sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Samba do Grande Amor








Samba do Grande Amor

Chico Buarque


Tinha cá pra mim

Que agora sim

Eu vivia enfim o grande amor

Mentira

Me atirei assim

De trampolim

Fui até o fim um amador

Passava um verão

A água e pão

Dava o meu quinhão pro grande amor

Mentira

Eu botava a mão

No fogo então

Com meu coração de fiador


Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito

Exijo respeito, não sou mais um sonhador

Chego a mudar de calçada

Quando aparece uma flor

E dou risada do grande amor

Mentira


Fui muito fiel

Comprei anel

Botei no papel o grande amor

Mentira

Reservei hotel

Sarapatel

E lua-de-mel em Salvador

Fui rezar na Sé

Pra São José

Que eu levava fé no grande amor

Mentira

Fiz promessa até

Pra Oxumaré

De subir a pé o Redentor



Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito

Exijo respeito, não sou mais um sonhador

Chego a mudar de calçada

Quando aparece uma flor

E dou risada do grande amor

Mentira

Samba do Grande Amor





Samba do Grande Amor

Chico Buarque


Tinha cá pra mim

Que agora sim

Eu vivia enfim o grande amor

Mentira

Me atirei assim

De trampolim

Fui até o fim um amador

Passava um verão

A água e pão

Dava o meu quinhão pro grande amor

Mentira

Eu botava a mão

No fogo então

Com meu coração de fiador


Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito

Exijo respeito, não sou mais um sonhador

Chego a mudar de calçada

Quando aparece uma flor

E dou risada do grande amor

Mentira


Fui muito fiel

Comprei anel

Botei no papel o grande amor

Mentira

Reservei hotel

Sarapatel

E lua-de-mel em Salvador

Fui rezar na Sé

Pra São José

Que eu levava fé no grande amor

Mentira

Fiz promessa até

Pra Oxumaré

De subir a pé o Redentor



Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito

Exijo respeito, não sou mais um sonhador

Chego a mudar de calçada

Quando aparece uma flor

E dou risada do grande amor

Mentira

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Sem Título (Paulo Leminski)




Brigitte Bardot 1952

Sem título  (Paulo Leminski)



Eu tão isósceles

Você ângulo

Hipóteses

Sobre o meu tesão



Teses sínteses

Antíteses

Vê bem onde pises

Pode ser meu coração

Sem Título (Paulo Leminski)

Brigitte Bardot 1952
Sem título  (Paulo Leminski)

Eu tão isósceles
Você ângulo
Hipóteses
Sobre o meu tesão

Teses sínteses
Antíteses
Vê bem onde pises
Pode ser meu coração

Timidez (Cecilia Meireles)







Timidez (Cecilia Meireles)








Basta-me um pequeno gesto,





feito de longe e de leve,





para que venhas comigo





e eu para sempre te leve...








- mas só esse eu não farei.








Uma palavra caída





das montanhas dos instantes





desmancha todos os mares





e une as terras mais distantes...







- palavra que não direi.










Para que tu me adivinhes,





entre os ventos taciturnos,





apago meus pensamentos,





ponho vestidos noturnos,










- que amargamente inventei.










E, enquanto não me descobres,





os mundos vão navegando





nos ares certos do tempo,





até não se sabe quando...








- e um dia me acabarei.








entre o planeta e o Sem-Fim,





a asa de uma borboleta.


Timidez (Cecilia Meireles)


Timidez (Cecilia Meireles)


Basta-me um pequeno gesto,

feito de longe e de leve,

para que venhas comigo

e eu para sempre te leve...


- mas só esse eu não farei.


Uma palavra caída

das montanhas dos instantes

desmancha todos os mares

e une as terras mais distantes...


- palavra que não direi.


Para que tu me adivinhes,

entre os ventos taciturnos,

apago meus pensamentos,

ponho vestidos noturnos,


- que amargamente inventei.


E, enquanto não me descobres,

os mundos vão navegando

nos ares certos do tempo,

até não se sabe quando...


- e um dia me acabarei.


entre o planeta e o Sem-Fim,

a asa de uma borboleta.

Reinaldinho do Bloco D

Noite de sábado, maior confusão no 403. A vizinha do 401 chamou o síndico, que mora no 502. Em um minuto já estavam batendo na porta, que é aberta por uma mocinha esquálida, de olhos esbugalhados, ainda se vestindo.

A senhorita mora aqui?

Não, mas ela mora, disse apontando para uma senhora que apareceu na sala, enrolada num lençol.

A senhora pode explicar o que aconteceu?

Tudo se deu de uma forma tão estranha, por que deu que assim que eu cheguei em casa, deparei com aquela cena ridícula dele na cama com a minha melhor amiga. Meu Deus do céu, o que ela fez para merecer isto? Então eu comecei a rir daquilo tudo, e parecia que eu flutuava, mas também eu era uma bola, sei lá, só sei que quando me vi, estava enquadrada na moldura da cama, feito uma obra de arte.

O senhor tem algo a dizer?

Então, eu estava em casa de boa, esperando a hora de ver o jogo passar na TV, então ela foi entrando, tipo assim, muito doida, esbaforida, e já foi logo tirando a roupa, correndo para a cama, gritando vem, vem, vem. Caramba, ela é muito gostosa. Fiquei uns dois segundos refletindo sobre o fato dela ser totalmente desconhecida, mas estava deliciosamente pelada. Fui atrás de forma tranquila, até que ao entrar no quarto, ela foi me agarrando, beijando, e quando tentei segurá-la, me puxou para a cama, quando perdi o controle da televisão, digo, da situação. 
Ouvi um grito vindo do corredor, e era ela veio entrando, coincidentemente pelada e doidona também, aí, na correria, deu mais uns gritos e pulou na cama, e as duas foram aos tapas, gritos, urros e mais um punhado de coisas aí.

E a senhorita? Está em condições de explicar o ocorrido?

- Ocorrido? O que ocorreu? Onde estou? Cadê minhas roupas? Este vestido rosa não é meu. Quem é este pessoal todo? Não estou entendendo nada.

A senhora disse que eram amigas. Como explica isto?

- Então, parecia demais com minha amiga, não é, Reinaldinho? Mas agora, com mais calma, olhando assim com luz, eu tenho dúvidas. Não é, Reinaldinho? A Marileide é mais alta, e mais magra, engraçado, acho que não é ela. Não é, Reinaldinho?

