domingo, 31 de maio de 2015

Coisa mais linda


Composição: Vinícius de Moraes e Carlos Lyra


Quem canta - Roberta Sá




Coisa mais linda  é uma uma canção composta por Carlos Lyra , gravada em 1961 por João Gilberto (Coisa mais linda). Como em muitas das canções da bossa nova, a letra, escrita em 1959 pelo aclamado poeta Vinícius de Moraes, exalta a beleza de uma mulher, de estar apaixonado e do próprio amor. A bossa nova reagiu ao tema tradicional do “Ninguém me ama, ninguém me quer”, falando de praia, mar e amor. A música extrai seu som singular de uma batida de samba renovada, uma melodia harmoniosa e letras alegres, positivas, emitidas quase num sussurro.

Coisa mais linda - Poema de Vinícius musicado por Carlos Lyra:


Coisa mais bonita é você, Assim,


Justinho você, eu juro, 
eu não sei porque você.


Você é mais bonita que a flor,


Quem dera a primavera da flor


Tivesse todo esse aroma de beleza 
que é o amor


Perfumando a natureza numa forma de mulher



Porque tão linda assim 
Não existe a flor


Nem mesmo a cor não existe


E o amor


Nem mesmo o amor existe


E eu fico um pouco triste
um pouco sem saber
se é tão lindo o amor
que eu tenho por você




Roberta Sá, Roberta Varella de Sá (Natal, 19 de dezembro de 1980) é uma cantora brasileira de MPB, samba e bossa nova. Sua discografia conta com seis álbuns de estúdio, e dois CD/DVD ao vivo. Em 2007, Roberta Sá foi indicada ao Grammy Latino na categoria de "Artista Revelação", juntamente com o sambista Diogo Nogueira.



Coisa mais linda


Composição: Vinícius de Moraes e Carlos Lyra
Quem canta - Roberta Sá

Coisa mais linda  é uma uma canção composta por Carlos Lyra , gravada em 1961 por João Gilberto (Coisa mais linda). Como em muitas das canções da bossa nova, a letra, escrita em 1959 pelo aclamado poeta Vinícius de Moraes, exalta a beleza de uma mulher, de estar apaixonado e do próprio amor. A bossa nova reagiu ao tema tradicional do “Ninguém me ama, ninguém me quer”, falando de praia, mar e amor. A música extrai seu som singular de uma batida de samba renovada, uma melodia harmoniosa e letras alegres, positivas, emitidas quase num sussurro.

Coisa mais linda - Poema de Vinícius musicado por Carlos Lyra:

Coisa mais bonita é você, Assim,
Justinho você, eu juro, 
eu não sei porque você.
Você é mais bonita que a flor,
Quem dera a primavera da flor
Tivesse todo esse aroma de beleza 
que é o amor
Perfumando a natureza numa forma de mulher

Porque tão linda assim 
Não existe a flor
Nem mesmo a cor não existe
E o amor
Nem mesmo o amor existe

E eu fico um pouco triste
um pouco sem saber
se é tão lindo o amor
que eu tenho por você


Roberta Sá, Roberta Varella de Sá (Natal, 19 de dezembro de 1980) é uma cantora brasileira de MPB, samba e bossa nova. Sua discografia conta com seis álbuns de estúdio, e dois CD/DVD ao vivo. Em 2007, Roberta Sá foi indicada ao Grammy Latino na categoria de "Artista Revelação", juntamente com o sambista Diogo Nogueira.


Histórias do Coração - Julinha feliz para sempre!




Frederico estava numa entendiante festa de natal da turma do escritório da namorada, uma escultura de mulher que fazia olhos e corpos se virarem para sua sempre perfumada existência. Enquanto circulava pedrinhas de gelo com o dedo indicador no copo, ouviu a conversa entre a companheira e duas amigas tão estonteantes quanto.





Não falei para vocês? Julinha é anti-social. Não veio e jamais virá, ela se sente superior, sei lá, não se mistura. As três riram muito da ausência da moça.





A amiga disse - Julinha é uma boba, tem uma vidinha normalzinha, sem saltos, sobressaltos, espasmos ou orgasmos que a fizessem perceber que há vida lá fora. Vinte e oito anos, graduada, pós-graduada, psicanalisada, viajada, bilíngue, eficiente, moderninha, sempre com aquele sorriso enigmático estampado na alva face brejeira. As três deram gargalhadas pela vidinha da moça.





A outra acrescentou - Que eu saiba, aquela paranoica não tem amigas, nem namorado, nem instantes, momentos ou spots de prazer. Não tem referências bibliográficas para citar, filmes cult, peças de teatro inolvidáveis, músicas prediletas e nem religião confessa. Nunca se soube de que tivesse um bar preferido, uma bebida única, um restaurante predileto ou mesmo um prato que a identificasse. As três se curvaram de tanto rir pelas paranoias da moça.





Volta para a namorada - Minha tia falou que ela nunca praticou delitos de quaisquer intensidades, nem colou nas provas, nem desejou o namorado das outras meninas, nem chorou em público, nem reclamou uma cutícula inflamada ou uma unha quebrada. Se tinha cólicas, sofria em silêncio, assim como quaisquer outras enfermidades. As três destilaram uma fina ironia e escárnio pela honestidade da moça.





A amiga intensificou os dados - Ela é ridiculamente certinha. Não possui roupas da moda, nem sapatos de princesa, nem lingeries caras, nem jóias de metais preciosos, muito menos diamantes ou rubis... Frederico pediu licença e  saiu dali mareado, procurou e encontrou Julinha e foram felizes para sempre.  





As três fizeram juras eternas de ódio da moça.





É isto aí!

Histórias do Coração - Julinha feliz para sempre!

Frederico estava numa entendiante festa de natal da turma do escritório da namorada, uma escultura de mulher que fazia olhos e corpos se virarem para sua sempre perfumada existência. Enquanto circulava pedrinhas de gelo com o dedo indicador no copo, ouviu a conversa entre a companheira e duas amigas tão estonteantes quanto.

Não falei para vocês? Julinha é anti-social. Não veio e jamais virá, ela se sente superior, sei lá, não se mistura. As três riram muito da ausência da moça.

A amiga disse - Julinha é uma boba, tem uma vidinha normalzinha, sem saltos, sobressaltos, espasmos ou orgasmos que a fizessem perceber que há vida lá fora. Vinte e oito anos, graduada, pós-graduada, psicanalisada, viajada, bilíngue, eficiente, moderninha, sempre com aquele sorriso enigmático estampado na alva face brejeira. As três deram gargalhadas pela vidinha da moça.

A outra acrescentou - Que eu saiba, aquela paranoica não tem amigas, nem namorado, nem instantes, momentos ou spots de prazer. Não tem referências bibliográficas para citar, filmes cult, peças de teatro inolvidáveis, músicas prediletas e nem religião confessa. Nunca se soube de que tivesse um bar preferido, uma bebida única, um restaurante predileto ou mesmo um prato que a identificasse. As três se curvaram de tanto rir pelas paranoias da moça.

Volta para a namorada - Minha tia falou que ela nunca praticou delitos de quaisquer intensidades, nem colou nas provas, nem desejou o namorado das outras meninas, nem chorou em público, nem reclamou uma cutícula inflamada ou uma unha quebrada. Se tinha cólicas, sofria em silêncio, assim como quaisquer outras enfermidades. As três destilaram uma fina ironia e escárnio pela honestidade da moça.

A amiga intensificou os dados - Ela é ridiculamente certinha. Não possui roupas da moda, nem sapatos de princesa, nem lingeries caras, nem jóias de metais preciosos, muito menos diamantes ou rubis... Frederico pediu licença e  saiu dali mareado, procurou e encontrou Julinha e foram felizes para sempre.  

As três fizeram juras eternas de ódio da moça.

É isto aí!

quinta-feira, 28 de maio de 2015

O realismo fantástico da política tupynambá (incorporando o personagem)




2º Ato, Cena 1





Marreta, você só tem que entrar pelo lado direito, aí vem andando furtivamente em diagonal até o centro, onde está marcado, volte-se para a platéia, abaixe a cabeça, faça uma expressão de dor, leve a mão esquerda ao peito e a direita à testa, e caminhe com dificuldade até o segundo ponto marcado, em linha reta, e pare, solte os braços, e ainda de cabeça baixa, olhe para o público com um sorriso sarcástico.



E você, Manezinho, vem andando descontraidamente da esquerda em diagonal até o centro, onde está marcado, volte-se para a platéia, abaixe a cabeça, faça uma expressão de fome, leve a mão direita sobre o estômago e a esquerda à boca, e caminhe desconfiado até o segundo ponto marcado, em linha reta, e pare, solte os braços, e ainda de cabeça baixa, olhe para o público com um sorriso simplório.



Neste momento a sonoplastia emitirá um som de peido, alto e facilmente identificado. Então um olhará desconfiado apontando o dedo para o outro e voltam ao ponto de entrada do cenário, pelo mesmo trajeto, em passos rápidos. Entenderam? Agora façam.



Mas o que é isto? É para um entrar pela direita, e outro pela esquerda. Qual o problema de vocês? É uma crítica de valores. Venham separados, um pela direita e outro pela esquerda. Tem nada disto de se cumprimentarem no centro e caminharem juntos. 





Corta - Mas que merda é esta? Tudo bem, você entrou pela direita, mas não é para fazer movimentos em círculo. Faça a diagonal para o centro. É uma metáfora, entendeu? Me-tá-fo-ra. O que não está entendendo? E você? De onde tirou esta ideia de que pode vir de costas da esquerda até o centro? Acha que assim ninguém percebe? Tem que fazer parecer que o caminho está livre, que é parte natural do processo que está ligando os dois pontos, entendeu?





Parem tudo, voltem e recomecem. Pombas, Manezinho, não é para ficar no centro com olhar ameaçador à direita. Nem mesmo mandei você, Marreta, voltar de onde veio depois da cara feia do Mané. Simples assim, cumpram o script. 





