouve e só enxerga para o lado direito mas é só isto...

E cada um seguiu seu rumo e o Lobo ficou com aquela cara de ovelha desgarrada no meio do vazio da sua penitente salinha de torturas pedagógicas e Maricotinha deu aquele largo sorriso entre fadas e duendes que acreditavam no sr. Lobo.

É isto aí!




Se eu fosse eu mesmo, só que diferente?

Vou poetar um poemeu bem fraquinho, mas até que é um pouco melhorzinho

Se eu fosse um livro,
qual livro seria?
E se fosse uma estrada
qual estrada correria?

E se fosse um bicho?
Uma nuvem? Um rio?
E se fosse uma árvore?
cravo, hortelã ou lírios?

Teria também depressão,
Enxaqueca, tristeza?
Decepções, desamores,
amarguras, incertezas?

E se eu fosse outro?
Que outro habitaria?
Alguém mais feliz,
será que seria?

E se eu fosse eu mesmo
só que diferente em tudo?
Seria eu mesmo com novos capítulos,
ou morreria no prelúdio?

É isto aí!

segunda-feira, 7 de março de 2016

Momentos evasivos de inspiração ulterior


O pensador e a porta do inferno de Rodin
le penseur de_la porte de lenfer (musee rodin) 

Fonte: Arte Ref

François-Auguste-René Rodin (1840 – 1917), mais conhecido como Auguste Rodin, foi um escultor francês e autor de O Pensador.

Apesar de ser considerado o progenitor da escultura moderna, não se propôs a rebelar-se contra o passado. Foi educado tradicionalmente, teve o artesanato como abordagem em seu trabalho, e desejava o reconhecimento acadêmico, embora tenha sido aceito na escola principal de arte de Paris.

Esculturalmente, Rodin possui uma capacidade única em modelar uma superfície complexa, turbulenta, profundamente embolsa em argila. Muitas de suas esculturas mais notáveis ​​foram duramente criticas durante sua vida.

Eles entraram em confronto com uma tradição da escultura da figura predominante, onde são obras assimétricas, estereotipadas ou altamente temáticas. Seu trabalho mais original partiram de temas tradicionais da mitologia e da alegoria, modelando o corpo humano com realismo e celebrando o caráter individual.

Rodin era sensível a controvérsias em torno do seu trabalho, mas se recusou um mudar seu estilo. Sucessivas obras trouxeram aumentos de favores do governo e da comunidade artística.

1) O Pensador é uma das partes de um trabalho maior
A representação de um homem nu curvado no pensamento aparente era originalmente parte de “le penseur de la porte de lenfer” com quase 7 metros de altura. O trabalho deveria capturar a primeira seção do poema épico “Divina Comédia” de Dante Alighieri. O pensador pode ser visto empoleirado em frente à porta.

2) Le penseur de la porte de lenfer foi comissionado para um museu que nunca abriu
Rodin foi contratado para fazer a escultura para um novo museu de artes decorativas em Paris. O grande tamanho e o incrível detalhe da peça imponente exigiram 37 anos de trabalho da Rodin. Em todo esse tempo, os Portões do Inferno nunca foram concluídos e o próprio museu nunca foi construído.


3) O Pensador não foi o nome original
Rodin originalmente chamou essa figura de “O Poeta” . Este nome suporta a teoria de que a estátua era uma representação de Dante. Mas porque O Pensador não se encaixa na visão do século 19 de Dante alto e magro, alguns viram uma natureza mais alegórica: eles teorizam que poderia ser o próprio Rodin sobre sua criação ou talvez o Adão bíblico considerando os pecados dele descendentes. O nome “O Pensador” é creditado aos trabalhadores da fundição que sentiram que a escultura tinha uma semelhança notável com a escultura de Michelangelo com o mesmo nome.


4) O trabalho de Michelangelo foi uma influência para Rodin
No entanto, não era a pose de Michelangelo que Rodin estava propositadamente referenciando. Rodin escolheu fazer seu pensador nu para seguir o estilo dos nus heróicos de Michelangelo e seus irmãos renascentistas. Também se suspeita que as obras do contemporâneo de Rodin, Hugo Rheinhold, foram uma inspiração. Os historiadores da arte citam o interesse compartilhado do casal em poses que favoreceram as posturas naturais e realistas do homem.