O senhor concorda com a sua esposa?

Minha esposa? Mas ela não é minhas esposa, nem eu sou o Reinaldinho, e não entendi nada até agora.

A senhorita entende o que está ocorrendo e pode explicar isto?

Espera aí, aquela não é a Avenida da Ladeira, nº 125, Bloco B, apto 403? Você não é o Reinaldinho?

O senhor pode responder.

Sim e não - Aqui é a Avenida da Ladeira, n/ 125, Bloco D, apto 403 ... espera aí, você não é a esposa do Reinaldinho Zangado? Caramba! Puxa vida, esposa do Reinaldinho ...

A senhora é esposa do Reinaldinho Zangado?

Sim, sou eu mesma, gente, que vergonha, eu posso explicar. Estava tudo escuro, meu Deus do céu, o que eu fiz? Era um desejo antigo dele, sabe? - então eu estava numa festinha no Bloco A e conheci esta menina que aceitou fazer esta surpresa como um presente de aniversário. Desculpe, olha, desculpe mesmo, na pressa eu errei de Bloco.

Está tudo bem para vocês? Podemos ir então? Temos outros chamados mais sérios que isto.

Claro, claro. Muito obrigado pelo rápido atendimento, estou indo agora para explicar isto ao meu marido.

E eu? Onde estou, quem são vocês? Espera, eu vou com você, para te ajudar a explicar tudinho ao Reinaldinho.

Puxa vida, puxa vida!!! Que inveja. O pior é que não tenho nem ao menos uma roupa igual às do Reinaldinho.

É isto aí!




sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O Blend e o vento encanado






- Fulano roubou - ou cunhou? será que roubar e cunhar é igual? - meio bilhão  e rodou o mundo, disse Meirinha, enquanto lia o jornal e balançava-se na cadeira, na varanda, de frente para a roça.





- É a danada da maconha transgênica que faz isto, rebateu Juleidson, cortando a palha no canivete. Este povo fica preparando uns negócios malvados que termina num baseado no qual acham que podem fazer quase tudo.









- E aqui tem aquele outro, Juleidson, o tal galã leblon do botox, que está se esfarelando todo.









- Este aí é maconha estragada, Meirinha. Não vale a corda do cânhamo. Dobrou paciente a palha seca, curtida na sombra até ficar pronta para uso.









- Olha aqui, Juleidson, aqui no jornal tem outro moço branquinho, com cara lavada, daqueles que ganham muito dinheiro para falar bobagem só prá branco - ele falou que a búlgara está rodeando o suíço, o tal de óvisqui, troviskim, enfim, o da batina preta, para rolar um clima de amor carnal.









- Fez ouvido de mercador, deu de ombros e colocou o blend na palha em V, previamente tamisado e homogeneizado, composto de folhas secas de canhamo indiano com fumo legítimo de Ubá, uma pitada de determinada erva que era segredo de família, proibido de ser revelado, um pouco de cacau, essência de tomilho e um elemento etéreo do reino fungi, catalizador de viagens cósmicas.



- Juleidson, o dia está bonito demais hoje, não acha? Por causa de que estes bandidos roubam tanto assim do povo?






- Olhou para o céu alaranjado da tarde, apalpou o preparado dentro da palha de milho, apertando levemente com o indicador pressionando o polegar, deu uma cuspida para o lado e disse - estão todos amaconhados, Meirinha, mas de erva barata, destas de escala comercial produzidas com defensivos agrícolas e financiamento bancário. Se fosse orgânico, nada disto aconteceria.



- É, Juleidson, as notícias chegam numa rapidez, não é mesmo?



- Meirinha, por causa do que você está me rodeando desde cedo e falando destas coisas todas hoje?



- Uai, Juleidson, por nada, ué!



- Por nada? Fica aí lendo notícias, dando volta, tem mais notícia?









- Falando nisto, Juleidson, já que perguntou, a nossa filha, a Emereciana, pegou um vento encanado e deu barriga.









- Foi assim? Vento encanado?









- É, Juleidson, agora que a ciência falou que vento encanado gera energia, e a dona coisa lá, chefa de brasília revelou pro mundo, só pode ser isto.









- Meirinha, vai lá dentro e busca aquele litro de cachaça, por que vou preparar outra palha para você, para modo de nós dois entendermos destas coisas todas, e se achar aqueles dois ácidos que seu irmão perdeu num pote azul pequeno, escrito trigo integral, escondido por detrás da cômoda, traz também.









É isto aí


O Blend e o vento encanado

- Fulano roubou - ou cunhou? será que roubar e cunhar é igual? - meio bilhão  e rodou o mundo, disse Meirinha, enquanto lia o jornal e balançava-se na cadeira, na varanda, de frente para a roça.

- É a danada da maconha transgênica que faz isto, rebateu Juleidson, cortando a palha no canivete. Este povo fica preparando uns negócios malvados que termina num baseado no qual acham que podem fazer quase tudo.

- E aqui tem aquele outro, Juleidson, o tal galã leblon do botox, que está se esfarelando todo.

- Este aí é maconha estragada, Meirinha. Não vale a corda do cânhamo. Dobrou paciente a palha seca, curtida na sombra até ficar pronta para uso.

- Olha aqui, Juleidson, aqui no jornal tem outro moço branquinho, com cara lavada, daqueles que ganham muito dinheiro para falar bobagem só prá branco - ele falou que a búlgara está rodeando o suíço, o tal de óvisqui, troviskim, enfim, o da batina preta, para rolar um clima de amor carnal.

- Fez ouvido de mercador, deu de ombros e colocou o blend na palha em V, previamente tamisado e homogeneizado, composto de folhas secas de canhamo indiano com fumo legítimo de Ubá, uma pitada de determinada erva que era segredo de família, proibido de ser revelado, um pouco de cacau, essência de tomilho e um elemento etéreo do reino fungi, catalizador de viagens cósmicas.

- Juleidson, o dia está bonito demais hoje, não acha? Por causa de que estes bandidos roubam tanto assim do povo?

- Olhou para o céu alaranjado da tarde, apalpou o preparado dentro da palha de milho, apertando levemente com o indicador pressionando o polegar, deu uma cuspida para o lado e disse - estão todos amaconhados, Meirinha, mas de erva barata, destas de escala comercial produzidas com defensivos agrícolas e financiamento bancário. Se fosse orgânico, nada disto aconteceria.