Mas que palhaçada é esta agora? Tira já estes óculos escuros de mafioso. Onde já se viu isto? E este colarinho imenso? Venha da direita para o centro sem máscara, sem esconder o rosto, apenas venha. E você, Mané? Tira esta merda desta camiseta regata com bolsa pochete. Voltem lá e se arrumem.





Puta que os pariu, de onde tiraram este rebolado para fazer a diagonal? E este boá no pescoço dos dois? Parecem duas vedetes da chanchada. E você, anda normal, caralho, nor-mal. E você, o que é este pó branco no nariz? Eu falei que isto não vai dar certo nunca, mas os patrocinadores... Bem, recomecem.



Incorporem o personagem, sintam o poder na mão dos dois, se odeiam e se completam. Penetrem fundo na história. Vocês agora são a personificação do texto. Tirem do fundo da alma todos os seus sentimentos. Isto, muito bem, Excelente. Que sarcasmo realista. Isto, mostrem que incorporaram os personagens. Agora o olhar e ... puta merda.. que cheiro é este? Vocês se borraram simultaneamente quando chegaram na frente do povo? Caramba - isto é realismo fantástico...





É isto aí!










O realismo fantástico da política tupynambá (incorporando o personagem)

2º Ato, Cena 1

Marreta, você só tem que entrar pelo lado direito, aí vem andando furtivamente em diagonal até o centro, onde está marcado, volte-se para a platéia, abaixe a cabeça, faça uma expressão de dor, leve a mão esquerda ao peito e a direita à testa, e caminhe com dificuldade até o segundo ponto marcado, em linha reta, e pare, solte os braços, e ainda de cabeça baixa, olhe para o público com um sorriso sarcástico.

E você, Manezinho, vem andando descontraidamente da esquerda em diagonal até o centro, onde está marcado, volte-se para a platéia, abaixe a cabeça, faça uma expressão de fome, leve a mão direita sobre o estômago e a esquerda à boca, e caminhe desconfiado até o segundo ponto marcado, em linha reta, e pare, solte os braços, e ainda de cabeça baixa, olhe para o público com um sorriso simplório.

Neste momento a sonoplastia emitirá um som de peido, alto e facilmente identificado. Então um olhará desconfiado apontando o dedo para o outro e voltam ao ponto de entrada do cenário, pelo mesmo trajeto, em passos rápidos. Entenderam? Agora façam.

Mas o que é isto? É para um entrar pela direita, e outro pela esquerda. Qual o problema de vocês? É uma crítica de valores. Venham separados, um pela direita e outro pela esquerda. Tem nada disto de se cumprimentarem no centro e caminharem juntos. 

Corta - Mas que merda é esta? Tudo bem, você entrou pela direita, mas não é para fazer movimentos em círculo. Faça a diagonal para o centro. É uma metáfora, entendeu? Me-tá-fo-ra. O que não está entendendo? E você? De onde tirou esta ideia de que pode vir de costas da esquerda até o centro? Acha que assim ninguém percebe? Tem que fazer parecer que o caminho está livre, que é parte natural do processo que está ligando os dois pontos, entendeu?

Parem tudo, voltem e recomecem. Pombas, Manezinho, não é para ficar no centro com olhar ameaçador à direita. Nem mesmo mandei você, Marreta, voltar de onde veio depois da cara feia do Mané. Simples assim, cumpram o script. 

Mas que palhaçada é esta agora? Tira já estes óculos escuros de mafioso. Onde já se viu isto? E este colarinho imenso? Venha da direita para o centro sem máscara, sem esconder o rosto, apenas venha. E você, Mané? Tira esta merda desta camiseta regata com bolsa pochete. Voltem lá e se arrumem.

Puta que os pariu, de onde tiraram este rebolado para fazer a diagonal? E este boá no pescoço dos dois? Parecem duas vedetes da chanchada. E você, anda normal, caralho, nor-mal. E você, o que é este pó branco no nariz? Eu falei que isto não vai dar certo nunca, mas os patrocinadores... Bem, recomecem.

Incorporem o personagem, sintam o poder na mão dos dois, se odeiam e se completam. Penetrem fundo na história. Vocês agora são a personificação do texto. Tirem do fundo da alma todos os seus sentimentos. Isto, muito bem, Excelente. Que sarcasmo realista. Isto, mostrem que incorporaram os personagens. Agora o olhar e ... puta merda.. que cheiro é este? Vocês se borraram simultaneamente quando chegaram na frente do povo? Caramba - isto é realismo fantástico...

É isto aí!




terça-feira, 26 de maio de 2015

Histórias do coração - Eu te amo para sempre!




Era apaixonado, destes que esperavam um simples olhar para sentir-se contemplado. Ela era a mais linda, a mais rica e a mais charmosa menina da escola. Eu carregava seus livros, fazia seus trabalhos, assinava seu nome na lista de presença e ficava ali, suspirando a espera de que alguma coisa espetacular acontecesse entre nós naquela pequena e pacata cidadezinha do interior.





Concluímos o segundo grau e ela sumiu, de forma que nunca mais a vi, bem como sua família, pois mudaram todos para a capital, segundo Tia Geninha, que sabia tudo o tempo todo. No baile ela me beijou de forma inesperada. Foi meu primeiro beijo na boca, de uma maneira singular, sem saber onde fazer o que com os braços ou com a língua. Ficamos abraçados uma eternidade e aí disse adeus.





Trinta e dois anos depois estava viajando a negócios e pernoitei no interior de São Paulo, rumo ao Paraná, quando tive uma imensurável e terrível dor de dente. A cidadezinha é uma estância climática, muito bonita, mas pequenina, sem muitos recursos de atendimento à saúde. Liguei para a recepção do hotel  e pedi ajuda, pois a sensação de sofrimento era insuportável.





Passados longos dez minutos, um táxi surgiu e encaminhou-me a uma casa muito bonita, imensa, nos arredores da cidade. O motorista disse que o hotel já havia contactado a dentista, e que logo iria me atender, e que ela já tinha este hábito de receber turistas em caso de emergência. Fui andando meio desconfiado, mas aí as luzes foram acesas e uma idosa surgiu na porta, perguntou se eu era a pessoa indicada pelo hotel, respondi que sim, mandou-me entrar e esperar pois a doutora já iria me atender.





Enquanto esperava, vi seu nome  nos quadros da parede, além de fotos da minha cidade natal, rostos conhecidos, velhos amigos, etc. Aquilo me anestesiou. Iria vê-la e de repente tudo era ansiedade. Era ela, minha musa, meu amor, minha metade, a razão dos meus dias na Terra. Fechei os olhos e senti seu perfume, seus cabelos longos, castanhos e cacheados, seus braços de princesa, suas pernas perfeitas, sua boca de carmim, tudo isto agora deveria se transformar no instante mágico do encontro com minha alma gêmea.





Ouço passos, são dela, sei que são pois são passos de uma deusa. Começo a suar e tremer todo o corpo. Lágrimas caem, acho que vou beijá-la assim que... espera aí. Você é a dentista?





- Sim, disse uma mulher horrorosa, rosto desfigurado por plásticas, seios turbinados com silicone, cabelo escorrido, meio vermelho, meio abóbora, com raízes brancas aparentes, dentes amarelados por nicotina, cheiro de perfume barato, jaleco imundo e ensebado, colocado por sobre uma camisola transparente que denunciava uma desproporção entre altura e largura, onde a calcinha tinha um furo sobre a primeira dobra da coxa esquerda. Pernas com varizes geográficas e uma sandália rasteirinha com pom-pom lilás compunham o conjunto. 





A dor voltou para meu desespero. Levou-me ao consultório, que na penumbra e pela dor, julguei ser uma pocilga sem nenhuma capacidade de suportar uma mínima visita de agentes sanitários, e talvez pela falta de um raio-x, foi martelando dente por dente até atingir a fonte do problema. Urrei aos céus. Explicou-me que se tratava de um possível processo infeccioso, e que apenas iria abrir para diminuir a pressão do abcesso, de maneira que pudesse prosseguir viagem até um centro maior e cuidar da causa. O problema era que não teria como anestesiar pois a área estava muito inflamada.





Perguntei o preço, e determinei que fizesse o que deveria ser feito. Logo ao iniciar a incisão, senti um jato de pus saindo seguido de outro e outro e não sei mais quantos. O cheiro na sala ficou insuportável. Ela foi alvo da trajetória na roupa, no cabelo, no rosto e eu, devido ao odor e dor, tive uma forte ânsia seguida de vômito aos seus pés, desmaiando em seguida.





Acordei de manhã numa confortável cama de um estranho quarto grande e  limpo. Ela entrou, perguntou se estava bem, se ainda doía. Examinou a área com espéculo, apalpou a região e ficou ali me olhando com aqueles olhos estrábicos rasos. Disse que ligou para o hotel pedindo umas roupas minhas e o rapaz que as trouxe ajudou-a a me trocar e me deitar. Foi muito atenciosa, verificou tudo, e me mostrou um banheiro, onde pude lavar o rosto e me recompor. Na saída, estava sentada à mesa, onde um café da manhã farto e variado nos aguardava. Foi então que muito educadamente falou:





- Eu tive a impressão de que conhecia você desde a hora que chegou.





- É, pode ser, viajo muito, talvez a gente tenha se visto por aí, mas tenho um rosto comum.





-  Não. Seus olhos. Eu conheço você, mas não consigo ainda ligar os fatos. Nós já nos vimos, tenho certeza. De onde você é?





-  Eu? Moro no Rio de Janeiro.





- Não foi isto que perguntei, mas sim onde nasceu?





- Ah, quer saber isto (esta velha está me cercando). Bem, nasci no Dobrado do Onça, no interior de Minas.





- Olha só, eu morei lá. Tenho até umas fotos na entrada do consultório. Meu pai era médico naquela região e quando terminei o segundo grau ele resolveu mudar para São Paulo. Agora me lembrei de você.





- Sério? Lembrou de mim?





- Sim, mas você não mudou muito, ficou mais velho ainda, mas sem dúvidas, pela sua idade aparente só poderia ser meu professor de Português, não é isto? Engraçado, ficou muito mais velho do que eu poderia imaginar...rs





- Mais velho é a... é a... não deu prazo para terminar. Ela levantou de sobressalto e me deu o segundo beijo das nossas vidas, aquele que esperei por décadas e eu... hummm... gostei.