5) A obra quase teve roupa
Durante a longa criação de”le penseur de la porte de lenfer”, Rodin brincou com a idéia de um Pensador / Poeta vestido. “O devoto Dante em sua túnica reta separada de todo o resto teria sido sem significado”, escreveu ele. “Guiado pela minha primeira inspiração, concebi outro pensador, um homem nu, sentado em uma pedra, o punho contra os dentes, sonha. O pensamento fértil lentamente se desenvolve dentro de seu cérebro. Ele não é mais um sonhador, ele é um criador “.

6) O pensador virou solo em 1888
Rodin experimentou com uma versão moldada em gesso de seu destacado”le penseur de la porte de lenfer”. Medindo cerca de 1metro de altura,O Pensador fez sua estréia na exposição individual, que se mostrou suficientemente popular para inspirar Rodin a pensar mais. Em seguida, ele fez a versão um pouco maior do que conhecemos hoje. Em bronze, este pensador tinha 6 metros de altura e tornou-se o centro do elogio da mídia instantânea.

7) Você pode ver O Pensador em todo o mundo
Em sua vida, Rodin fez pelo menos 10 Pensadores. Após a sua morte em 1917, os direitos de reformulação foram dados à nação da França. Desde então, esse número cresceu para mais de 20. (A figura exata é uma questão de debate.) Hoje, versões de gesso e bronze de O Pensador podem ser vistas na Galeria Nacional de Victoria de Melbourne, no Musée d’Art et d’Histoire de Genebra , A Galeria Nacional de Arte de Washington DC e o Museu Rodin de Paris, apenas para citar alguns. Há também um que marca o túmulo de Rodin.

8) O Pensador de Cleveland foi vítima de um ataque terrorista
O Pensador é tradicionalmente exibido ao ar livre, e The Cleveland Museum of Art seguiu o exemplo quando adquiriu uma peça. Assim,O Pensador estava indefeso nas primeiras horas do dia 24 de março de 1970, quando pessoas não identificadas amarraram, o que se suspeita,  três bananas de dinamite para sua base. A explosão destruiu os pés do pensador e danificou de forma irreparável as pernas.  As identidades dos bombardeiros nunca foram determinadas. A escultura ainda está em exibição, embora não tenha sido restaurada.

9) Rodin conhecia o segredo do sucesso de o Pensador
A imensa popularidade da peça tem sido freqüentemente creditada à emoção familiar que projeta, de ser perdida no pensamento, congelada da ação. Rodin explicou: “O que pensa o meu pensador é que ele pensa não só com o cérebro, com as sobrancelhas, as narinas distendidas e os lábios comprimidos, mas com cada músculo de seus braços, costas e pernas, com o punho cerrado e o aperto dedos do pé.”



sexta-feira, 4 de março de 2016

Pátria minha (Vinicius de Moraes)



Fonte da Imagem: Nova Escola

PÁTRIA MINHA

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias, pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação e o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamen
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade me vem de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama…
Vinicius de Moraes."


Fonte no Youtube: LeCommedieDellArte


quarta-feira, 2 de março de 2016

A delação do Renatinho


Renatinho, puta que pariu, sai deste banheiro logo e para de ficar falando sozinho.

Sim, mamãe, estou saindo. E não estava falando sozinho, estava refletindo com a possibilidade de pedir a Adelaide para sair comigo.

Como é que é? Aquela vigaristazinha, filha do Zéduardo? Só por cima do meu cadáver, Renatinho. Aquela é uma caninana igual à cafetina da avó que criou a moça no cortiço junto com a cadela no cio da mãe. Esquece isto, Renatinho, ela não presta para você.

Naquela noite:

Adelaide, eu preciso falar uma coisa para você.

Fala então.

Eu te a... eu te a... eu te a... eu quero namorar com você.

Namorar comigo? Depois que a sua família difamou gratuitamente a minha por causa do corno do seu pai que recusou pagar o carro que comprou do meu tio?

Adelaide, isto foi entre eles.

E você, que ficou até a semana passada com a minha prima? E agora vem falar que me ama?

Eu juro, Adelaide, eu juro pelo que há de mais sagrado na face da terra, que nunca mais vai acontecer de novo.

- Silêncio (Olhar fulminante)

Eu juro por tudo, pela minha santa mãe, pela minha avó, pela Tia Telinha, eu juro.

- Silêncio (Olhar de desprezo)

Eu errei, eu fui fraco, eu fui covarde, eu fui um idiota, isto mesmo, eu fui um perfeito idiota.

- Silêncio (Olhar de indiferença)

Adelaide, o que eu preciso fazer para ter você e viver feliz para sempre?

Basta fazer uma delação premiada pré-determinada para com a minha amada, estimada, santificada e honesta famiglia...

É isto aí!