- É, Juleidson, as notícias chegam numa rapidez, não é mesmo?

- Meirinha, por causa do que você está me rodeando desde cedo e falando destas coisas todas hoje?

- Uai, Juleidson, por nada, ué!

- Por nada? Fica aí lendo notícias, dando volta, tem mais notícia?

- Falando nisto, Juleidson, já que perguntou, a nossa filha, a Emereciana, pegou um vento encanado e deu barriga.

- Foi assim? Vento encanado?

- É, Juleidson, agora que a ciência falou que vento encanado gera energia, e a dona coisa lá, chefa de brasília revelou pro mundo, só pode ser isto.

- Meirinha, vai lá dentro e busca aquele litro de cachaça, por que vou preparar outra palha para você, para modo de nós dois entendermos destas coisas todas, e se achar aqueles dois ácidos que seu irmão perdeu num pote azul pequeno, escrito trigo integral, escondido por detrás da cômoda, traz também.

É isto aí

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Gilda

A moça tinha quarenta e sete anos, solteira, funcionária pública no último grau de ascendência, sem perspectivas maiores, apolítica, apartidária e à espera da aposentadoria. Andava sem nenhuma ostentação, mas sua elegância natural garantia-lhe certa visibilidade. 

Nas suas angústias, de certa forma, sentia-se amada, mas também desamada, e apaixonada, embora permitisse sentir-se desapaixonada Nos últimos vinte e cinco anos havia ficado, namorado, embolado, desembolado, por várias vezes, sempre com o mesmo rapaz. Desde a faculdade esta paixão sempre foi super mal resolvida, e dela nunca vira a luz no final do túnel.

Frequentava sempre o mesmo salão, comprava sempre as roupas parecidas, tinha sempre sapatos no mesmo modelo, férias sempre na mesma praia, chamava sempre o mesmo táxi, ia sempre aos mesmos bares, restaurantes e conversava sempre com as mesmas pessoas sobre os mesmos assuntos.

Enfim, era feliz e ninguém tinha nada com isto, até que se encantou com Claudionor, um estafeta na pré- juventude. Feito louca, alucinada e criança, lambuzou-se do mel em deleite eterno por uma eternidade que perdurou por dias a fio.

Refeita das naturezas da paixão, retornou ao seu habitual amor mal resolvido, disputando a atenção do seu parceiro com a esposa deste e quem sabe com alguma outra que se deixou envolver com a peculiar habilidade sedutora dele.  

Findo mais um ciclo, voltou à rotina, até que conheceu Betão, um novo garçom do seu predileto restaurante, que achou-a em tudo muita coisa. Feito louca, alucinada e criança, lambuzou-se mais uma vez do mel em deleite eterno por um período infinito que durou uma eternidade de tempo finito, mortal e prazeroso.

Refeita das naturezas da paixão, retornou ao seu habitual amor mal resolvido, entre finais de tarde de sábados e nos horários possíveis durante o expediente.

Como um carrossel, voltou ao ponto de origem dos conflitos, e foi numa sala de espera de determinado analista que conheceu o Almeida, um discreto cavalheiro com seus cinquenta anos, divorciado, que era destes que pagam as contas, abrem as portas, oferecem flores, e não têm pressa e achou tudo muito intrigante. 

Quase se entregando a um relacionamento para toda a sua vida, percebeu que no quesito paixão ainda cabiam novas questões a serem levantadas, digamos assim, e então buscou novamente Claudionor e a roda girou ... girou ... e foi feliz para sempre!

É isto aí!


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Eu odeio dias de chuva!

Você me ama? - perguntou a jovenzinha ao seu amado.

Sério isto? Você quer saber de uma coisa que é só minha?

Só sua? Como assim só sua?

Você, meu bem, você é só minha.


Puxa, que susto. Sei lá, de repente me vi sem seu amor.

Bobinha.

Você acha que teremos muitos filhos?

Não está queimando etapas aí não?

Como assim? Acho até muito natural, enquanto mulher, conversar estas coisas.

Sei, também vai perguntar se lavo as vasilhas, se abaixo a tampa do vaso, se fecho a torneira, se deixo copo e roupa pela casa toda, se ...

Você faz isto mesmo? Nossa, detesto pensar que um homem pode fazer tudo isto e se achar.

Eu odeio dias de chuva!

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Fernanda Takai e Zélia Duncan - Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme

Fernanda Takai e Zélia Duncan - Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme

Marisa Monte * AMOR I LOVE YOU * (1999)


Deixa eu dizer que te amo


Deixa eu pensar em você


Isso me acalma, me acolhe a alma


Isso me ajuda a viver





Hoje contei pras paredes


Coisas do meu coração


Passei no tempo, caminhei nas horas


Mais do que passo a paixão





É um espelho sem razão


Quer amor, fique aqui





Deixa eu dizer que te amo


Deixa eu gostar de você


Isso me acalma, me acolhe a alma


Isso me ajuda a viver





Hoje contei pras paredes


Coisas do meu coração


Passei no tempo, caminhei nas horas


Mais do que passo a paixão


É o espelho sem razão


Quer amor, fique aqui





Meu peito agora dispara


Vivo em constante alegria


É o amor que está aqui





Amor I Love You ....





( Texto - trecho do Livro O primo Basílio - Eça de Queiroz)





"tinha suspirado,


tinha beijado o papel devotamente!


Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades,


e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas,


como um corpo ressequido que se estira num banho tépido;


sentia um acréscimo de estima por si mesma,


e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante,


onde cada hora tinha o seu encanto diferente,


cada passo condizia a um êxtase,


e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!"








Amor I Love You / Citação: Trecho da Obra Intitulada "Primo Basilio" De Eça de Queiroz...
Fonte Youtube: yavieneelsol (Aquí resiste la buena música)

Marisa Monte * AMOR I LOVE YOU * (1999)


Deixa eu dizer que te amo
Deixa eu pensar em você
Isso me acalma, me acolhe a alma
Isso me ajuda a viver

Hoje contei pras paredes
Coisas do meu coração
Passei no tempo, caminhei nas horas
Mais do que passo a paixão

É um espelho sem razão
Quer amor, fique aqui

Deixa eu dizer que te amo
Deixa eu gostar de você
Isso me acalma, me acolhe a alma
Isso me ajuda a viver

Hoje contei pras paredes
Coisas do meu coração
Passei no tempo, caminhei nas horas
Mais do que passo a paixão
É o espelho sem razão
Quer amor, fique aqui

Meu peito agora dispara
Vivo em constante alegria
É o amor que está aqui

Amor I Love You ....