- Seu bobo, você acha que eu não te reconheci? Sempre soube que voltaríamos a nos encontrar...





E foi assim que aquela pequena cidade do interior paulista virou minha rota de trajeto pelo menos uma vez por mês, por uns dois anos, até que resolvi ficar por lá para sempre.





É isto aí!







Histórias do coração - Eu te amo para sempre!

Era apaixonado, destes que esperavam um simples olhar para sentir-se contemplado. Ela era a mais linda, a mais rica e a mais charmosa menina da escola. Eu carregava seus livros, fazia seus trabalhos, assinava seu nome na lista de presença e ficava ali, suspirando a espera de que alguma coisa espetacular acontecesse entre nós naquela pequena e pacata cidadezinha do interior.

Concluímos o segundo grau e ela sumiu, de forma que nunca mais a vi, bem como sua família, pois mudaram todos para a capital, segundo Tia Geninha, que sabia tudo o tempo todo. No baile ela me beijou de forma inesperada. Foi meu primeiro beijo na boca, de uma maneira singular, sem saber onde fazer o que com os braços ou com a língua. Ficamos abraçados uma eternidade e aí disse adeus.

Trinta e dois anos depois estava viajando a negócios e pernoitei no interior de São Paulo, rumo ao Paraná, quando tive uma imensurável e terrível dor de dente. A cidadezinha é uma estância climática, muito bonita, mas pequenina, sem muitos recursos de atendimento à saúde. Liguei para a recepção do hotel  e pedi ajuda, pois a sensação de sofrimento era insuportável.

Passados longos dez minutos, um táxi surgiu e encaminhou-me a uma casa muito bonita, imensa, nos arredores da cidade. O motorista disse que o hotel já havia contactado a dentista, e que logo iria me atender, e que ela já tinha este hábito de receber turistas em caso de emergência. Fui andando meio desconfiado, mas aí as luzes foram acesas e uma idosa surgiu na porta, perguntou se eu era a pessoa indicada pelo hotel, respondi que sim, mandou-me entrar e esperar pois a doutora já iria me atender.

Enquanto esperava, vi seu nome  nos quadros da parede, além de fotos da minha cidade natal, rostos conhecidos, velhos amigos, etc. Aquilo me anestesiou. Iria vê-la e de repente tudo era ansiedade. Era ela, minha musa, meu amor, minha metade, a razão dos meus dias na Terra. Fechei os olhos e senti seu perfume, seus cabelos longos, castanhos e cacheados, seus braços de princesa, suas pernas perfeitas, sua boca de carmim, tudo isto agora deveria se transformar no instante mágico do encontro com minha alma gêmea.

Ouço passos, são dela, sei que são pois são passos de uma deusa. Começo a suar e tremer todo o corpo. Lágrimas caem, acho que vou beijá-la assim que... espera aí. Você é a dentista?

- Sim, disse uma mulher horrorosa, rosto desfigurado por plásticas, seios turbinados com silicone, cabelo escorrido, meio vermelho, meio abóbora, com raízes brancas aparentes, dentes amarelados por nicotina, cheiro de perfume barato, jaleco imundo e ensebado, colocado por sobre uma camisola transparente que denunciava uma desproporção entre altura e largura, onde a calcinha tinha um furo sobre a primeira dobra da coxa esquerda. Pernas com varizes geográficas e uma sandália rasteirinha com pom-pom lilás compunham o conjunto. 

A dor voltou para meu desespero. Levou-me ao consultório, que na penumbra e pela dor, julguei ser uma pocilga sem nenhuma capacidade de suportar uma mínima visita de agentes sanitários, e talvez pela falta de um raio-x, foi martelando dente por dente até atingir a fonte do problema. Urrei aos céus. Explicou-me que se tratava de um possível processo infeccioso, e que apenas iria abrir para diminuir a pressão do abcesso, de maneira que pudesse prosseguir viagem até um centro maior e cuidar da causa. O problema era que não teria como anestesiar pois a área estava muito inflamada.

Perguntei o preço, e determinei que fizesse o que deveria ser feito. Logo ao iniciar a incisão, senti um jato de pus saindo seguido de outro e outro e não sei mais quantos. O cheiro na sala ficou insuportável. Ela foi alvo da trajetória na roupa, no cabelo, no rosto e eu, devido ao odor e dor, tive uma forte ânsia seguida de vômito aos seus pés, desmaiando em seguida.

Acordei de manhã numa confortável cama de um estranho quarto grande e  limpo. Ela entrou, perguntou se estava bem, se ainda doía. Examinou a área com espéculo, apalpou a região e ficou ali me olhando com aqueles olhos estrábicos rasos. Disse que ligou para o hotel pedindo umas roupas minhas e o rapaz que as trouxe ajudou-a a me trocar e me deitar. Foi muito atenciosa, verificou tudo, e me mostrou um banheiro, onde pude lavar o rosto e me recompor. Na saída, estava sentada à mesa, onde um café da manhã farto e variado nos aguardava. Foi então que muito educadamente falou:

- Eu tive a impressão de que conhecia você desde a hora que chegou.

- É, pode ser, viajo muito, talvez a gente tenha se visto por aí, mas tenho um rosto comum.

-  Não. Seus olhos. Eu conheço você, mas não consigo ainda ligar os fatos. Nós já nos vimos, tenho certeza. De onde você é?

-  Eu? Moro no Rio de Janeiro.

- Não foi isto que perguntei, mas sim onde nasceu?

- Ah, quer saber isto (esta velha está me cercando). Bem, nasci no Dobrado do Onça, no interior de Minas.

- Olha só, eu morei lá. Tenho até umas fotos na entrada do consultório. Meu pai era médico naquela região e quando terminei o segundo grau ele resolveu mudar para São Paulo. Agora me lembrei de você.

- Sério? Lembrou de mim?

- Sim, mas você não mudou muito, ficou mais velho ainda, mas sem dúvidas, pela sua idade aparente só poderia ser meu professor de Português, não é isto? Engraçado, ficou muito mais velho do que eu poderia imaginar...rs

- Mais velho é a... é a... não deu prazo para terminar. Ela levantou de sobressalto e me deu o segundo beijo das nossas vidas, aquele que esperei por décadas e eu... hummm... gostei.

- Seu bobo, você acha que eu não te reconheci? Sempre soube que voltaríamos a nos encontrar...

E foi assim que aquela pequena cidade do interior paulista virou minha rota de trajeto pelo menos uma vez por mês, por uns dois anos, até que resolvi ficar por lá para sempre.

É isto aí!


sábado, 23 de maio de 2015

Albertinho em "Minha mãe não me entende!"





Eu preciso pedir um favor a você.



Pode pedir o que quiser.



Então vá embora.



Das coisas absurdas da vida, este é um dos exemplos a ser dado à humanidade. Eu te deixar...



Por favor, vá embora.



É bem verdade que nunca te amei, mas isto só não basta e não pode ser o motivo



Não, não é isto.



Então o que o faz pensar que pode me mandar embora?



Não sei, é uma coisa em mim, um sentimento, uma voz...



Ah! Então você confirma minha tese de que tem outra.



Não, nada disto, nada de outra.



Se eu for embora, você terá que ir comigo. Já pensou nisto?



Penso zilhões de coisas quando te ouço, mas...



Precisa fazer pentazilhões de coisas comigo.



- Albertinho... toc toc toc... Albertinho... sai deste banheiro e para de ficar falando sozinho, com perguntas e respostas ridículas. Ficou doido?



- Caramba mãe, não estou falando sozinho... você nunca me entende.



- Sei. Sai logo e vai caçar o que fazer.



É isto aí!




Albertinho em "Minha mãe não me entende!"


Eu preciso pedir um favor a você.

Pode pedir o que quiser.

Então vá embora.

Das coisas absurdas da vida, este é um dos exemplos a ser dado à humanidade. Eu te deixar...

Por favor, vá embora.

É bem verdade que nunca te amei, mas isto só não basta e não pode ser o motivo

Não, não é isto.

Então o que o faz pensar que pode me mandar embora?

Não sei, é uma coisa em mim, um sentimento, uma voz...

Ah! Então você confirma minha tese de que tem outra.

Não, nada disto, nada de outra.

Se eu for embora, você terá que ir comigo. Já pensou nisto?

Penso zilhões de coisas quando te ouço, mas...

Precisa fazer pentazilhões de coisas comigo.

- Albertinho... toc toc toc... Albertinho... sai deste banheiro e para de ficar falando sozinho, com perguntas e respostas ridículas. Ficou doido?

- Caramba mãe, não estou falando sozinho... você nunca me entende.

- Sei. Sai logo e vai caçar o que fazer.

É isto aí!


Dia Branco Geraldo Azevedo




Dia Branco
Compositores: Geraldo Azevedo / Renato Rocha. 
Cantor: Vander Lee
Fonte da imagem: Musicare Oficial
Fonte do texto: DUBAS


Em meados da década de 1970, a carreira solo de Geraldo Azevedo começava a todo vapor. Seus primeiros discos revelavam canções capazes de unir estéticas variadas, do rock’n’roll aos gêneros tradicionais nordestinos. Na safra daquela época, surgiu uma melodia inspirada no disco triplo All Things Must Pass (1970) – o primeiro de George Harrison após a separação dos Beatles -, que Geraldo ouvia com frequência (Clique aqui para ouvir Geraldo Azevedo falando). 

Ao conhecer a composição, Renato Rocha, também um jovem músico em ascensão no cenário cultural do Rio de Janeiro, encaixou os primeiros versos da letra no ato. Tudo indicava então que surgiria rapidamente uma das primeiras parcerias entre eles. Mas a empolgação inicial deu lugar ao trabalho duro: faltava compor a segunda parte. Durante mais de dois anos, a dupla passou dias e noites em claro até chegar ao resultado desejado. Em 1979, nasceu “Dia Branco”, que foi lançada originalmente no disco “Frevo Mulher”, por Amelinha, então esposa de Zé Ramalho. 

Se você vier pro que der e vier comigo
Eu lhe prometo o sol... se hoje o sol sair
Ou a chuva... se a chuva cair
Se você vier até onde a gente chegar

Numa praça na beira do mar
Um pedaço de qualquer lugar
E neste dia branco se branco ele for

Esse tan...to, esse canto de amor
Se você quiser e vier pro que der e vier comigo
Se branco ele for
Esse tanto, esse canto, esse tão grande amor, grande amor

Se você vier pro que der e vier comigo
Eu lhe prometo o sol... se hoje o sol sair
Ou a chuva... se a chuva cair
Se você vier até onde a gente chegar

Numa praça na beira do mar
Um pedaço de qualquer lugar
E neste dia branco se branco ele for

Esse canto, esse tão grande amor, grande amor
Se você quiser e vier pro que der e vier comigo, comigo, comigo



Vander Lee , que nos deixou precocemente em 2016, canta de uma maneira única e fantástica este clássico de Geraldo Azevedo/Renato Rocha, registrado nesse show realizado no Palácio das Artes (BH), 2007.









sexta-feira, 22 de maio de 2015

Contos do coração - Morrer de amor.







Não é fácil morrer de amor, pensou e não teve a coragem de dizer. Apenas a admirou ao longe, partindo em viagem única, sem adeus ou algo assim. Devia ter dito tudo, deveria tê-la beijado mais, abraçado mais, brigado mais, mas não fez nada além do que se faz quando se ama. A dor da ausência inclui esta solidão com sensação perpétua do vácuo, refletiu.





Voltou para a casa deserta e imensa, onde ecoavam soluços e lamentos. Não lembra como entrou, mas logo a viu e ela estava como uma coisa triste desmanchada no sofá. Aquilo era o que era - uma coisa triste, infinitamente triste. Esperou-a adormecer e também adormeceu ao seu lado, sentado ao chão, exausto e confuso.





Acordou sozinho, o dia já avançava. Dois anjos o espreitavam com a plácida ternura angelical. Saltou lépido e no súbito pôs-se em pé. Sentiu que deveria partir, mas seu coração, ah! seu coração. Olhou em lágrimas ao redor e seus olhos somente testemunharam a dor do vazio. Ao lado dos seres celestiais abriu-se um portal e nele apareceu o inesperado. Era ela e estava mais linda ainda, fazendo sinal para que se apressasse. Caminhou cambaleante pela luz e tomou-a pela eternidade. 





É isto aí!







Contos do coração - Morrer de amor.


Não é fácil morrer de amor, pensou e não teve a coragem de dizer. Apenas a admirou ao longe, partindo em viagem única, sem adeus ou algo assim. Devia ter dito tudo, deveria tê-la beijado mais, abraçado mais, brigado mais, mas não fez nada além do que se faz quando se ama. A dor da ausência inclui esta solidão com sensação perpétua do vácuo, refletiu.

Voltou para a casa deserta e imensa, onde ecoavam soluços e lamentos. Não lembra como entrou, mas logo a viu e ela estava como uma coisa triste desmanchada no sofá. Aquilo era o que era - uma coisa triste, infinitamente triste. Esperou-a adormecer e também adormeceu ao seu lado, sentado ao chão, exausto e confuso.

Acordou sozinho, o dia já avançava. Dois anjos o espreitavam com a plácida ternura angelical. Saltou lépido e no súbito pôs-se em pé. Sentiu que deveria partir, mas seu coração, ah! seu coração. Olhou em lágrimas ao redor e seus olhos somente testemunharam a dor do vazio. Ao lado dos seres celestiais abriu-se um portal e nele apareceu o inesperado. Era ela e estava mais linda ainda, fazendo sinal para que se apressasse. Caminhou cambaleante pela luz e tomou-a pela eternidade. 

É isto aí!


quinta-feira, 21 de maio de 2015

A estalagem casamenteira




Deveria ser um final de semana de descanso e contemplação, mas a chuva, o frio e as condições da estrada inibiram turistas de ocupar uma estalagem no alto das montanhas. Somente duas pessoas solitárias conseguiram chegar na quinta à noite, e cada um seguiu imediatamente para o seu aposento.





Jerebinha, o hóspede do chalé 03 era viúvo, engenheiro e empresário, franzino, tímido e introspectivo. Naquela manhã subia a trilha de acesso à hospedaria depois de um breve circuito de meditação em silêncio, floresta e bichos. Ao chegar na estreita ponte que separava a civilização da natureza, a hóspede do chalé 05, com idade pelos 45 anos, de corpo bonito acima da linha de peso, rosto angelical e curvas excitantes bloqueava a passagem.





Morta! Ela está morta! Gritou lá da sala o estalajadeiro. 





A moça mesmo assim teve medo, pânico, horror, pavor ou alguma coisa entre uma crise nervosa e um processo histérico - mas eu tenho medo!!!





Não precisa se preocupar, pode passar, que não há como ela te fazer mal, tornou a gritar, agora com um tom entre irônico e irado.





Ela deu mais um passo e pronto, paralisou de vez. Travou todo o corpo, musculatura tesa, olhos estatelados, sudorese intensa e à sua frente uma ratazana de proporções felinas jazia no caminho, provavelmente intoxicada por venenos de combate aos da sua espécie.





Jerebinha deu mais uns passos e percebeu que deveria fazer algo pois estavam a uma altura de dois a três metros por sobre um riacho gelado, fundo e cristalino, e uma queda ali teria consequências de risco. Foi aproximando devagar, bem devagar, até chegar ao ponto entre a ratazana e a moça e chutou o corpo do animal para fora do caminho.





Então ela desmaiou, e ele ágil e educadamente inclinou-se a tempo de segurá-la para que não machucasse, e ai pode sentir sua pele macia, seu perfume delicado e a seda dos seus cabelos. A arrumadeira veio com um chá e ajudou a trazê-la até a varanda. Já acomodados no sofá, continuou a acalmá-la, segurá-la, foi então que a achou mais bonita ainda , gostou do contato e assim nasceu um grande amor.  





Na semana seguinte, Carminha chegou à hospedaria e ao chegar no balcão, "seu" Joãozinho olhou para ela e perguntou? E aí? Trouxe  a sua ratazana?





Claro, o senhor acha que eu ia esquecer?





Então se arruma, que o hóspede do Chalé 07 já deve estar voltando da caminhada...





É isto aí! 
















A estalagem casamenteira

Deveria ser um final de semana de descanso e contemplação, mas a chuva, o frio e as condições da estrada inibiram turistas de ocupar uma estalagem no alto das montanhas. Somente duas pessoas solitárias conseguiram chegar na quinta à noite, e cada um seguiu imediatamente para o seu aposento.

Jerebinha, o hóspede do chalé 03 era viúvo, engenheiro e empresário, franzino, tímido e introspectivo. Naquela manhã subia a trilha de acesso à hospedaria depois de um breve circuito de meditação em silêncio, floresta e bichos. Ao chegar na estreita ponte que separava a civilização da natureza, a hóspede do chalé 05, com idade pelos 45 anos, de corpo bonito acima da linha de peso, rosto angelical e curvas excitantes bloqueava a passagem.

Morta! Ela está morta! Gritou lá da sala o estalajadeiro. 

A moça mesmo assim teve medo, pânico, horror, pavor ou alguma coisa entre uma crise nervosa e um processo histérico - mas eu tenho medo!!!

Não precisa se preocupar, pode passar, que não há como ela te fazer mal, tornou a gritar, agora com um tom entre irônico e irado.

Ela deu mais um passo e pronto, paralisou de vez. Travou todo o corpo, musculatura tesa, olhos estatelados, sudorese intensa e à sua frente uma ratazana de proporções felinas jazia no caminho, provavelmente intoxicada por venenos de combate aos da sua espécie.

Jerebinha deu mais uns passos e percebeu que deveria fazer algo pois estavam a uma altura de dois a três metros por sobre um riacho gelado, fundo e cristalino, e uma queda ali teria consequências de risco. Foi aproximando devagar, bem devagar, até chegar ao ponto entre a ratazana e a moça e chutou o corpo do animal para fora do caminho.

Então ela desmaiou, e ele ágil e educadamente inclinou-se a tempo de segurá-la para que não machucasse, e ai pode sentir sua pele macia, seu perfume delicado e a seda dos seus cabelos. A arrumadeira veio com um chá e ajudou a trazê-la até a varanda. Já acomodados no sofá, continuou a acalmá-la, segurá-la, foi então que a achou mais bonita ainda , gostou do contato e assim nasceu um grande amor.  

Na semana seguinte, Carminha chegou à hospedaria e ao chegar no balcão, "seu" Joãozinho olhou para ela e perguntou? E aí? Trouxe  a sua ratazana?

Claro, o senhor acha que eu ia esquecer?

Então se arruma, que o hóspede do Chalé 07 já deve estar voltando da caminhada...

É isto aí! 








terça-feira, 19 de maio de 2015

Os Blogs, a mídia e o ovo da serpente


Li nesta manhã que um jornalista/blogueiro* foi assassinado e decapitado no norte de Minas Gerais há três dias, segundo a polícia civil. O caso está sendo investigado. É muito triste.

Vivemos num mundo ainda a ser descoberto - a Internet, onde tudo que se posta é perpétuo, imutável. Fazer denúncia sobre crimes, lidar com denúncias como exploração de menores, tráfico humano de meninas, roubo em cofres públicos, etc. é bom, e sempre gera a exposição de fatos que cobram respostas do Poder Público, mas tem quem não acha que é tão bom assim. Este alguém (entre eles pode estar o possível gerador dos delitos), por sentir-se ameaçado pela exposição, talvez tome atitudes contra a integridade física ou moral do denunciante, para silenciá-lo por intimidação ou atos mais graves.

O blogueiro, em geral, está só. Não tem os recursos jurídicos da grande imprensa, não tem segurança pessoal nem sequer garantias de proteção. Escrever o que se pensa é experimentar a liberdade jornalistica, pode até gerar renda para sustento, mas temos que ter a certeza de que, nestes casos, toda ação gera sempre uma reação maior ou pior, sempre contrária ao denunciante.