( Texto - trecho do Livro O primo Basílio - Eça de Queiroz)

"tinha suspirado,
tinha beijado o papel devotamente!
Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades,
e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas,
como um corpo ressequido que se estira num banho tépido;
sentia um acréscimo de estima por si mesma,
e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante,
onde cada hora tinha o seu encanto diferente,
cada passo condizia a um êxtase,
e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!"



Amor I Love You / Citação: Trecho da Obra Intitulada "Primo Basilio" De Eça de Queiroz...
Fonte Youtube: yavieneelsol (Aquí resiste la buena música)

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Contos para aquecer o coração na Primavera!




Saiu de casa todo arrumado, perfumado, elegante e de face glabra. Passou na padaria, tomou um café expresso duplo, atravessou a rua, entrou na loja de trecos&coisas, e comprou uma lembrança vintage em prata, cafona, mas ainda resistente ao tempo. Saiu dali olhando compulsivamente para o relógio e chamou pela florista da rua, que vendeu-lhe um bouquet de rosas vermelhas, de tal intensidade, que chamavam a atenção dos transeuntes.





Entrou no táxi, e entregou o cartão com o endereço de destino, num bairro distante e totalmente desconhecido da sua vida. O motorista olhou para ele, olhou para o papel, tornou a olhar e indagou se tinha certeza de que aquele era o lugar onde queria chegar. Acenou que sim com a cabeça, combinaram o preço e quarenta minutos depois estava diante da casa.





A rua era uma ladeira estreita com calçamento de pedra imperial, as casas tristes, assobradadas e encostadas umas nas outras, as janelas de madeira em estilo guilhotina, com venezianas abrindo para a rua, e as imensas portas duplas, davam um ar de século XIX à arquitetura local. Bateu solenemente na argola sobre uma chapa de aço, afixada no largo batente, e aguardou ser atendido.





A moça veio mansamente, abriu a porta sem nenhuma pressa, olhou para ele, olhou para a rua, olhou de novo para ele, olhou para as rosas, para o presente, sorriram mutuamente e alguém perguntou lá de dentro - quem é, Maristela? 





- Quem é, eu não sei não, mãe, mas o danado é lindo! 





E viveram felizes para sempre, enquanto acesa a chama!





É isto aí!







Contos para aquecer o coração na Primavera!

Saiu de casa todo arrumado, perfumado, elegante e de face glabra. Passou na padaria, tomou um café expresso duplo, atravessou a rua, entrou na loja de trecos&coisas, e comprou uma lembrança vintage em prata, cafona, mas ainda resistente ao tempo. Saiu dali olhando compulsivamente para o relógio e chamou pela florista da rua, que vendeu-lhe um bouquet de rosas vermelhas, de tal intensidade, que chamavam a atenção dos transeuntes.

Entrou no táxi, e entregou o cartão com o endereço de destino, num bairro distante e totalmente desconhecido da sua vida. O motorista olhou para ele, olhou para o papel, tornou a olhar e indagou se tinha certeza de que aquele era o lugar onde queria chegar. Acenou que sim com a cabeça, combinaram o preço e quarenta minutos depois estava diante da casa.

A rua era uma ladeira estreita com calçamento de pedra imperial, as casas tristes, assobradadas e encostadas umas nas outras, as janelas de madeira em estilo guilhotina, com venezianas abrindo para a rua, e as imensas portas duplas, davam um ar de século XIX à arquitetura local. Bateu solenemente na argola sobre uma chapa de aço, afixada no largo batente, e aguardou ser atendido.

A moça veio mansamente, abriu a porta sem nenhuma pressa, olhou para ele, olhou para a rua, olhou de novo para ele, olhou para as rosas, para o presente, sorriram mutuamente e alguém perguntou lá de dentro - quem é, Maristela? 

- Quem é, eu não sei não, mãe, mas o danado é lindo! 

E viveram felizes para sempre, enquanto acesa a chama!

É isto aí!


terça-feira, 13 de outubro de 2015

Estou de greve, meu amor

- Você não me procura mais, disse a esposa com olha perdido.

- O marido olhou por cima do óculos, abaixou o volume da televisão, e procurou uma resposta nos olhos da reclamante.

- Nem vem me olhar com este seu jeito de quem não sabe do que se trata. Você não me quer, e eu exijo saber o motivo.

- Eu te procurei ontem.

- Mas ontem não valeu, eu estava com minha crise de enxaqueca.

- Na quarta-feira eu te procurei.

- Nesta quarta agora?

- Sim, nesta quarta agora.

- Então, eu tinha feito escova, mão e pés, além de uma massagem linfática, não tinha como atender à sua procura.

- Entendo. Mas um dia antes, na terça-feira...

- Ah, não, terça-feira é o dia que encontro com as meninas no clube das mães, para uma série de bate-papos sobre crises existenciais, neuroses, filhos, etc e ocorre que sempre é muito tenso. E você sabe como chego cansadeérrima, e eu já expliquei isto para você um milhão de vezes.

- É mesmo, tinha até me esquecido. Mas teve a segunda-feira ...

- Segunda? Segundinha?!?! Meu amor, você é muito esquecidinho, pois sabe que para acabar com meus excessos do final de semana, eu malho até o esgotamento total nas tardes/noites da segunda-feira, senão você vai sempre falar que estou gorda.

- Mas eu nunca falei que você era gorda.

- Viu? Viu? Eu sabia... 

- O que você sabia, querida?

- Você é um monstro - disse com bastante ênfase - "eu nunca falei que você era gorda". Isto quer dizer que no seu subconsciente você me acha no presente, uma gorda.

- Você está louca.

- Aí. Louca e gorda, o binômio clássico do homem insensível.

- Chega, cansei, vou dormir.

- Isto, continua esnobando a minha presença, Vai me evitando, vai, está cheio de homem aí fazendo fila para me querer.

- Sério? Então para esquecer o risco de te perder, vem cá, vem...

- Nem morta, você me chamou de gorda e nem se deu ao trabalho de desmentir ou pedir desculpas!!!! De louca eu não me importo muito, até por que sou meio maluquinha mesmo, mas gorda?? Estou de greve, meu amor, estou de gê-erre-é- vê- é, entendeu, meu bem? Greve e amanhã apresentarei as minhas reivindicações.

É isto ai!

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Culpido da Rede

Tarde de inverno, com vento gelado e chuva fina. Violeta era toda esperança. Conhecera Rodolfinho num site de relacionamentos, ao qual pagou para esta finalidade. Afinal os cupidos também aderiram à cibernética mundial e fazem A conhecer B, gostar de C, apaixonar-se por D, e padecer de amor por E.

Esta arte não é nenhuma novidade sob os céus de Paris, Hong Kong, New York e Caratinga, uma das mais importantes megalópoles do mundo, só perdendo em importância para Patópolis, Smallville, Metrópolis e Gothan City. Visto isto, voltemos ao amor sem conhecer o outro e mesmo assim ser amor.

Era uma vez uma gostosona chamada Afrodite, linda, sedutora e liberal, que foi casada contra a vontade com um deus manco e feio (sic), e aí deu de ter uma vida de adultérios, luxúrias e paixões. Não bastasse isto, exigia ser reconhecida como a mais bela de todo o universo. (Conseguiu ligar os pontos?)

Numa destas suas dezenas de aventuras extra e pan conjugais, gerou Eros. Veja só você, o erótico nasceu do pornô e não o contrário, como quer acreditar sua vã filosofia. Eros encarnava a paixão e o amor em todas as suas manifestações. Logo que nasceu, Zeus, sabedor das perturbações que iria provocar, tentou obrigar Afrodite a se desfazer dele. Para protegê-lo, a mãe o escondeu num bosque, onde ele se alimentou com leite de animais selvagens.

Afrodite era orgulhos e vaidosa, pois além de ser uma deusa muito doida, exigia ser a única lindeza linda lindona e lindíssima da área. Aí ouviu dizer nas coxias, nos bastidores, nos corredores, e nas camas que frequentava que existia uma moça mais linda do que ela. A mocinha chamava-se Psiquê (uma inocente e frágil encantadora e dócil e linda e pura moça pobre da periferia do Olimpo). (onde você já viu isto?)

Mamãe chamou o filhinho, que era caçador, e disse - Eros, leve suas flechas envenenadas com a semente da paixão e acerte em Psiquê para que ela se apaixone e se case com um homem feio, horroroso, cruel, manco, tarado e pobre, pois isto irá destruir sua beleza cândida. É claro que isto era uma questão mal resolvida em sua vida pregressa, pois foi forçada a se casar com deus manco e feio. Eros era de tudo um pouco, inclusive um voyeur nato. Foi à caça e ficou apaixonado pela mocinha pura e inocente. Ficava horas espionando suas atividades domésticas, culturais e seus inenarráveis banhos de purificação.

Toda noite Eros vinha ver Psiquê, mas em uma forma invisível, igual aos encontros de hoje pelas Redes Sociais. A moça estava vivendo muito feliz naquele barracão de zinco sem telhado lá no morro. Eros comprou um castelo, encheu de ouro, prata, perfumaria, empregadas, mordomos, etc, banheira de hidromassagem, churrasqueira (pobre adora churrasqueira) e mandou um mané do Olimpo pedir a mão da mocinha pura em casamento para ele, mas com o detalhe de que ela jamais poderia ver seu rosto, pois mamãe mataria os dois se soubesse daquilo.  e a mocinha aceitou aquele sacrifício de se mudar de seu pobre barracão para o suntuoso palácio do rapaz.

Desde então, Eros passava a noite com a amada, no escurinho do quarto, só numa relação relacionada relativa, na tela fria do computador do Olimpo, numa época sem luz nem internet nem netflix nem nada. E a danadinha não se deixava vencer pelo cansaço. Mas foi passando o tempo, e Psiquê ficava cada vez mais curiosa para saber como era seu marido. 

Certa noite, quando Eros veio ver Psiquê, eles se encontraram e se amaram com todo o ritual cabalístico do Facebook. Mas quando, esgotado pelas odes a Onã, adormeceu, Psiquê escondida e no silêncio do seu quarto, pegou uma lamparina espiã online, acendeu-a, e quando  viu o belo jovem de rosto corado e cabelos loiros, ficou encantada. Porém, num pequeno descuido, ela deixou o som do celular ligado, e quando o seu whatsapp deu um alarme das suas irmãs pobres, ele acordou assustado e, ao ver Psiquê na tela, desapareceu.

O encanto todo acabou, o palácio os jardins e tudo que havia em volta desapareceu, como num passe de mágica. Psiquê voltou a ser pobre, ficou sozinha num lugar árido, pedregoso e deserto. Aí Eros enlouqueceu, recorreu a Zeus, suspirou, chorou, bateu as asas, estremeceu o Olimpo, até que mamãe, vendo-se condoída pelo mal que causou ao filhinho e percebendo que a Psiquê era uma lindinha, mas bem chatinha, entediante e sem sal, liberou a passagem e os dois viveram felizes para sempre. 

É isto aí!


domingo, 4 de outubro de 2015

Julgamento pelo Tribunal da Consciência

Todos de pé, para recebermos Sua Excelência, o Meritíssimo Juiz do Tribunal da Consciência.

- Como o réu se declara?

- Inocente, meritíssimo.

- O senhor réu citou a palavra Meritíssimo com "eme" minúsculo ou foi erro de expressão?

- Desculpe, Meritíssimo, não ocorrerá de novo.

- Prossigamos com a Promotoria.

- Meritíssimo, o réu cometeu crime de traição à amada, ao manter um romance com outrem.

- Outrem da mesma natureza?

- Isto, meri, desculpe, Meritíssimo, outrem referindo-se a uma vulgar outra - o agravante deu-se em curso com aquela safada sentada ali, com roupa de biscate. Trata-se portanto de uma mulher fêmea do sexo feminino duplo X com padrão de identificação social característico das feminilidades convencionais deste modus operandi já esclarecido sobre a meretricem.

- E como a Promotora define o fato?

- Meritíssimo, o delito deveu-se ao relacionamento adúltero do réu com esta vadia sentada ali no canto, que partilha de um relacionamento libidinoso extra-conjugal com o traste, digo, com o réu aqui presente, e usurpa dos valores morais, cristãos e éticos da sociedade brasileira.


- A promotoria tem provas materiais, testemunhais, sociais, capitais, etc e tais? Parece-me que a Promotora considera que a moça também é ré, o que causa-me espécie, pois há conflito de versões entre as partes, que por si só, não é suficiente para imputar a responsabilidade ao acusado, sobretudo quando não há nos autos outros elementos probatórios que confirmem a sua autoria. Como bem sabe a senhora Promotora, aqui pode-se aplicar o principio do in dubio pro reo, absolvendo-o.


- Data venia, Maritissimo, tenho todas as provas que imputam o réu ao crime e tenho todas as ferramentas para provar que este cafajeste é merecedor da pena máxima.

- Mas como assim, o que é isto? Esta mulher é uma louca.

- Senhor, com réu, é proibida a sua manifestação neste recinto enquanto não autorizado, e caso queira contestar ou arguir a Lei, deverá ser por seu advogado legalmente constituído. Se o senhor não tiver um advogado o Tribunal da Consciência lhe concederá um dativo.

- Eu sou a advogada dele, Meritíssimo.

- Protesto, Meritíssimo. Como Promotora da Consciência, informo que esta senhora é a mãe dele. Senhor Juiz, peço o impedimento desta advogada por improbidade.

- Eu é que protesto, Meritíssimo, a promotora é quem deveria ser impedida por duplicidade de interesses.

- Isto é uma avacalhação. Quem a senhora pensa que é para falar assim de mim, e o pior, comigo?

- Eu sou a advogada e mãe do réu. E a senhora é a piranha que se sentiu traída por ele, que tem um relacionamento sério e honesto com a mocinha ali sentada.

- Piranha? repete, sua sua sua bruxa gorrrrda e velha.

- Gorrrda é como vai ficar a sua face de égua com o excesso de hematomas que vou provocar nela.

- Senhoras, por favor, senhoras - seguranças, alguém, guardas ...

- Depois deste tumulto desagradável no ambiente sagrado da essência da Lei Universal da Consciência, e com o impedimento natural, físico e amordaçado das partes, não declaro o réu inocente, mas desde já concedo-o habeas corpus preventivo perpétuo, por que já está condenado pelos autos da natureza.

É isto aí!

Quem é você?

Lili, você por aqui? Que surpresa agradável. Na realidade estou estupefato. Quantos anos, puxa vida, tem uns vinte anos que não te via, desde a nossa, quer dizer, da sua ... Bem, lembrei que fomos ao baile juntos, nossa - você estava tão linda, mas foi a última vez que te vi, não deu, pois é, não deu ... - a vida nos conduziu por caminhos estranhos e agora a vejo aqui. Você não vai acreditar, mas eu pensei em você todos os dias da minha vida desde a nossa, digo, da minha despedida.

Sabe o que estou achando estranho? Você não mudou nada. Está tão linda, tão jovem, tão - olha só, vou falar uma coisa aqui que não deve ser encarada de forma pejorativa, você está tão gostosa, um doce de mulher num corpo esculpido com arte e prazer. É isto, está sim. E o batom? Gente, que saudades tenho desta boca, deste sorriso que você faz agora, deste desviar dos olhos para baixo quando eu fazia um elogio.

Você não falou nada ainda, fica aí tão bonita, me olhando. Posso saber onde estamos? Estou confuso. Isto aqui é um hospital? Um pronto socorro? Sabe como vim parar aqui? Estou nesta cama, espera - estou sem roupa sob este lençol. Meu Deus do céu, como foi isto? Pode chamar alguém? Não consigo me levantar, não estou sentindo as minhas pernas - e você vai ficar só olhando? Faça alguma coisa, fala comigo, me diz onde estamos. E este frio? De onde sopra este ar que não vejo janela. Estranho, não tem janelas aqui.

Olha aqui sua vaca, sua bandida, faça alguma coisa. Quer saber por que esqueci de você Por que você era o que é agora, uma inútil .. vaca-vaca-vaca ... alguém aí vem me socorrer - socorro ... por favor .. socorro!! Espera, Lili, não vá embora, perdão, perdão, perdão, espera, espera... 

Acorda Geraldinho, acorda.

Mamãe?... nossa, tive um pesadelo terrível. Engraçado. 

Eu, Geraldinho? Você deu de gritar por uma vaca. Por acaso eu era a vaca? 

Não, mamãe, a vaca ia me pegar e você me tirou de lá ao me acor ... espera aí, mamãe, você já tem uns dez anos que morreu!!! Socorro!!!! Socorroooooo!!!!!

Geraldo... Geraldo... acorda, Geraldo!!!

Nossa, que susto, que sonho mais doido, eu sonhei com a Lili, que já faleceu, depois com a mamãe, mas ela ficava me chamando de Geraldinho, e eu sempre detestei de me chamar assim, então eu surtei, sei lá, e aí ... espera aí, que lugar é este e quem é você?

É isto aí!

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Nunca fuja dos seus problemas.

Chegou em casa metodicamente às vinte e uma horas. Encontrou a porta do apartamento apenas encostada, achou estranho, mas nada que fosse capaz de assustá-lo, pois já ocorrera em outras ocasiões. Entrou em silêncio e dirigiu-se ao quarto, e para espanto, surpresa e dissabor, a esposa dormia sob cobertas, candidamente aos braços do Oliveira, um idiota do quarto andar.

Voltou sobre os mesmos passos para não despertar os amantes. Saiu e nunca mais voltou. Entrou no carro aos prantos, dirigiu por umas três horas, parou numa cidadezinha discreta, onde tentou dormir e não conseguiu. Na manhã seguinte seguiu sem rumo para algum lugar onde pudesse se encontrar. Rumou para a Bahia, sem motivos que justificassem, pois detestava praia.

Uma semana parando aqui, ali e acolá até chegar em Jandaíra, na divisa com Sergipe. Aquietou-se numa pousada, onde conheceu Dasdô, uma morena estonteante, educada e o melhor, de boa prosa. Dasdô tinha acabado de enviuvar, estava ali sem rumo e sem presente, e ele querendo ficar sem passado. Aquilo podia dar futuro.

Passado uns seis meses resolveu retornar, para ajeitar as coisas, cuidar do divórcio, pegar suas coisas e sobretudo, livrar-se da ferida que acabou levando-o ao seu amor. Ao chegar ao prédio, o porteiro pediu que aguardasse, enquanto chamava pelo síndico. Uns vinte minutos se passaram, a polícia apareceu e o levou à delegacia, por duplo homicídio doloso, por motivação passional. 

Naquela noite que sumiu, o casal de amantes fora assassinado por sua arma, encontrada sob a cama. Nunca conseguiu provar inocência e a viúva do Oliveira, de posse de uma pequena fortuna de seguro, vendeu o patrimônio que acumularam e mudou-se para local incerto e não sabido. Seis anos depois, livre, volta para Jandaíra, aos braços de ... hummm, tem nada disto, ninguém volta ao que acabou.

É isto aí!



quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Os Anjos do Senhor I

A origem dos Anjos

Os anjos não existem desde a eternidade, eles foram criados por Deus no momento de sua criação ( Ne.9:6 - Sl.148:2; Cl.1:16 ). A bíblia não indica com precisão em que parte foram criados, mas podemos entender que isso deve ter acontecido imediatamente após ter criado os céus e antes de ter criado a terra, segundo podemos ver em Jó 38:4-7 – Gn.1:1; 2:1. Não podemos também definir número, mas sabemos que um exercito compreende grande quantidade e uma legião compreende um número grandioso ( Dn.7:10; Mt.26:53; Hb.12:22 ).

Deus certamente criou todos de uma só vez, pois os anjos não tem capacidade de propagar-se como o homem ( Mt.22:30 ).

A palavra original correspondente no grego é ( a g g e l o z = angelos ), é usado tanto para mensageiros humanos ( I Rs.19:2; Lc.7:24 e 9:52 ), quanto divinos.

O propósito da sua origem:

- Os anjos foram criados para darem glória , honra e ações de graça a Deus.
- Os anjos foram criados para adorarem a Cristo ( Hb.1:6 )
- Foram criados para cumprirem os propósitos de Deus:
- O ARCANJO: - Proteção de Israel ( Dn.12:1 ).
- Luta contra Satanás ( Judas 9; Apc.12:7 ).
- Anuncia a Vinda de Cristo ( I Tess.4:16 ).

Os Querubins guardam o trono de Deus ( Ez.10:1-4 )4.
Os Serafins se preocupam com a adoração a Deus perante o Seu Santo Trono ( Is.6:2-7 )
As diferentes ordens de Anjos, assistem a Deus em sua obra Soberana ( Col.1:16 e 2:10; Ef.1:21 e 3:10 ).

A natureza dos Anjos.

- Não são seres humanos glorificados (Hb.12:22,23):
- São seres espirituais – Incorpóreos ( Hb.1:14 ). Não tem corpo físico, mas podem assumir forma corpórea ( Gn.18:19 ). (Sl.104:4; Hb 1:7; Ef.6:2; Mt.8:16; 12:45; Lc.7:21; Apc.16:14 ).

São imortais – Os anjos não estão sujeitos à dissolução: nunca morrem. A imortalidade dos anjos se deriva de Deus e depende de Sua vontade. Os anjos são isentos da morte, porque assim Deus os fez. ( Lc.20:35,36 ).

** Não se reproduzem conforme a sua espécie – As escrituras em parte alguma ensina que os anjos são seres assexuados. Inferências encontramos referindo-se aos anjos, com o uso de pronomes do gênero masculino ( Dn.8:16,17; Lc.1:12,29,30; Apc.12:7; 20:1; 22:8,9 ). Mas, não obstante, o casamento, a reprodução, não é da ordem ou do plano de Deus.

- São poderosos – Dotados de poder sobre-humano ( Sl.103:20; II Pd.2:11 ).

- São uma classe de seres criados superiores aos homens ( Sl.8:5; Hb.2:10 ). Contudo, esse poder tem seus limites estabelecidos e não são Onipotentes ( II Ts.1:7; II Sm.24:16,17 ).

Veja demonstração de poder dos anjos – ( At.5:19; 12:7,23; Mt.28:2 ).
Obs: Quão capazes, portanto, são os anjos bons para ministrar ao homem; Confiemos, portanto, na força do poder do Senhor e de seus ministros, Amém!

São seres velozes – ( Mt.26:53 ) O pensamento que deve ser destacado é que os anjos podem, instantaneamente, aparecer em defesa de seu Senhor e nosso Deus. Como essas legiões de anjos podem passar com tal rapidez do céu à Terra, ultrapassa nosso entendimento. Sabemos apenas que a possibilidade do fenômeno indica uma atividade e rapidez verdadeiramente maravilhosa.

São seres com personalidade e identidade pessoais:
- Inteligência – Dn.10:14
- Emoções – Jó 38:7
- Vontade – Is.14:13,14
- Não são Oniscientes – Mt.24:36
- Não são Onipresentes – Dn.9:21-23
- Não são Onipotentes – Dn.10:13
- São perfeitos e sem falha – ( Gn.1:31 )
- São seres gloriosos.
- São dotados de dignidade e glória sobre-humanos.

Eis alguns dos principais Anjos do Senhor, da milícia celestial:

Serafins –  Que nos abrasem no amor a Deus, inflamem nosso coração no carinho a Maria. Que só nos entreguemos, louvemos e sirvamos a Deus.

O nome serafim vem do hebreu saraf (שרף), e do grego, séraph, que significam "abrasar, queimar, consumir". Também foram chamados de ardentes ou de serpentes de fogo. É a ordem mais elevada da esfera mais alta. São os anjos mais próximos de Deus e emanam a essência divina em mais alto grau. Assistem ante o Trono de Deus e é seu privilégio estar unido a Deus de maneira mais íntima, e são descritos em Isaías como cantando perpetuamente o louvor de Deus e tendo seis asas.

 Querubins - Que nos ajudem nas tentações, contra a fé, pureza e escrúpulos.

Do hebreu כרוב - keruv, ou do plural כרובים - keruvim, os querubins são seres misteriosos, descritos tanto no Cristianismo como em tradições mais antigas às vezes mostrando formas híbridas de homem e animal. Os povos da Mesopotâmia tinham o nome karabu e suas variantes para denominar seres fantásticos com forma de touro alado de face humana, e a palavra significa em algumas daquelas línguas "poderoso", noutras "abençoado".

No Gênesis aparece um querubim como guardião do Jardim do Éden, expulsando Adão e Eva após o pecado original (Gênesis 3:23-24). Ezequiel os descreve como guardiães do trono de Deus e diz que o ruflar de suas asas enchia todo o templo da divindade e se parecia com som de vozes humanas; a cada um estava ligada uma roda, e se moviam em todas as direções sem se voltar, pois possuíam quatro faces: leão, (O leão sempre foi reconhecido como forte, feroz, majestoso, ele é o rei dos animais e essa face simboliza então sua força). touro, (o touro é reconhecido como um animal que trabalha pacientemente para seu dono. Ele é forte, podendo carregar um urso, e conhece o seu dono). águia, (como um anjo, este pássaro voa acima das tempestades, enquanto abaixo delas existem tristezas, perigos, e angústias. Um pássaro ligeiro e poderoso, elegante, incansável) e homem, Esta face fala da mente, razão, afeições,e todas as coisas que envolvem a natureza humana, isso, para alguns estudiosos, significa que eles assim como os homens possuem o livre arbítrio. E eram inteiramente cobertos de olhos, significando a sua onisciência (Ezequiel 10). Mas as imagens querubins que Moisés colocou sobre a Arca da Aliança tinham forma humana, embora com asas (Êxodo 25:10-21; Êxodo 37:7-9).

Os Querubins, para alguns teólogos, ocupam o topo da hierarquia, pois alguns não consideram os serafins como anjos , uma vez que a palavra hebraica para anjo é "malak" (mensageiro) e da mesma forma no grego, anjo é "angelus" (mensageiro) e estas figuras aladas que aparecem, na Bíblia, apenas em Isaías capítulo 6, onde exaltam a Deus mas não comunicam mensagens ao profeta.

São Jerônimo e Santo Agostinho interpretam seu nome como "plenitude de sabedoria e ciência". São representados muitas vezes como crianças pequenas dotadas de asas, chamados putti (meninos) em italiano. Têm o poder de conhecer e contemplar a Deus, e serem receptivos ao mais alto dom da luz e da verdade, à beleza e à sabedoria divinas em sua primeira manifestação. Estão cheio do amor divino e o derramam sobre os níveis abaixo deles.
Tronos - Que esclareçam e iluminem os governantes, bispos e responsáveis por comunidades religiosas e civis.

Dominações - Que esclareçam os hereges, ateus e incrédulos. Também pelos que se empenham em difundir o reino de Deus.

As Dominações ou Domínios (do latim dominationes) têm a função de regular as atividades dos anjos inferiores, distribuem aos outros anjos as funções e seus mistérios, e presidem os destinos das nações. Crê-se que as Dominações possuam uma forma humana alada de beleza inefável, e são descritos portando orbes de luz e cetros indicativos de seu poder de governo. Sua liderança também é afirmada na tradução do termo grego kyriotes [küriotés], que significa "senhor", aplicado a esta classe de seres.

São anjos que auxiliam nas emergências ou conflitos que devem ser resolvidos logo. Também atuam como elementos de integração entre os mundos materiais e espirituais, embora raramente entrem em contato com as pessoas.

Virtudes - Que melhorem nossa vida espiritual, dando-nos coragem e força para cumprirmos as boas resoluções, (façamos-lhes a entrega de nossa oração pessoal).

As Virtudes são os responsáveis pela manutenção do curso dos astros para que a ordem do universo seja preservada. Seu nome está associado ao grego dunamis, significando "poder" ou "força", e traduzido como "virtudes" em Efésios 1:21, e seus atributos são a pureza e a fortaleza. Pseudo-Dionísio diz que eles possuem uma virilidade e poder inabaláveis, buscando sempre espelhar-se na fonte de todas as virtudes e as transmitindo aos seus inferiores.

Orientam as pessoas sobre sua missão. São encarregados de eliminar os obstáculos que se opõe ao cumprimento das ordens de Deus, afastando os anjos maus que assediam as nações para desviá-las de seu fim, e mantendo assim as criaturas e a ordem da Divina providência. Eles são particularmente importantes porque têm a capacidade de transmitir grande quantidade de energia divina. Imersas na força de Deus, as Virtudes derramam bênçãos do alto, frequentemente na forma de milagres. São sempre associados com os heróis e aqueles que lutam em nome de Deus e da verdade. São chamados quando se necessita de coragem.

Potestades - Que removam os obstáculos que possam impedir a execução dos desígnios de Deus, desfazendo as armadilhas e ciladas do inimigo. Também que inspirem os sacerdotes a se santificarem.

As Potestades ou Potências são também chamadas de "condutores da ordem sagrada". Executam as grandes ações que tocam no governo universal. Eles são os portadores da consciência de toda a humanidade, os encarregados da sua história e de sua memória coletiva, estando relacionados com o pensamento superior - ideais, ética, religião e filosofia, além da política em seu sentido abstrato.

Também são descritos como anjos guerreiros completamente fiéis a Deus. Seus atributos de organizadores e agentes do intelecto iluminado são enfatizados pelo Pseudo-Dionísio, e acrescenta que sua autoridade é baseada no espelhamento da ordem divina e não na tirania. Eles têm a capacidade de absorver e armazenar e transmitir o poder do plano divino, donde seus nomes.

Os anjos do nascimento e da morte pertencem a essa categoria. São também os guardiões dos animais.

Principados - Que defendam e protejam nosso país, cidade, Igreja. Que ajam como instrumentos de Deus na realização de milagres.

Os Principados, do latim principatus, são os anjos encarregados de receber as ordens das Dominações e Potestades e transmití-las aos reinos inferiores, e sua posição é representada simbolicamente pela coroa e cetro que usam. Guardam as cidades e os países. Protegem também a fauna e a flora. Como seu nome indica, estão revestidos de uma autoridade especial: são os que presidem os reinos, as províncias, e as dioceses, e velam pelo cultivo de sementes boas no campo das ideologias, da arte e da ciência.

Arcanjo Miguel - Que combata por nós o inimigo e o precipite do inferno, desfazendo toda a mentira e ilusão da qual se serve. Que aumente em nós o amor a santa missa e sagrada Eucaristia.

Arcanjo Gabriel – Que aumente em nós o amor a Mana e lhe apresente nossos pedidos.

Arcanjo Rafael - Que nos defenda das potências do mal, das doenças e nos acompanhe nas viagens. Que seja nosso consolo nas dificuldades e nos fortaleça no desânimo e depressão. Também que ilumine os padres confessores e orientadores espirituais.

Anjos da guarda - Que nos guardem, governem e iluminem. Que nos inspirem, suscitando-nos boas ideias e propostas.

É isto aí!