Os dois texto abaixo não são meus, e serão mais um empecilho, em brevíssimo futuro, contra os blogueiros que fazem deste espaço seu meio de vida. Um foi criado pelos grandes jornais europeus e o outro foi uma resposta de neutralização deste ato pela gigante das comunicações mundiais. Então o caminho natural das coisas será sempre mudar tudo para que tudo permaneça sempre como está, como profetizou Lampedusa no clássico romance Il gattopardo sobre a decadência da aristocracia siciliana durante o Risorgimento.

I **Grandes jornais se unem e criam uma nova mídia:

Com o domínio das empresas de tecnologia, como: Facebook, Twitter, Google e Linkedin, surgem uma crise nos principais meios de comunicações jornalísticos, nos quais se sentem a mercê das políticas e estratégias dessas plataformas. Afirmando também que os jornais estão a cada dia perdendo força no mercado publicitário.

Para combater essa crise, foi criada uma estratégia que envolve os principais jornais do mundo, como: The Guardian, CNN Internacional, Financial Times, Reuters e The Economist.

Essa estratégia é a realização de uma aliança entre eles, com o propósito de posicionar melhor seus portais de noticia no mundo digital, e assim, se tornando mais relevantes na web. A rede é conhecida como Pangea, o mesmo nome que se dá a união geográfica de grandes continentes.

A plataforma possibilitará aos anunciantes que comprem espaço publicitário em todos os sites afiliados com apenas uma operação. O foco principal é atingir pessoas com poder de consumo maior, sendo que a maioria dos leitores dos jornais possui esse patamar.

A Pangea será lançada em abril, com uma versão beta. A equipe espera um aumento de até 20% nas vendas digitais. Hoje a Pangea, somando todos os portais afiliados, possui 110 milhões de leitores. A associação não quer parar por aí, pensam para os próximos meses integrar novos jornais, segundo Tim Gentry, diretor do Guardian News.

II *** A entrega da alma / Bruno Tortuga

Comercialmente talvez faça sentido o NYT e outros grandes veículos fornecerem conteúdo direto ao Facebook. Mas ao dar ainda mais força a essa rede social como o feixe central da troca e difusão de informação no mundo, podem não estar entrando no time vencedor, e sim chocando o ovo da serpente

Comercialmente talvez – nada mais que talvez – faça sentido o NYT e outros grandes veículos entrarem nessa de fornecer conteúdo direto ao Facebook (N.E. – ver aqui). Ainda espero os detalhes das condições e fontes de receita para os jornais para fazer um juízo menos precipitado.

Mas por enquanto me parece um erro grave.

Em parte entendo a capitulação. “Una-se a eles”, diz quem entende que já não pode vencê-los. Mas ao dar ainda mais força, consolidar ainda mais essa rede social como o feixe central da troca e difusão de informação no mundo, esses veículos podem não estar entrando no time vencedor. Mas chocando o ovo da serpente.

Porque para mim a arquitetura do Facebook é a exata corrosão de muitos fundamentos jornalísticos – justamente os que instituições como NYT e Guardian deveriam preservar – em prol de uma dinâmica que dissolve as barreiras do entretenimento e do jornalismo, da mera distração e da notícia, da relevância social e dos interesses estritamente pessoais.

E isso tem efeito especialmente nefasto, me parece, no papel mais importante do jornalismo. Que não é gerar audiência ou tráfego. Mas impacto. E é justamente isso que tenho sentido ultimamente. Um acelerado processo de erosão do impacto que o jornalismo causa na sociedade. E a ascensão do ruído, da falta de contexto, do buzz e da cultura de trends e hashtags como os maiores influenciadores da opinião pública. Isso muda a forma como público entende e consome jornalismo. E tende, a curto prazo, a transformar tudo nessa palavra leve, porém perigosa: conteúdo.

Claro que o processo é bem mais complexo do que isso. Mas o Facebook é protagonista nisso. E sua estrutura não indexada, sem mecanismo de busca, compulsiva e impermeável, tende a aprofundar esse cenário.

Claro que posso – e no fundo espero – estar errado. Mas ao abraçar o Facebook como parceiro, o NYT e grande elenco podem estar cometendo um erro equivalente, digamos, ao do PT dando os braços ao PMDB. Você pode até chamá-lo de parceiro. Mas quando você olhar pro lado… eles tomaram algo que não estava no contrato: a sua alma.

Fontes:

*** Sobre a entrega da alma dos grandes jornais:


quinta-feira, 14 de maio de 2015

Assunção da Virgem Maria - visões de Maria Valtorta





Visões de Maria Valtorta*







8 de dezembro 





Quantos dias se passaram? É difícil precisar. Se alguém
julgasse pelas flores que formam a coroa em volta do corpo inerte, diria que se
passaram apenas algumas horas. Porém se julgasse pelos ramos de oliveira sobre
os quais as flores repousam, os ramos com as folhas já secas e por outras
flores secas caídas como relíquias sobre a cobertura do esquife, poderia se
concluir que alguns dias se passaram. 





Porém o corpo de Maria é exatamente o mesmo como se tivesse
acabado de dar o último suspiro. Não há traço de morte na Sua face ou nas Suas
pequeninas mãos. Não há nenhum odor desagradável no quarto. Ao contrário, um
aroma indefinível como incenso, lírio, rosa, lírios do vale, ou ervas da
montanha, se misturam e estão suspensos no ar. 





João, que não se sabe por quantos dias se manteve acordado,
caiu no sono, vencido pelo cansaço, sentado num banquinho, seus ombros
recostados à parede próxima a uma porta aberta que dá para o terraço. A luz da
lamparina, que, do chão, ilumina-o, permite ver a sua face cansada, e também
muito pálida, exceto a sombra avermelhada ao redor dos seus olhos, de tanto
chorar. 





Já deve ser aurora, pois a luz pálida ilumina o terraço, e
as oliveiras em volta da casa já são visíveis; uma luz que se torna cada vez
mais forte e, penetrando pela porta, torna mais nítidos também os objetos do
quarto, que, estando longe da lamparina, eram antes impossíveis de se
visualizar. 





De repente, uma luz intensa enche o quarto, uma luz prateada
com contorno azulado, quase fosfórica, se torna cada vez mais forte, fazendo
desaparecer a aurora e a lamparina. Uma luz como aquela que inundou a Gruta em
Belém, no momento da divina Natividade. Então, nesta luz paradisíaca, criaturas
angelicais surgem, ainda mais brilhante, na luz já intensa que inundou o
quarto. Como já acontecera quando os anjos apareceram para os pastores, uma
dança de clarões de todas as matizes saem das suas asas e se movem suavemente,
emitindo murmúrios harmoniosos, tão doces como se fossem tocados por uma
harpa. 





As criaturas angelicais se posicionam em volta da pequena
cama, se curvam diante dela, levantam o corpo imóvel e, batendo as asas mais
vigorosamente, acentuando o som já existente, abrem uma passagem milagrosamente
no teto, como abrira milagrosamente o Sepulcro de Jesus, e se elevam, levando o
corpo da sua Rainha, o Santíssimo Corpo, é verdade, porém, ainda não
glorificado, e, portanto, sujeito às leis da matéria, para as quais Cristo não
era sujeito, pois Ele já estava glorificado quando ressuscitou dos mortos. O
som produzido pelas asas angelicais aumenta, e agora é tão potente quanto o som
de um órgão.





João, que, embora ainda adormecido, moveu-se duas ou três
vezes sobre o seu banco, como se tivesse sido perturbado pela luz forte e pelo
som das asas angelicais, desperta completamente por causa do som poderoso, e,
também, por causa da forte corrente de ar que, descendo da abertura do teto e
atravessando a porta aberta, forma um turbilhão que agita a colcha da cama,
agora vazia, e a vestimenta de João, apagando a lamparina e fechando a porta
com uma batida forte. 





O Apóstolo olha em volta, ainda meio sonolento, para reparar
o que está acontecendo. Nota que a cama está vazia e que o teto está aberto.
Entende que um acontecimento maravilhoso teve lugar. Sai para o terraço, e,
como pelo instinto espiritual, ou por uma chamada celestial, levanta a sua
cabeça, fazendo sombra com as mãos sobre os olhos, evitando o sol, a fim de
ver, sem no entanto ser impedido de olhar para o sol nascente. 





E ele vê. Vê o corpo de Maria, ainda sem vida, como que
adormecido, ascendendo cada vez mais alto, sustentado pelo grupo angelical.
Como último gesto de adeus, as bainhas da manta e do véu são agitadas,
provavelmente pelo vento causado pela rápida assunção e pelo movimento das asas
angelicais; e algumas flores, aquelas que João colocou e renovou em volta do
corpo de Maria, e que com certeza permaneceram entre as dobras do seu vestido,
chovem sobre o terraço e sobre o chão do Getsêmani, enquanto a hosana potente
do grupo angelical se move cada vez mais longe e se torna tênue. 





João continua a fitar aquele corpo que se eleva em direção
ao Céu e, através, certamente, de um prodígio concedido a ele por Deus, para
confortá-lo e compensá-lo por seu amor à sua Mãe adotiva, vê distintamente
Maria, envolta agora pelos raios do sol já bem alto, aparecer da êxtase que
separou a Sua alma do Seu corpo, e ressuscitar, colocar-se em pé, à medida que
agora goza também dos dons típicos dos corpos já glorificados. 





João olha e vê. O milagre concedido a ele por Deus
permite-lhe, contra todas as leis naturais, ver Maria como Ela é agora,
enquanto ascende rapidamente ao Céu, cercada, porém agora não mais auxiliada
pelos anjos que cantam hosanas. E João está extasiado pela visão da beleza que
nenhuma pena do homem, a palavra humana, ou trabalho de artista poderá ser
capaz de descrever ou reproduzir, porque é de uma beleza indescritível. 





João, ainda recostado contra a parede baixa do terraço,
continua a fitar aquela forma brilhante e esplêndida de Deus - porque Maria
pode realmente ser dita assim, formada de uma maneira única por Deus, Que
desejou-A imaculada, para que Ela pudesse formar o Verbo Encarnado - enquanto
ascende cada vez mais alto. E DDeus-Amor permite-lhe um último prodígio supremo
para o Seu perfeito discípulo amoroso: ver o encontro da Mãe Santíssima com o
Seu Filho Santíssimo, Que também esplêndido e reluzente, indescritivelmente
belo, desce rapidamente do Céu, alcança a Sua Mãe, aperta-A no Seu coração e,
juntos, mais brilhantes que dois astros do céu, dirigem-Se ao Céu de onde Ele
veio. 





A visão de João terminou. Ele abaixa a sua cabeça. Sobre a
sua face cansada, estão visíveis tanto a sua dor da perda de Maria quanto a sua
alegria pelo Seu glorioso destino. Porém, agora a alegria excede a dor. 





Ele exclama: “Obrigado, Meu Deus! Obrigado! Eu previ que
tudo isto ia acontecer. E queria estar acordado, a fim de não perder nenhum
momento da Sua Assunção. Porém já não dormia há três dias! Sono, cansaço, junto
com a dor, sobrevieram e derrotaram-me justamente quando a Sua Assunção era
iminente... Porém, talvez Vós quisestes assim, ó Deus; para que eu não me
afligisse naquele momento, nem que sofresse mais... Sim, Vós certamente assim
desejáveis e agora, quisestes que eu visse aquilo que sem o Vosso milagre, não
poderia ver. Permitistes vê-La novamente, embora já tão longe, já glorificada e
gloriosa, porém, como se Ela estivesse perto de mim. E ver Jesus novamente! Oh!
Visão felicíssima, inesperada e não aguardada! Ó dom dos dons de Deus-Jesus
para com seu discípulo João! Graça Suprema! Ver Meu Mestre e Senhor novamente!
Vê-Lo próximo à Sua Mãe! Ele como o sol, Ela como a lua, astros esplendorosos,
pois estavam gloriosos e felizes por se reunirem para sempre! O que o Paraíso
será agora que Vós brilhais nele, Seus maiores astros da Jerusalém celeste?
Qual o júbilo dos coros angelicais e dos santos? É tal a alegria que a visão da
Mãe com Seu Filho me concedeu, algo que cancela toda a dor Dele, todas as dores
de Ambos, e mais, também a minha, e a paz me domina. Dos três milagres que pedi
a Deus, dois se realizaram. Vi a vida retornar à Maria, e sinto a paz voltar
para mim. Toda a minha angústia termina porque presenciei-Vos reunidos na
glória. Obrigado por tudo isto, ó Deus. E obrigado por terdes feito tudo isto
para que eu veja, mesmo para uma criatura santíssima, todavia ainda humana,
aquilo que cabe aos santos, aquilo que acontecerá após o último julgamento, a
ressurreição do corpo, a sua reincorporação, sua fusão com o seu espírito, que
ascende ao Céu no momento da sua morte. Eu não precisava ver para crer. Pois
sempre acreditei firmemente cada palavra do Mestre. Porém muitos duvidarão
disto, após eras e milhares de anos, e a carne, que se tornará pó, é permitido
tornar-se um corpo vivo. Serei capaz de dizer-lhes, jurando pelas coisas mais
sublimes, que não apenas Cristo ressuscitou, pelo seu próprio poder divino,
assim também a Sua Mãe, três dias após a Sua morte, se de morte isto pode ser
chamado, ressuscitou, e com a Sua carne juntando-se à Sua alma, elevou-Se para
a abóbada eterna do Céu, ao lado do Seu Filho. Serei capaz de dizer: “Creiam, ó
Cristãos, nos corpos ressuscitados, no fim do tempo, e na vida eterna de almas
e corpos, uma vida bem-aventurada de santos, e terrível para as pessoas
culpadas, impiedosas e sem arrependimento. Creiam e vivam como santos, como
viveram Jesus e Maria, a fim de adquirir o que Eles obtiveram. Vi Seus corpos
ascenderem ao Céu. Posso testemunhá-los. Vivam como justos, para que um dia
possam estar no mundo eterno, em corpo e alma, próximo ao Sol-Jesus, e Maria a
Estrela de todas as estrelas.” Novamente obrigado ó Deus! Agora deixai-me
juntar o que resta Dela. As flores caídas dos seus vestidos, os ramos da
oliveira deixados na cama, e deixai-me preservá-los. Eles servirão... Sim, eles
servirão para ajudar a confortar os meus irmãos, que tenho esperado em vão.
Cedo ou tarde os encontrarei...” 





Ele recolhe as pétalas das flores que caíram do céu, volta
ao quarto, segurando-as envoltas na sua túnica. Então olha mais cuidadosamente
à abertura do teto e exclama: “Outro milagre! E outra proporção maravilhosa nos
prodígios das vidas de Jesus e Maria! Ele, Deus, ascendeu por Si, e por Sua
vontade deslocou a pedra da Sua Sepultura, e apenas com o seu próprio poder,
ascendeu ao Céu. Por Si. Maria, a Mãe Santíssima, porém, filha de um homem, por
meio do auxílio angelical, teve a sua passagem aberta para a Sua assunção para
o Céu, e sempre através de auxílio angelical, foi assunta. No Cristo o espírito
voltou a animar o Seu Corpo enquanto estava ainda na Terra, porque tinha de ser
assim, para silenciar os Seus inimigos e para 
confirmar todos os Seus seguidores na Sua Fé. Em Maria o espírito voltou
ao Seu Santíssimo Corpo quando estava nos domínios do Paraíso, pois não havia
outra necessidade para Ela. Poder perfeito da Sabedoria Infinita de
Deus!...” 





João agora recolhe numa peça de pano, as flores e ramos que
estavam ainda na pequena cama, ele adiciona a estes, o que havia recolhido
fora, e coloca-os sobre a tampa do esquife. Então, abre-o e guarda o pequeno
travesseiro de Maria e a colcha da pequena cama nela; desce à cozinha, junta
outros utensílios usados por Ela - as agulhas, a roca para fiar, e os Seus
utensílios da cozinha - e os acrescenta às outras coisas. 







Fecha  o esquife e
senta-se no banquinho exclamando: “Agora tudo está consumado para mim também!
Posso ir livremente onde quer que o Espírito de Deus me leve. Posso ir!  E semear a Palavra Divina que o Mestre me deu
para que possa transmiti-la aos homens. E ensinar o Amor. Ensiná-lo para que
eles possam crer no Amor e no seu poder. Fazê-los conhecer o que o Deus-Amor
tem feito para os homens. O Seu Sacrifício e o Seu Sacramento e o Rito
perpétuo, por meio do qual, até o fim dos tempos, seremos capazes de estarmos
unidos ao Jesus Cristo na Eucaristia e renovar o Rito e o Sacrifício que Ele
nos ordenou a levar adiante. Todos os dons do Amor perfeito! Fazê-los amar o
Amor para que possam crer Nele, como nós verdadeira e sinceramente cremos.
Semear o Amor para que a colheita seja abundante para o Senhor . O Amor alcança
tudo, Maria disse-me na Sua última conversa comigo, aquele que Ela definiu
justamente , no Colégio Apostólico como aquele que ama, aquele amoroso
preeminente, o antítese de Iscariotes, que era ódio, como Pedro era impetuoso,
e André brandura, os filhos de Alfeu, santidade e sabedoria combinadas à
nobreza de caráter, e assim por diante. Eu, o discípulo que ama, agora que já
não tenho nem o Mestre e nem a Mãe para amar na terra, sairei para espalhar o
amor entre as nações. O Amor será a minha arma e a minha doutrina. E por meio
dele derrotarei o demônio, o paganismo e conquistarei muitas almas. Assim
continuarei o trabalho de Jesus e Maria Que eram o amor perfeito sobre a Terra.”





*  Sobre Maria Valtorta:







1.     Pe. Gabriel M. Roschini, Professor da Universidade Pontifical Laterana de Roma, Filósofo e Teólogo, um Mariologista de renome, declarou que “Maria Valtorta (1897 - 1961) de Viareggio, Itália é uma das 18 maiores personagens místicas de todos os tempos.”





2.     Monsenhor Ugo Latanzi, Diácono da Faculdade de Teologia da Universidade Pontifical Laterana, escreveu em 1951: “A autora... não poderia ter escrito tais materiais abundantes... sem estar sob influência do poder sobrenatural”.





3.     Monsenhor Alfonso Carinci, Secretário da Congregação dos Ritos Sagrados, afirmou em 1946: “Não há nada nela contrária ao Evangelho. Pelo contrário, este trabalho é um bom complemento do Evangelho, contribui para o melhor entendimento do seu significado... Os discursos do Nosso Senhor não contêm nada que seja contrária ao seu espírito.”





4.     O Papa Pio XII afirmou numa audiência particular em 1948: “Publique este trabalho como está... Quem o ler compreenderá.” (Osservatore Romano, 26 de Fev., 1948).





Maria Valtorta nasceu em Caserta no dia 14 de março de 1897,
filha única de um Oficial da Cavalaria e de uma ex-professora de Frances, ambos
lombardos. Criou e formou-se em várias cidades do norte (Faenza, Milão,
Voghera) mostrando um caráter forte, ressaltados a capacidade humana e
extraordinários dotes espirituais. Completou os seus estudos no prestigioso
Colégio Bianconi de Monza.





Durante a Primeira Guerra Mundial foi enfermeira
“samaritana” no Hospital Militar de Florença, cidade em que morou por muito
tempo e onde foi marcada pelas provas mais duras, provocadas pela terrível mãe,
que por duas vezes infligiu um seu legitimo sonho de amor, e por um subversivo,
que pela rua lhe desferiu uma paulada nos rins. Recobrou-se, em parte, com umas
férias de dois anos em Reggio Calábria, junto a parentes ricos e dedicados.





Em 1924 estabelecia-se com os pais em Viareggio, onde
aplicou-se, na Paróquia, como delegada da cultura para os jovens de Ação
Católica. No entanto, os seus sofrimentos aumentavam e a sua ascensão culminava
em heróicas ofertas de si por amor a Deus e à humanidade. A sua verdadeira
missão, aquela de escritora mística, amadureceu e desdobrou-se nos anos
centrais da sua longa enfermidade, que a obrigou a estar de cama desde 1934 até
à sua morte, ocorrida em Viareggio no dia 12 de outubro de 1961.





Em 1943, enferma há nove anos, Maria Valtorta aderiu a um
pedido do confessor e escreveu a sua Autobiografia. Revelando o seu talento de
escritora, preencheu, em um lance, sete cadernos para narrar sem reticências a
própria vida, humana até à passionalidade, ascética até o heroísmo. Logo em
seguida dava inicio a uma produção literária prodigiosa.





A maior obra de Maria Valtorta, publicada em 10 volumes, é O
Evangelho como me foi revelado. Estando sentada no leito, Maria Valtorta
escrevia de seu punho em cadernos comuns, de um lance, sem preparar esquemas
nem corrigir. Freqüentemente alternava a versão dos episódios da obra maior com
aquela de outros argumentos, que teriam depois dado corpo às obras menores. Estas
últimas foram publicadas – além do volume da Autobiografia – em cinco volumes:





- três volumes de miscelânea intitulados Os cadernos
(respectivamente dos anos de 1943,1944, 1945- 50);





- o volume intitulado Livro de Azaria;





- o volume das Lições sobre a Epístola de Paulo aos Romanos.


  


"O Evangelho como me foi revelado"


  













































Narra o nascimento e a infância da Virgem Maria e do seu
filho Jesus, os três anos da vida publica de Jesus (que constituem a parte mais
ampla), a sua paixão, morte, ressurreição e ascensão, os primórdios da Igreja e
a assunção de Maria. Literariamente elevada, a obra descreve paisagens,
ambientes, pessoas, eventos, com a vivacidade de uma representação; apresenta
carateres e situações com habilidade introspectiva; expõe alegrias e dramas com
o sentimento de quem participa realmente; informa sobre características
ambientais, costumes, ritos, culturas, com particulares irrepreensíveis.
Através da aliciante narração da vida terrena do Redentor, especialmente com os
discursos e os diálogos, a obra ilustra toda a doutrina do cristianismo segundo
a ortodoxia católica. “Dons naturais e dons místicos harmoniosamente unidos –
assim descreveu o Veneravel Gabriele M. Allegra, ilustre apreciador da obra
valtortiana – explicam esta obra-prima da literatura religiosa italiana e
talvez, deveria dizer, da literatura cristã mundial”.





Como adquirir a obra em Português:








Assunção da Virgem Maria - visões de Maria Valtorta


Visões de Maria Valtorta*

8 de dezembro 

Quantos dias se passaram? É difícil precisar. Se alguém julgasse pelas flores que formam a coroa em volta do corpo inerte, diria que se passaram apenas algumas horas. Porém se julgasse pelos ramos de oliveira sobre os quais as flores repousam, os ramos com as folhas já secas e por outras flores secas caídas como relíquias sobre a cobertura do esquife, poderia se concluir que alguns dias se passaram. 

Porém o corpo de Maria é exatamente o mesmo como se tivesse acabado de dar o último suspiro. Não há traço de morte na Sua face ou nas Suas pequeninas mãos. Não há nenhum odor desagradável no quarto. Ao contrário, um aroma indefinível como incenso, lírio, rosa, lírios do vale, ou ervas da montanha, se misturam e estão suspensos no ar. 

João, que não se sabe por quantos dias se manteve acordado, caiu no sono, vencido pelo cansaço, sentado num banquinho, seus ombros recostados à parede próxima a uma porta aberta que dá para o terraço. A luz da lamparina, que, do chão, ilumina-o, permite ver a sua face cansada, e também muito pálida, exceto a sombra avermelhada ao redor dos seus olhos, de tanto chorar. 

Já deve ser aurora, pois a luz pálida ilumina o terraço, e as oliveiras em volta da casa já são visíveis; uma luz que se torna cada vez mais forte e, penetrando pela porta, torna mais nítidos também os objetos do quarto, que, estando longe da lamparina, eram antes impossíveis de se visualizar. 

De repente, uma luz intensa enche o quarto, uma luz prateada com contorno azulado, quase fosfórica, se torna cada vez mais forte, fazendo desaparecer a aurora e a lamparina. Uma luz como aquela que inundou a Gruta em Belém, no momento da divina Natividade. Então, nesta luz paradisíaca, criaturas angelicais surgem, ainda mais brilhante, na luz já intensa que inundou o quarto. Como já acontecera quando os anjos apareceram para os pastores, uma dança de clarões de todas as matizes saem das suas asas e se movem suavemente, emitindo murmúrios harmoniosos, tão doces como se fossem tocados por uma harpa. 

As criaturas angelicais se posicionam em volta da pequena cama, se curvam diante dela, levantam o corpo imóvel e, batendo as asas mais vigorosamente, acentuando o som já existente, abrem uma passagem milagrosamente no teto, como abrira milagrosamente o Sepulcro de Jesus, e se elevam, levando o corpo da sua Rainha, o Santíssimo Corpo, é verdade, porém, ainda não glorificado, e, portanto, sujeito às leis da matéria, para as quais Cristo não era sujeito, pois Ele já estava glorificado quando ressuscitou dos mortos. O som produzido pelas asas angelicais aumenta, e agora é tão potente quanto o som de um órgão.

João, que, embora ainda adormecido, moveu-se duas ou três vezes sobre o seu banco, como se tivesse sido perturbado pela luz forte e pelo som das asas angelicais, desperta completamente por causa do som poderoso, e, também, por causa da forte corrente de ar que, descendo da abertura do teto e atravessando a porta aberta, forma um turbilhão que agita a colcha da cama, agora vazia, e a vestimenta de João, apagando a lamparina e fechando a porta com uma batida forte. 

O Apóstolo olha em volta, ainda meio sonolento, para reparar o que está acontecendo. Nota que a cama está vazia e que o teto está aberto. Entende que um acontecimento maravilhoso teve lugar. Sai para o terraço, e, como pelo instinto espiritual, ou por uma chamada celestial, levanta a sua cabeça, fazendo sombra com as mãos sobre os olhos, evitando o sol, a fim de ver, sem no entanto ser impedido de olhar para o sol nascente. 

E ele vê. Vê o corpo de Maria, ainda sem vida, como que adormecido, ascendendo cada vez mais alto, sustentado pelo grupo angelical. Como último gesto de adeus, as bainhas da manta e do véu são agitadas, provavelmente pelo vento causado pela rápida assunção e pelo movimento das asas angelicais; e algumas flores, aquelas que João colocou e renovou em volta do corpo de Maria, e que com certeza permaneceram entre as dobras do seu vestido, chovem sobre o terraço e sobre o chão do Getsêmani, enquanto a hosana potente do grupo angelical se move cada vez mais longe e se torna tênue. 

João continua a fitar aquele corpo que se eleva em direção ao Céu e, através, certamente, de um prodígio concedido a ele por Deus, para confortá-lo e compensá-lo por seu amor à sua Mãe adotiva, vê distintamente Maria, envolta agora pelos raios do sol já bem alto, aparecer da êxtase que separou a Sua alma do Seu corpo, e ressuscitar, colocar-se em pé, à medida que agora goza também dos dons típicos dos corpos já glorificados. 

João olha e vê. O milagre concedido a ele por Deus permite-lhe, contra todas as leis naturais, ver Maria como Ela é agora, enquanto ascende rapidamente ao Céu, cercada, porém agora não mais auxiliada pelos anjos que cantam hosanas. E João está extasiado pela visão da beleza que nenhuma pena do homem, a palavra humana, ou trabalho de artista poderá ser capaz de descrever ou reproduzir, porque é de uma beleza indescritível. 

João, ainda recostado contra a parede baixa do terraço, continua a fitar aquela forma brilhante e esplêndida de Deus - porque Maria pode realmente ser dita assim, formada de uma maneira única por Deus, Que desejou-A imaculada, para que Ela pudesse formar o Verbo Encarnado - enquanto ascende cada vez mais alto. E DDeus-Amor permite-lhe um último prodígio supremo para o Seu perfeito discípulo amoroso: ver o encontro da Mãe Santíssima com o Seu Filho Santíssimo, Que também esplêndido e reluzente, indescritivelmente belo, desce rapidamente do Céu, alcança a Sua Mãe, aperta-A no Seu coração e, juntos, mais brilhantes que dois astros do céu, dirigem-Se ao Céu de onde Ele veio. 

A visão de João terminou. Ele abaixa a sua cabeça. Sobre a sua face cansada, estão visíveis tanto a sua dor da perda de Maria quanto a sua alegria pelo Seu glorioso destino. Porém, agora a alegria excede a dor. 

Ele exclama: “Obrigado, Meu Deus! Obrigado! Eu previ que tudo isto ia acontecer. E queria estar acordado, a fim de não perder nenhum momento da Sua Assunção. Porém já não dormia há três dias! Sono, cansaço, junto com a dor, sobrevieram e derrotaram-me justamente quando a Sua Assunção era iminente... Porém, talvez Vós quisestes assim, ó Deus; para que eu não me afligisse naquele momento, nem que sofresse mais... Sim, Vós certamente assim desejáveis e agora, quisestes que eu visse aquilo que sem o Vosso milagre, não poderia ver. Permitistes vê-La novamente, embora já tão longe, já glorificada e gloriosa, porém, como se Ela estivesse perto de mim. E ver Jesus novamente! Oh! Visão felicíssima, inesperada e não aguardada! Ó dom dos dons de Deus-Jesus para com seu discípulo João! Graça Suprema! Ver Meu Mestre e Senhor novamente! Vê-Lo próximo à Sua Mãe! Ele como o sol, Ela como a lua, astros esplendorosos, pois estavam gloriosos e felizes por se reunirem para sempre! O que o Paraíso será agora que Vós brilhais nele, Seus maiores astros da Jerusalém celeste? Qual o júbilo dos coros angelicais e dos santos? É tal a alegria que a visão da Mãe com Seu Filho me concedeu, algo que cancela toda a dor Dele, todas as dores de Ambos, e mais, também a minha, e a paz me domina. Dos três milagres que pedi a Deus, dois se realizaram. Vi a vida retornar à Maria, e sinto a paz voltar para mim. Toda a minha angústia termina porque presenciei-Vos reunidos na glória. Obrigado por tudo isto, ó Deus. E obrigado por terdes feito tudo isto para que eu veja, mesmo para uma criatura santíssima, todavia ainda humana, aquilo que cabe aos santos, aquilo que acontecerá após o último julgamento, a ressurreição do corpo, a sua reincorporação, sua fusão com o seu espírito, que ascende ao Céu no momento da sua morte. Eu não precisava ver para crer. Pois sempre acreditei firmemente cada palavra do Mestre. Porém muitos duvidarão disto, após eras e milhares de anos, e a carne, que se tornará pó, é permitido tornar-se um corpo vivo. Serei capaz de dizer-lhes, jurando pelas coisas mais sublimes, que não apenas Cristo ressuscitou, pelo seu próprio poder divino, assim também a Sua Mãe, três dias após a Sua morte, se de morte isto pode ser chamado, ressuscitou, e com a Sua carne juntando-se à Sua alma, elevou-Se para a abóbada eterna do Céu, ao lado do Seu Filho. Serei capaz de dizer: “Creiam, ó Cristãos, nos corpos ressuscitados, no fim do tempo, e na vida eterna de almas e corpos, uma vida bem-aventurada de santos, e terrível para as pessoas culpadas, impiedosas e sem arrependimento. Creiam e vivam como santos, como viveram Jesus e Maria, a fim de adquirir o que Eles obtiveram. Vi Seus corpos ascenderem ao Céu. Posso testemunhá-los. Vivam como justos, para que um dia possam estar no mundo eterno, em corpo e alma, próximo ao Sol-Jesus, e Maria a Estrela de todas as estrelas.” Novamente obrigado ó Deus! Agora deixai-me juntar o que resta Dela. As flores caídas dos seus vestidos, os ramos da oliveira deixados na cama, e deixai-me preservá-los. Eles servirão... Sim, eles servirão para ajudar a confortar os meus irmãos, que tenho esperado em vão. Cedo ou tarde os encontrarei...” 

Ele recolhe as pétalas das flores que caíram do céu, volta ao quarto, segurando-as envoltas na sua túnica. Então olha mais cuidadosamente à abertura do teto e exclama: “Outro milagre! E outra proporção maravilhosa nos prodígios das vidas de Jesus e Maria! Ele, Deus, ascendeu por Si, e por Sua vontade deslocou a pedra da Sua Sepultura, e apenas com o seu próprio poder, ascendeu ao Céu. Por Si. Maria, a Mãe Santíssima, porém, filha de um homem, por meio do auxílio angelical, teve a sua passagem aberta para a Sua assunção para o Céu, e sempre através de auxílio angelical, foi assunta. No Cristo o espírito voltou a animar o Seu Corpo enquanto estava ainda na Terra, porque tinha de ser assim, para silenciar os Seus inimigos e para  confirmar todos os Seus seguidores na Sua Fé. Em Maria o espírito voltou ao Seu Santíssimo Corpo quando estava nos domínios do Paraíso, pois não havia outra necessidade para Ela. Poder perfeito da Sabedoria Infinita de Deus!...” 

João agora recolhe numa peça de pano, as flores e ramos que estavam ainda na pequena cama, ele adiciona a estes, o que havia recolhido fora, e coloca-os sobre a tampa do esquife. Então, abre-o e guarda o pequeno travesseiro de Maria e a colcha da pequena cama nela; desce à cozinha, junta outros utensílios usados por Ela - as agulhas, a roca para fiar, e os Seus utensílios da cozinha - e os acrescenta às outras coisas. 


Fecha  o esquife e senta-se no banquinho exclamando: “Agora tudo está consumado para mim também! Posso ir livremente onde quer que o Espírito de Deus me leve. Posso ir!  E semear a Palavra Divina que o Mestre me deu para que possa transmiti-la aos homens. E ensinar o Amor. Ensiná-lo para que eles possam crer no Amor e no seu poder. Fazê-los conhecer o que o Deus-Amor tem feito para os homens. O Seu Sacrifício e o Seu Sacramento e o Rito perpétuo, por meio do qual, até o fim dos tempos, seremos capazes de estarmos unidos ao Jesus Cristo na Eucaristia e renovar o Rito e o Sacrifício que Ele nos ordenou a levar adiante. Todos os dons do Amor perfeito! Fazê-los amar o Amor para que possam crer Nele, como nós verdadeira e sinceramente cremos. Semear o Amor para que a colheita seja abundante para o Senhor . O Amor alcança tudo, Maria disse-me na Sua última conversa comigo, aquele que Ela definiu justamente , no Colégio Apostólico como aquele que ama, aquele amoroso preeminente, o antítese de Iscariotes, que era ódio, como Pedro era impetuoso, e André brandura, os filhos de Alfeu, santidade e sabedoria combinadas à nobreza de caráter, e assim por diante. Eu, o discípulo que ama, agora que já não tenho nem o Mestre e nem a Mãe para amar na terra, sairei para espalhar o amor entre as nações. O Amor será a minha arma e a minha doutrina. E por meio dele derrotarei o demônio, o paganismo e conquistarei muitas almas. Assim continuarei o trabalho de Jesus e Maria Que eram o amor perfeito sobre a Terra.”

*  Sobre Maria Valtorta:

1.     Pe. Gabriel M. Roschini, Professor da Universidade Pontifical Laterana de Roma, Filósofo e Teólogo, um Mariologista de renome, declarou que “Maria Valtorta (1897 - 1961) de Viareggio, Itália é uma das 18 maiores personagens místicas de todos os tempos.”

2.     Monsenhor Ugo Latanzi, Diácono da Faculdade de Teologia da Universidade Pontifical Laterana, escreveu em 1951: “A autora... não poderia ter escrito tais materiais abundantes... sem estar sob influência do poder sobrenatural”.

3.     Monsenhor Alfonso Carinci, Secretário da Congregação dos Ritos Sagrados, afirmou em 1946: “Não há nada nela contrária ao Evangelho. Pelo contrário, este trabalho é um bom complemento do Evangelho, contribui para o melhor entendimento do seu significado... Os discursos do Nosso Senhor não contêm nada que seja contrária ao seu espírito.”

4.     O Papa Pio XII afirmou numa audiência particular em 1948: “Publique este trabalho como está... Quem o ler compreenderá.” (Osservatore Romano, 26 de Fev., 1948).

Maria Valtorta nasceu em Caserta no dia 14 de março de 1897, filha única de um Oficial da Cavalaria e de uma ex-professora de Frances, ambos lombardos. Criou e formou-se em várias cidades do norte (Faenza, Milão, Voghera) mostrando um caráter forte, ressaltados a capacidade humana e extraordinários dotes espirituais. Completou os seus estudos no prestigioso Colégio Bianconi de Monza.

Durante a Primeira Guerra Mundial foi enfermeira “samaritana” no Hospital Militar de Florença, cidade em que morou por muito tempo e onde foi marcada pelas provas mais duras, provocadas pela terrível mãe, que por duas vezes infligiu um seu legitimo sonho de amor, e por um subversivo, que pela rua lhe desferiu uma paulada nos rins. Recobrou-se, em parte, com umas férias de dois anos em Reggio Calábria, junto a parentes ricos e dedicados.

Em 1924 estabelecia-se com os pais em Viareggio, onde aplicou-se, na Paróquia, como delegada da cultura para os jovens de Ação Católica. No entanto, os seus sofrimentos aumentavam e a sua ascensão culminava em heróicas ofertas de si por amor a Deus e à humanidade. A sua verdadeira missão, aquela de escritora mística, amadureceu e desdobrou-se nos anos centrais da sua longa enfermidade, que a obrigou a estar de cama desde 1934 até à sua morte, ocorrida em Viareggio no dia 12 de outubro de 1961.

Em 1943, enferma há nove anos, Maria Valtorta aderiu a um pedido do confessor e escreveu a sua Autobiografia. Revelando o seu talento de escritora, preencheu, em um lance, sete cadernos para narrar sem reticências a própria vida, humana até à passionalidade, ascética até o heroísmo. Logo em seguida dava inicio a uma produção literária prodigiosa.

A maior obra de Maria Valtorta, publicada em 10 volumes, é O Evangelho como me foi revelado. Estando sentada no leito, Maria Valtorta escrevia de seu punho em cadernos comuns, de um lance, sem preparar esquemas nem corrigir. Freqüentemente alternava a versão dos episódios da obra maior com aquela de outros argumentos, que teriam depois dado corpo às obras menores. Estas últimas foram publicadas – além do volume da Autobiografia – em cinco volumes:

- três volumes de miscelânea intitulados Os cadernos (respectivamente dos anos de 1943,1944, 1945- 50);

- o volume intitulado Livro de Azaria;

- o volume das Lições sobre a Epístola de Paulo aos Romanos.
  
"O Evangelho como me foi revelado"
  
Narra o nascimento e a infância da Virgem Maria e do seu filho Jesus, os três anos da vida publica de Jesus (que constituem a parte mais ampla), a sua paixão, morte, ressurreição e ascensão, os primórdios da Igreja e a assunção de Maria. Literariamente elevada, a obra descreve paisagens, ambientes, pessoas, eventos, com a vivacidade de uma representação; apresenta carateres e situações com habilidade introspectiva; expõe alegrias e dramas com o sentimento de quem participa realmente; informa sobre características ambientais, costumes, ritos, culturas, com particulares irrepreensíveis. Através da aliciante narração da vida terrena do Redentor, especialmente com os discursos e os diálogos, a obra ilustra toda a doutrina do cristianismo segundo a ortodoxia católica. “Dons naturais e dons místicos harmoniosamente unidos – assim descreveu o Veneravel Gabriele M. Allegra, ilustre apreciador da obra valtortiana – explicam esta obra-prima da literatura religiosa italiana e talvez, deveria dizer, da literatura cristã mundial”.

Como adquirir a obra em Português: