quarta-feira, 30 de abril de 2014

A moça do Concurso Público

- Nossa, como você está gostosa!

Olha, para seu governo, "nossa" é pronome possessivo, mas você o utilizou como um pronome possessivo substituindo um substantivo, subentendendo que estou em sua percepção de  "gostosa", que sei que sou, mas não para seus desejos reprimidos.

- Mas o que é isto? Bebeu?

Mas que analfabeto funcional. Veja, "Isto" indica um ser que se encontra junto ou perto do emissor, que no caso é você, e com certeza não estou perto nem pretendo estar. O correto neste caso é "Isso", que indica um ser que se encontra junto ou perto do receptor, que sou euzinha. Portanto, nada de intimidades, entendeu?

- Caramba, você é completamente maluca.

Caramba é uma expressão de interjeição que pode significar admiração ou surpresa, e não sei se você entende a diferença entre estas palavras. Além disto, o sufixo -mente, do latim vulgar mens significa "Alma", de maneira que uma alma completa maluca não é uma expressão inteligente.

- Olha só, veja bem, enchi, acabou, vou embora, adeus, até nunca mais outra vez.

Que frase péssima, muitas pausas, e erros crassos. Comecemos pelo Olha só - isto é uma explicação do que é percebido a partir de um ângulo de visão. Caso você tenha a intenção de determinar que eu perceba algo, use o imperativo - Olhe só, entendeu?.

- Adeus!

Espera... espera... gostei do seu "Adeus", foi denso, intenso, fica... Volta aqui... volta...

- Só depois de você passar no concurso. Enquanto isto, adeus!

É isto aí!

terça-feira, 29 de abril de 2014

O menino virado e o compadre Nestor

Tiãozinho foi o primeiro e único namorado de Maria das Dores, a Dasdô. Casaram muito novos e foram morar em um sobrado do pai dele, sem laje, com forro de esteira nos cômodos e telha de coxa, do tempo da escravatura.

A sala e cozinha enormes e quartos pequenos era padrão comum na arquitetura local. A residência era vizinha da propriedade do compadre Nestor, pai de Cacá, de quem batizaram quando ainda namoravam.

Naquela manhã fria, Tiãozinho e Dasdô sairam cedo da roça e foram ao Posto de Saúde, na cidade, para entregar os exames que o médico pedira. Examinou cuidadosamente a parturiente, olhou o ultrassom, deu uma conferida no hemograma, aferiu a pressão, etc..

- E aí, dotô? O neném está bem?
- Dona Maria, está bem, mas estamos na 30ª semana e ainda não virou. A complicação é que a senhora é nulípara, e isto deve ser acompanhado mais de perto.

- Ai meu Jesuscristinho, valei-me.. é grave dotô esta tal de nulipa? Nossinhora! Guardô o nome, Tiãozinho? A tal de nulipa...

- Nulípara, dona Maria, mas não se preocupe, quando entrar em trabalho de parto nos procure. Vai dar tudo certo.

Dasdô entrou em trabalho de parto às onze horas, em casa, num dia de chuva torrencial. Ponte bloqueada, árvores na estrada, enfim, nada passava. Casal novo, inexperiente, Tiãozinho correu na casa do vizinho, compadre Nestor, para ir buscar Zeferina, parteira das antigas do vilarejo.

Quando Zeferina chegou, lá pelas três horas da tarde, com chuva que não acabava mais, trazendo seus apetrechos de parto, a sala já estava tomada de rezadeiras, todas de véu, entoando cânticos religiosos.

...os anjos, todos os anjos, louvem a Deus para sempre amém...

Zefa entrou no quarto e viu Dasdô transtornada, chorando muito, olhos arregalados. Ai, Zefa, vou morrer, o dotô falou que tenho uma tal de nulípa dentro de mim... vou morrer Zefa... e gritava... gritava... salva a criança Zefa... e gritava mais ainda...

 ...tão sublime sacramento, adoremos neste altar, pois o antigo testamento, deu ao novo seu lugar...

Seis horas da tarde - olha Dasdô, com esta chuva não tem jeito de te levar a lugar algum, o neném está sentado e ainda tem esta coisa de você está com esta nulípa aí dentro, vou tentar desvirar o menino...

...ave, ave, ave maria... ave ave, ave maria

A cantoria não parava, as mulheres choravam, rezavam , conversavam e entoavam os hinos tudo ao mesmo tempo. Na cozinha os homens fumavam, bebiam, falavam sobre futebol, roçado, vacada e política. Meia-noite e Dasdô começa a perder as forças, quer desmaiar, tem sono, e ao mesmo tempo grita de dor em desespero - vou morrer.. vou morrer...

Faz um pedido prá Nossa Senhora, Dasdô, faz uma promessa, prá modo de desvirar a criança, gritava Zefa.

... eu te louvarei, Senhor, de todo o meu coração...

Faz o pedido, Dasdô, faz uma promessa agora, prá Deus tirar esta tal de nulipa de dentro de você e salvar a criança.

Ai, meu Deus, eu faço, eu peço, eu prometo...

Silêncio total na casa, parou tudo. Só o barulho da chuva fraquinha...

Aos gritos, Dasdô promete: Ai Jesus, se eu sair desta, prometo que nunca mais deito com o compadre Nestor...

O menino virou na hora, desceu que nem quiabo.

É isto aí!

Memorial do Decálogo do Puxa - Saco


01 - Todo puxa-saco é egoísta
02 - Todo puxa-saco é mal amado.
03 - Todo puxa-saco é mau.
04 - Todo puxa-saco tem perversões secretas.
05 - Todo puxa-saco tem conflitos de personalidade.
06 - Todo puxa-saco é invejoso.
07 - Todo puxa-saco tem salário melhor que o seu.
08 - Todo puxa-saco só anda limpinho.
09 - Todo puxa-saco é masoquista.
10 - Todo puxa-saco não morre tão cedo.

É isto aí!

Todo racista é um idiota


Todo racista 
é um idiota
não é a cor da pele
não é a questão do amor
ao próximo e ao outro
é algo mais profundo
algo que falta ao racista
e que tem na outra parte
não importa o lado

todo racista é mau
somos todos
uma só raça
Neandertal

Eretus
sapiens
mulatos
negros
morenos
brancos
albinos
índios
pardos
mamelucos
tudo é só um nome

uma referência
uma identificação cultural
regional, tribal,
tudo é uma só pessoa
gerando outra pessoa
outra pessoa
outra pessoa
outra pessoa
Neandertal

Eretus
sapiens
mulatos
negros
morenos
brancos
albinos
índios
pardos
mamelucos
etecetera e tal


É isto aí!



Celeste apressadinha

As três chegaram juntas à entrevista de emprego, agendada rigorosamente para as 14 horas. Pontualmente a recepcionista solicitou que assinassem um Livro de Registro de Presença, onde constava seus nomes, já impressos em etiqueta adesiva.

Checou calmamente os documentos solicitados, ficou com as fotocópias devidamente rubricadas, devolveu os originais conferidos, em envelope impresso da Companhia, e abriu o acesso para um extenso corredor. Apontou para a terceira porta da esquerda, onde deveriam aguardar novas instruções.

Celeste empurrou as duas, apressou o passo, chegou na frente da porta, rodou a maçaneta e... estava trancada. Tentou abrir novamente, bateu na porta, aguardou ansiosa, bateu de novo. Que coisa! Voltou imediatamente à recepção, que estava vazia. Quando retornou ao corredor, também estava vazio. Correu em direção à porta indicada - trancada. 

Desesperou-se. Bateu, chamou, bateu mais forte, chamou mais alto, tornou a bater com maior intensidade, gritou para abrirem. A terceira porta da direita abriu, voltou-se em desespero. Surgiu uma moça em elegante uniforme azul marinho que indagou-lhe com os olhos. Explicou os motivos aos gritos. A moça balançou a cabeça de forma negativa e tornou a fechar a porta. Celeste correu em sua direção - já estava trancada. Começou a chorar.

Tentou a segunda porta - trancada. Tentou a primeira porta da direita - aberta. Com a força que impulsionou a maçaneta, perdeu o equilíbrio, torceu o pé, quebrou o salto de dez centímetro e caiu de joelhos na sala. Ao levantar-se, bateu violentamente com a cabeça na quina de uma mesa, desmanchando o penteado, e tornou a ir de encontro ao piso. Arrastou-se contorcendo em dor no tornozelo pela torção, nos joelhos pela queda e na cabeça pelo impacto com a mesa, até sentar-se no chão, encostada na parede. Ainda sem fôlego, juntou os documentos espalhados, tirou os sapatos e colocou-os na bolsa.

Percebeu que rasgara a meia, muito cara, que comprara especialmente para a ocasião. Olhou, não viu ninguém, e começou a se desfazer da peça. Quando estava com ela já no meio das coxas, viu os seus óculos cuja armação importada custara seu acerto do emprego anterior, caído sob a mesa. Curvou-se para apanhá-lo e neste intervalo, a porta se abriu e entraram dois cavalheiros finamente trajados. 

Celeste levantou-se descabelada, olhou para um lado, olhou para o outro... gente, eu podia jurar que o banheiro feminino era aqui, e saiu correndo, desesperada, mancando, meia-calça semi abaixada com a parte de trás da saia presa por dentro, descalça e com a visão turva. Sumiu para nunca mais voltar.

É isto aí!

  

segunda-feira, 28 de abril de 2014

O método Glover


Celinha Francis havia se formado em Ciências Contábeis e a vida não estava fácil para ela. Não que a profissão fosse ruim, mas sua intimidade com a matemática financeira era desgastante. Reduzia sua libido, multiplicava suas neuroses, dividia seus sonhos e somava aos seus problemas. Resolveu procurar ajuda. Uma amiga indicou-lhe a Dra. Leda, uma das pessoas mais sublimes e capacitadas do país, segundo informação panfletária.

Conseguir uma orientação vocacional espiritual com Lêda Glover não foi fácil. A profissional tinha de lista de espera e lista da lista de espera para noventa dias. No painel da recepção da clínica quadros pendurados na parede indicavam formação como espiritualista, taróloga, astróloga, quiromante, naturista, sexóloga, e num quadro maior a informação de que era analista transcendental pelo método Glover.

Esperou ansiosamente por cento e dois dias. Na data agendada estava lá, na sala de espera da clínica uma hora antes do horário marcado. Havia um sofá vermelho, outro azul, o piso branco, com um enorme e macio tapete branco. O teto e lâmpadas embutidas em verde-água e as paredes em tons lilás, combinando com as molduras de paisagens florais.

Retirou os sapatos conforme solicitou a secretária e foi levada à ante-sala, toda em azul claro, com um enorme espelho no teto Aguardo por quinze minutos até que em silêncio total. Lêda Glover abriu a porta, e convidou-a a entrar no consultório. Era todo em amarelo-ouro, com desenhos e detalhes indianos. Na primeira consulta, segurando em suas mãos o tempo todo, apenas ouviu os reclames da cliente, que ficou três horas falando de si, sem perceber que o tempo passara.

Na segunda consulta, a secretária pediu para trocar sua roupa por um quimono curto, em tom pastel. Na ante-sala havia um closet enorme onde poderia ter privacidade. Achou aquilo normal. Leda Glover entrou na ante-sala. em impecável abaya branca, em renda persa, e a convidou a acompanha-la ao consultório..

Ficou em pé e depois deitada, enquanto a terapeuta promovia uma longa sessão de imposição trans-energética com as mãos, tateando suavemente por todo o seu corpo. Em seguida, abriu as cartas do Tarot, e não disse nada. Apanhou um mapa astrológico de dentro de um enorme envelope e o leu atentamente, enquanto com a mão esquerda dedilhava sobre a palma da mão direita da paciente. Ao término, ainda em silêncio, olhou de forma atenta para a sua mão, pegou uma lupa, passou traço por traço detalhadamente, pediu a mão esquerda, examinou-a também em minúcias, voltou à direita, tateou a palma e o dorso várias feitas, de forma leve e sensual..

Celinha estava aflita. Horas se passaram e o silêncio era perturbador. Leda levantou-se, abraçou-a com firmeza e delicadeza e mantiveram-se nesta posição por vários minutos. Sussurrou para retornar na semana seguinte, na devolutiva, quando receberia o laudo conclusivo para seus problemas.

Na terceira consulta, a secretária informou-lhe que devido aos resultados excelentes e impressionantes, a Doutora Glover optou diretamente pelo Método Glover de Análise Transcendental, sem precisar passar por exames complementares de apoio ao diagnóstico, coisa raríssima entre as pacientes. Pediu para trocar sua roupa por uma camisola vermelha, curta, de frente única, com duas saias, dando um efeito de movimento, em função ao laço frontal em seda vermelha. Achou sexy e nem um pouco estranho. 

Entrou na ante-sala e aguardou. Leda abriu a porta vestindo um Kaftan curto, de seda, com motivos florais, e a convidou a entrar. Foram intensas e inesquecíveis três horas de iniciação no Método Glover.

Desde então Celinha se encontrou como cidadã do mundo. Passou a ter Leda como mestre, que virou sua orientadora permanente para a nova formação profissional, devotada em uma carreira que estava escrita nas estrelas - Celinha a segunda analista transcendental pelo método Glover. 

É isto aí!


  
  

domingo, 27 de abril de 2014

Crise total


- Carlinhos, eu não vivo sem você!
- Morre então, uai!

- Adoro seu sotaque! Seu uai! Carlinhos, para com isto, sei que há um coração bom aí!

- Sabe? Como sabe se nunca procurou saber?

- Carlinhos, faço qualquer coisa para ficar comigo para sempre!

- Então faça.

- O que? Fazer o que?

- Qualquer coisa. Você não disse que faz qualquer coisa?

- Mas o que? Fala pelo amor de Deus.

- Se vira nos trinta neném, qualquer coisa.

Ela ligou o som, colocou o CD da Mc Anitta e dançou de um jeito... hummmm..

- Ah, não! Para! Sabe que não resisto. Para com isto...

- Ah, Carlinhos, é só um quadradinho de oito, vem...

- Caramba (suando)!!! É demais (babando)!! Tudo bem (gaguejando), não vou mais embora (jurando). Mas semana que vem (postergando), a gente volta a este assunto (mentindo).  

- ..."Prepara, se não tá mais a vontade sai por onde entrei, quando começo a dançar eu te enlouqueço, eu sei..."

É isto aí!


Helena da Pitangueira


A tarde em Bangu era de calor insuportável. Dentro do salão do Fórum estava um clima abafado com a lotação completa entre curiosos, parentes e amigos. O ar condicionado estava com baixa potência, devido a uma queda de tensão no bairro, para agravar a sensação térmica.

O Meritíssimo adentrou solenemente pela porta lateral. Acomodou-se em seu local de trabalho, ajustou os óculos e passou a checar a presença das partes.

Tendo comparecido o acusado, o juiz perguntou-lhe o nome e a idade.
- Estácio Vale, Meritíssimo, e tenho 36 anos.

Voltando-se para os jurados, o Juiz fez a seguinte exortação: “Em nome da lei, concito-vos a examinar com imparcialidade esta causa e a proferir a vossa decisão de acordo com vossa consciência e os ditames da justiça”.

Os jurados, nominalmente chamados pelo juiz, responderam: “Assim o prometo”

O juiz interrogou o réu sobre fatos, provas e outras questões relacionadas ao crime, em uma tentativa de elucidação, e perguntou se era ele o autor do crime.

- Meritíssimo, nada sei sobre nada. Sei sobre Helena, que era uma vadia.

Vaias, gritos, e o martelo bate com força na mesa - Ordem, ordem!!

A acusação apresenta as provas:

Helena era bailarina, e sentia-se  culpada por ter se distanciado de um dos filhos gêmeos que teve com o senhor Estácio Vale. Por não ter condições de criar os dois, ficou a menina e entregou o outro aos pais, que o levaram para fora do país.

Mas estava sempre em busca da felicidade, e como era uma bela moça interiorana, quando ficou grávida e fugiu para Bangu, disposta a criar a filha, sozinha, já que o pai da criança, o réu, era casado e portanto adúltero. Os dois se reaproximaram ao longo da trama da vida.

Esta história não parou aí.  Foi à luta como corretora de imóveis, batalhadora, de pouca vaidade. Enfrentou a gravidez prematura da filha e, por conseqüência, a ira do ex-amor, que não se conformou com a situação.
Por Amor, mãe e filha, engravidaram juntas e deram à luz no mesmo dia, no mesmo hospital. O bebê da filha morreu logo após o parto, e Helena trocou as crianças.

Isto prova que os fortes laços de família aos quais viveu, fez com que a vítima abdicasse  do amor pelo rapaz, que engravidou ambas, por causa da filha, que também gostava dele.

Como uma mulher apaixonada, casou-se com um músico, mas ficou abalada ao descobrir que ele tinha outras questões de gênero mal resolvidas, e nesta desordem, reencontrou-se com o réu, seu grande amor do passado.

Assim, construiu as páginas da vida que teve entre seus amigos e parentes, intensamente. Meritíssimo, ninguém sofreu mais que Helena, que ávida por viver a vida, deparou-se com a tragédia diante deste monstro da sociedade. 

A defesa rebate:

Meritíssimo, senhores membros do Juri, temos que conhecer Helena desde a sua origem. Conta-se que o Conselheiro Vale, que era um homem rico,  tinha um caso amoroso com uma mulher que havia migrado do Rio Grande do Sul, já com uma filha, Helena, a qual ele estimava muito.

Conselheiro Vale morreu, e em seu testamento documenta que Helena era sua filha e que ela devia tomar seu lugar na família. Todos acreditaram nisso, porém Helena sabe que não é verdadeiramente sua filha, mas na sua ânsia de ascender socialmente acaba aceitando isso.

À princípio, a irmã do falecido reage com um certo preconceito à chegada de Helena, mas no decorrer da vida, ela vai conquistando o seu amor. Estácio era um bom filho, e fez a vontade do pai sem indagar nada.

Helena tomou seu lugar na família como uma mulher de fibra, uma verdadeira dona de casa, cuidando muito bem de sua nova família, dirigindo bem e a casa, e impressionava não só a família como toda a sociedade em geral, porque além de ser uma mulher equilibrada como poucas que existiam, era linda, sensível e rica.

Com isto, Helena vai impressionando mais e mais a Estácio, e nisso acaba se apaixonando por ela, e ela por ele. Aí vem a questão, senhores:

 De um lado Estácio, se martirizando por se apaixonar por sua suposta irmã, o que era um pecado, e do outro Helena, também apaixonada por Estácio, w esta sabia de toda verdade, mas não podia jogar tudo para o alto e ficar com ele, afinal havia recebido uma fortuna de herança. 

Um dia Estácio resolveu investigar estranhas saídas de Helena, e assim conheceu Salvador, e foi tirar satisfações sobre as visitas dela a este senhor já velho. Salvador começou a lhe contar uma grande história, e surpreendeu Estácio ao lhe revelar que Helena era sua filha, não de Conselheiro Vale, e toda a História da vida de Helena até ali.

Nesse mesmo dia Helena após uma forte chuva fica debilitada, á beira da morte, Estácio, tomado por seu forte amor vai cuidar de Helena e lhe faz essa declaração. Helena morreu de causas naturais, e não da forma nefasta como querem os advogados da acusação e a promotoria.

Os jurados:

Esgotadas as teses, os jurados votaram nos quesitos formulados. Todos os votos contabilizados, com base no que os jurados decidiram é entregue ao Juiz.

- Chegaram a um veredito?
- Sim Meritíssimo, e entregam o envelope.

A sentença:

Esta corte determina que o réu é inocente, baseado no princípio de que Machado de Assis dá de 11X0 no cidadão lá das helenas moderninhas.

É isto aí!

Una Mujer Frente al Espejo / The Reflection of a Woman (Cortometraje Ani...

Uma visão tragicômica das mulheres diante do espelho, das reações causadas pelos estereótipos de beleza. Após os créditos, no final, uma surpresa!


Fonte: ORANGE CREATIVE - Marketing Digital

Não traga negros aos meus jogos!





Não existem coincidências. Jung conceituou de sincronicidade para explicar alguns eventos. Alguma coisa está ocorrendo, e quando formos pegos pela "surpresa" o que faremos?

“... Sincronicidade é a coincidência, no tempo, de dois ou vários eventos, sem relação causal mas com o mesmo conteúdo significativo.” (CW VIII, par.849)

Não sei de nada, apenas observo:

01 Prefeito de cidade israelense chama jogadores de basquete de 'negros sujos' -

02 Não traga negros aos meus jogos -

Namorados - Manuel Bandeira



Namorados

O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
-Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
-Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listrada?
A moça se lembrava:
-A gente fica olhando...
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
-Antônia, você parece uma lagarta listrada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
-Antônia, você é engraçada! Você parece louca.


(Manuel Bandeira)

sábado, 26 de abril de 2014

Lá no Posto - DESCONFINADOS

O DESCONFINADOS É UM CANAL DE HUMOR QUE VISA RETRATAR AS MAIS DIVERSAS SITUAÇÕES DO COTIDIANO DE UMA PESSOA, COMO NAMORO, CASAMENTO, PROFISSÕES, POLÍTICA, MÚSICA, TV, RELIGIÃO, ETC.

MAS O DESCONFINADOS TEM UM DIFERENCIAL: É UM DOS ÚNICOS CANAIS DE HUMOR COM CENSURA LIVRE. NÃO FAZEMOS USO DE PALAVRÕES EM NOSSOS VÍDEOS, SENDO A FAMÍLIA DE UM MODO GERAL NOSSO PÚBLICO ALVO.

TODA SEGUNDA-FEIRA É LANÇADO UM VÍDEO NOVO SIMULTANEAMENTE EM NOSSO CANAL DO YOUTUBE E EM NOSSA PÁGINA DO FACEBOOK. ENTÃO CORRA PRA SE INSCREVER EM NOSSO CANAL: YOUTUBE.COM/DESCONFINADOS E CURTA NOSSA PÁGINA FACEBOOK.COM/DESCONFINADOS

POR QUESTÃO DE DIREITOS AUTORIAIS, CIQUE ABAIXO  SERÁ ENCAMINHADO AO VÍDEO:


Cloto; Láquesis e Átropos

No Reino Tupynambá, vizinho ao longo de toda a fronteira, ocorrem coisas que se fossem aqui, no Reino da Pitangueira, deixaria no mínimo enrubescido o monarca que vos escreve e seus dignos residentes. Mas vamos aos fatos para chegarmos a uma conclusão.

Por lá os deuses, titãs e semi-deuses vagueiam por entre a choldra numa naturalidade de dar inveja ao Olimpo. Circulam pelo Monte da Praça dos Três Pandeiros com muita naturalidade. Nestes últimos tempos, três mulheres, que não são detentoras do poder pleno, mas tangenciadoras das alavancas que os movem, agiram como moiras. 

Na mitologia grega, como sabemos, as Moiras Cloto, Láquesis e Átropos, eram as três irmãs que determinavam o destino, tanto dos deuses, quanto dos seres humanos. Eram três mulheres lúgubres, responsáveis por fabricar, tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos. 

Cloto: Bem, por  estes dias, uma Promotora do Mistério Púbico  enviou à uma determinada Vara de Execuções Penais e ao Cacique Jota No Quest'bosa, documento alegando que depoimentos prestados em "caráter informal" ao Mistério Púbico serviram de base para seu pedido de quebra de sigilo de celulares da Cacica Búlgara; sem dar mais detalhes sobre os depoimentos em dados sem fonte, sem origem e sem provas.

Funcionou mais ou menos assim:
Vamos supor que três homens desconhecidos, do bem, anônimos, terno E._Zegna, camisa de 120 fios do mais puro linho egípcio, gravata de seda, meias Luxury Men Marcoliani de Cashmere, sapatos de Couro de Crocodilo e relógio Patek Philippe na algibeira, chegaram ao Mistério Púbico sem nenhuma identificação, pediram para falar com a Promotora e imediatamente todas as portas de segurança se abriram.

Talvez dois seguranças os tenham acompanhado até a sala, para que não errassem seu destino. Fizeram denúncias graves sem provas, acusaram sem base de sustentação, mas - caramba - três homens exalando um sedutor Paco Rabanne, vestidos daquela forma, não podem ser desprezados. Sim, só podiam ser do bem.

Láquesis A sinistra Rose atendeu a um pedido de amigos, quatro no total, para que recusasse a uma determinação do Sem-nado Phederal.

Funcionou mais ou menos assim:
Quatro cavaleiros foram à sinistra para chorar suas mágoas, pois são vítimas de bullying. Como são poucos, são vítimas da maioria que os despreza, os tratam mal, colocam de castigo, fazem perguntas difíceis e não dão merenda na hora do recreio. A sinistra, sensibilizada, travou o bullying da corja da maioria do Sem-Nado, para aprenderem a não mexer com suas crianças, pois seu afeto maternal é enorme.

Átropos A nobre sinistra do Negócio lá das Contas da União Faz a Forca, Donana, que por coincidência coincidentíssima coincidentada vem a ser mãe de Dudu, o pobre menino rico do engenho, livrou um amigo da família de multa em dívida para com a União Faz a Forca, baseado no fato de que os meninos são muito amigos e em negócio de amigos tem nada disto de cobrar multa. Eita mulher porreta.

Funcionou mais ou menos assim:
Dudu recebeu o amigo em sua pequena residência de seis mil metros quadrados de área construida com recursos porópios, que tarabalhou com ele nos negócios de coisas salutares. Reclamou de uma dividazinha boba, de dezenas de milheres de tostões, que por acaso Donana poderia ajudar. Dudu pegou o telefono, e disse - mãinha, necessitio que ajude estio minino , carente de recursos bilionários, a sanar esta dividazinha bestinha de merrecas aí. Como pedido de Dudu mamãe não recusa, viveram felizes para sempre.

É isto aí!

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Corre Bino, é fria!


Greve

Queria escrever hoje, mas desde ontem entrei em greve - não eu, mas a vontade de escrever algo. Ontem ainda postei dois poemas, um do Tom Jobim, outro do Manuel Bandeira. Mas hoje pintou o Comando Central de Greve da Consciência.

Para não infringir as Leis do Reino da Pitangueira, do qual sou absolutista e ditador, democraticamente ouvindo a mim e aos meus outros eu, decreto:

O Rei do Reino Da Pitangueira, Eu, faço saber que Eu decreto e eu sanciono agora, já valendo, a seguinte Lei:

        Art. 1º É assegurado o direito de greve, competindo a mim decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.

        Parágrafo único. O direito de greve será exercido na forma estabelecida nesta Lei.

        Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão dissertativa, descritiva, intelectual e/ou sexual, temporária e pacífica, total ou parcial, de postagens no Diário Oficial do Reino, Blog Ao Pé da Pitangueira.

        Art. 3º Frustrada a negociação com a preguiça ou verificada a impossibilidade de reverter a falta de maiores inspirações, faculto-me a cessação de ser escriba .

        Parágrafo único. Os amigos e leitores diretamente interessados serão notificados, com ou sem aviso, bastando para isto verificar que não há nada postado.

        Art. 4º Não caberá à nenhuma entidade sindical reclamar nada, pois estão banidas neste espaço.

       Art. 5º  Aqui não tem Justiça do Trabalho.

        Art. 6º São assegurados ao grevista que vos escreve, dentre outros direitos:

        I - persuadir ou aliciar os leitores e amigos a aderirem à greve;

        II - a livre divulgação do movimento.

       Art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve não suspende sua visita - tem um tanto de coisas ridículas por aqui que você ainda não leu.

       Art. 8º A Justiça da Pitangueira, somente por iniciativa do Poder Constituído, decidirá sobre a procedência, total ou parcial, ou improcedência das reivindicações, cumprindo ao Governante publicar ou não, de imediato, o competente acórdão.

       Art. 9º. Ficam revogados todas as disposições em contrário.

       Art. 10º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

        Pitangueira 25 de abril de 2014; 

        Eu pensei, eu escrevi, eu revisei, eu li, eu aprovei e eu determino - nada mais democrático!

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Esse teu olhar - Tom Jobim


Esse seu olhar
Quando encontra o meu
Fala de umas coisas
Que eu nem posso acreditar

Doce é sonhar e pensar que você
Gosta de mim, como eu de você
Mas a ilusão, quando se desfaz
Dói no coração de quem sonhou
Sonhou demais
Ah! Se eu pudesse entender
O que dizem os teus olhos

Mulheres - Manuel Bandeira


Mulheres

Como as mulheres são lindas!
Inútil pensar que é do vestido...
E depois não há só as bonitas:
Há também as simpáticas.
E as feias, certas feias em cujos olhos vejo isto:
Uma menininha que é batida e pisada e nunca sai da cozinha.

Como deve ser bom gostar de uma feia!
O meu amor porém não tem bondade alguma.
É fraco! Fraco!
Meu Deus, eu amo como as criancinhas...

És linda como uma história da carochinha...
E eu preciso de ti como precisava de mamãe e papai
(No tempo em que pensava que os ladrões moravam no morro atrás de casa e tinham cara de pau)

Ângelo Antônio E As Menininhas - Namoradinha




Minha namoradinha é você 
garota bonitinha 
namoradinha que arranjei 
bermuda desfiada 
pele bronzeada 
que gracinha de neném 
garotinha vive só cantando 
só dançando o iêiêiê
 garotinha minha namoradinha é você

(Bis)

Falado: 
Neném, vem
Vamos dar uma voltinha no fusca
Vamos tomar um sorvete.
Você vai à praia?
Aonde?
No Castelinho?
Em frente à Palmeirinha?
Que legal!
Vamos marcar lá amanhã
na Palmeirinha às onze? 
Falou!!!!
(Tchauuuuu!!)
tchau neném , gracinha! 
Essas menininhas ...

Namoradinha
Letra e Música de Angelo Antonio
Nome real: Ângelo Antônio Guerra Póvoa
Perfil: Ator, cantor e compositor.
Nascido em 16 de Junho de 1939, Sant'Ana do Livramento, RS.
Falecimento em 23 setembro de 1983, Rio de Janeiro, por complicações de diabetes.























quarta-feira, 23 de abril de 2014

François Beaurain - Libéria



Fotógrafo francês François Beaurain está colocando uma cara nova na capital da Libéria. Aqui, os cidadãos tornam-se os dentes de uma engrenagem de viragem, "um pedaço da correia transportadora que anima a cidade."

Tudo muito familiarizado com os países estratificadas passado, François dá ao povo uma presença animada muitas vezes perdida pelo mundo ocidentalizado e enterrado sob as notícias que destacam a triste e chocante.

Adam West III



continuação - 3ª parte



Refazendo da sua crise existencial, e em busca da identificação com a penitência do Arcanjo, experimentou um encontro onírico com dois seres angelicais. Encontrou-os em um exótico campo de golfe. Acordou com a certeza de que deveria ir a Paris e aguardar novas instruções. O instinto dizia que tudo acontecera de fato. Não teve dúvidas. Rumou para a Cidade Luz.





Chegou em uma tarde de início de primavera, ainda fria. Onde ir? Resolveu que o destino encarregaria desta parte. Entrou no táxi e pediu para levá-lo a um bom hotel. O chofer deixou-o à porta Hotel Claude Bernard, no coração do Quartier Latin, na Rue des Ecoles, estrategicamente localizado no centro turístico e intelectual da velha cidade.





Já na recepção, ao preencher a ficha, o atendente confirmou seu nome, pegou um bilhete nominal, desejando boas vindas, deixado por uma mulher anônima, com data do dia anterior. Sete dias se passaram, entre museus, livrarias e cafés. Começou a achar que aquilo estava muito chato, porém o bilhete em um hotel aleatório não era coincidência.





No nono dia, já cansado, ao retornar de um passeio pela região, recebe outro recado por escrito, para ir na manhã seguinte à Rue du Bac. Teve um sonho estranho naquela noite - uma pessoa mostrava-lhe um cartaz escrito com a mesma letra dos cartões recebidos - Monstra te esse matrem! Não entendeu nada. Tentou relacionar com o francês e alemão que dominava fluentemente, e até mesmo com o português que pouco compreendia, mas nunca viu aquela linguagem.





Na manhã seguinte um táxi o levou à Rue du Bac, deixando-o em frente ao mais famoso ponto turístico que a identifica. Mas não prestou atenção. Subiu a e desceu a rua uma dezena de vezes. O que ainda não havia notado? A via era estreita, feia e movimentada, cheia de pórticos que dão para o interior dos quarteirões, com moradias, lojas, restaurantes, etc. Passou, por algum motivo, a observar os pórticos, para ver se algo era familiar.



Exatamente em um deles, acima de uma imagem da Virgem com o Menino, estava a frase: "Monstra te
esse matrem
". Impelido pela ansiedade, entrou naquela galeria, que terminava em uma capela, onde sentou-se no último banco e discretamente tentou recordar alguma oração que sua mãe fazia, mas não lembrava - ela rezava em português e sempre achou a língua difícil e muito estranha. Acabou preferindo o silêncio.





Uma mão feminina, perfumada, tocou-lhe o ombro direito:


 - Adam, não precisa olhar para trás, e não se preocupe, somos amigos. Vá para Le Puy-en-Velay, hospede-se no Hôtel du Parc. Pegue este pequeno envelope, que contém algo que deverá ser entregue a uma pessoa especial, um dos nossos.


- Mas como saberei que será a pessoa certa?


- Você saberá.

- Colocou o pequeno envelope, envolvido em uma nota de dez euros, no bolso do paletó e continuou contemplando o templo.





No dia seguinte preferiu viajar em um TGV, partindo da Estação de Bercy, passando por Clermond-Ferrand, e as seis horas passaram rapidamente em interessante e envolvente conversa com uma moça holandesa, Sharon Janny, que conheceu ainda no saguão de embarque. Descobriram afinidades, locais em comum, gostos identicos, até mesmo que estiveram no show do Bon Jovi, em Zurique, no lançamento de Crush, sendo "It's My
Life", coincidentemente a música preferida dos dois.





Ao chegarem na pequena Le Puy-en-Velay, despediram-se. Ficou admirado com sua beleza. Nem reparou o caminho do táxi até o hotel - não conseguia esquece-la. Enquanto saia do carro, uma discreta senhora aproximou-se e de uma forma educada, pediu-lhe auxílio para os peregrinos. Ia dizer não, que nada sabia daquilo, mas agindo naturalmente, com o pensamento integral em Sharon, e no intuito de se ver livre da mulher, enfiou a mão no bolso do paletó e entregou-lhe dez euros. Engraçado, eu nem lembrava deste dinheiro. Deve ser por que era para mim, disse fitando-o - riram muito, abraçou-o e abençoou-o, despedindo com um até breve.



Ao caminhar para o quarto, encontrou com a moça holandesa vindo ao seu encontro, no estreito corredor. Olharam-se apaixonados. Era coincidência demais. Jantaram juntos, embriagaram-se, beijaram e se entregaram a três intensos dias de romance. Descobriu nos passeios públicos que ali era a porta de entrada para o Caminho de Santiago de Compostela, que nunca na vida, até então, ouvira nada a respeito. Imagina só que loucura, andar por quase mil quilômetros, em uma peregrinação a pé, por trinta a quarenta dias, a troco de que?





Sua companheira de aventuras na pequena vila francesa também não dava sinal de que partiria naquela jornada. Na manhã do quarto dia acordou com a suite toda revirada. Uma bagunça completa - a mala cortada, as roupas rasgadas, documentos espalhados. Enquanto tentava entender o que se passava, sentiu um forte baque na cabeça.



Com dor intensa em todo o corpo, hematomas, dentadas e cortes, recobrou a consciência no leito de um hospital. A enfermeira logo chamou o policial que estava à porta. Comunicou-lhe que foi encontrado por peregrinos na estrada de acesso a Chanaleilles, três quilômetros após a saída de Le Puy-en-Velay, há dois dias, nu e desacordado. A princípio suspeitaram de assalto, mas como estava sem documentos e era desconhecido, precisavam do seu relato.



continua




Adam West III

continuação - 3ª parte

Refazendo da sua crise existencial, e em busca da identificação com a penitência do Arcanjo, experimentou um encontro onírico com dois seres angelicais. Encontrou-os em um exótico campo de golfe. Acordou com a certeza de que deveria ir a Paris e aguardar novas instruções. O instinto dizia que tudo acontecera de fato. Não teve dúvidas. Rumou para a Cidade Luz.

Chegou em uma tarde de início de primavera, ainda fria. Onde ir? Resolveu que o destino encarregaria desta parte. Entrou no táxi e pediu para levá-lo a um bom hotel. O chofer deixou-o à porta Hotel Claude Bernard, no coração do Quartier Latin, na Rue des Ecoles, estrategicamente localizado no centro turístico e intelectual da velha cidade.

Já na recepção, ao preencher a ficha, o atendente confirmou seu nome, pegou um bilhete nominal, desejando boas vindas, deixado por uma mulher anônima, com data do dia anterior. Sete dias se passaram, entre museus, livrarias e cafés. Começou a achar que aquilo estava muito chato, porém o bilhete em um hotel aleatório não era coincidência.

No nono dia, já cansado, ao retornar de um passeio pela região, recebe outro recado por escrito, para ir na manhã seguinte à Rue du Bac. Teve um sonho estranho naquela noite - uma pessoa mostrava-lhe um cartaz escrito com a mesma letra dos cartões recebidos - Monstra te esse matrem! Não entendeu nada. Tentou relacionar com o francês e alemão que dominava fluentemente, e até mesmo com o português que pouco compreendia, mas nunca viu aquela linguagem.

Na manhã seguinte um táxi o levou à Rue du Bac, deixando-o em frente ao mais famoso ponto turístico que a identifica. Mas não prestou atenção. Subiu a e desceu a rua uma dezena de vezes. O que ainda não havia notado? A via era estreita, feia e movimentada, cheia de pórticos que dão para o interior dos quarteirões, com moradias, lojas, restaurantes, etc. Passou, por algum motivo, a observar os pórticos, para ver se algo era familiar.

Exatamente em um deles, acima de uma imagem da Virgem com o Menino, estava a frase: "Monstra te esse matrem". Impelido pela ansiedade, entrou naquela galeria, que terminava em uma capela, onde sentou-se no último banco e discretamente tentou recordar alguma oração que sua mãe fazia, mas não lembrava - ela rezava em português e sempre achou a língua difícil e muito estranha. Acabou preferindo o silêncio.

Uma mão feminina, perfumada, tocou-lhe o ombro direito:
 - Adam, não precisa olhar para trás, e não se preocupe, somos amigos. Vá para Le Puy-en-Velay, hospede-se no Hôtel du Parc. Pegue este pequeno envelope, que contém algo que deverá ser entregue a uma pessoa especial, um dos nossos.
- Mas como saberei que será a pessoa certa?
- Você saberá.
- Colocou o pequeno envelope, envolvido em uma nota de dez euros, no bolso do paletó e continuou contemplando o templo.

No dia seguinte preferiu viajar em um TGV, partindo da Estação de Bercy, passando por Clermond-Ferrand, e as seis horas passaram rapidamente em interessante e envolvente conversa com uma moça holandesa, Sharon Janny, que conheceu ainda no saguão de embarque. Descobriram afinidades, locais em comum, gostos identicos, até mesmo que estiveram no show do Bon Jovi, em Zurique, no lançamento de Crush, sendo "It's My Life", coincidentemente a música preferida dos dois.

Ao chegarem na pequena Le Puy-en-Velay, despediram-se. Ficou admirado com sua beleza. Nem reparou o caminho do táxi até o hotel - não conseguia esquece-la. Enquanto saia do carro, uma discreta senhora aproximou-se e de uma forma educada, pediu-lhe auxílio para os peregrinos. Ia dizer não, que nada sabia daquilo, mas agindo naturalmente, com o pensamento integral em Sharon, e no intuito de se ver livre da mulher, enfiou a mão no bolso do paletó e entregou-lhe dez euros. Engraçado, eu nem lembrava deste dinheiro. Deve ser por que era para mim, disse fitando-o - riram muito, abraçou-o e abençoou-o, despedindo com um até breve.

Ao caminhar para o quarto, encontrou com a moça holandesa vindo ao seu encontro, no estreito corredor. Olharam-se apaixonados. Era coincidência demais. Jantaram juntos, embriagaram-se, beijaram e se entregaram a três intensos dias de romance. Descobriu nos passeios públicos que ali era a porta de entrada para o Caminho de Santiago de Compostela, que nunca na vida, até então, ouvira nada a respeito. Imagina só que loucura, andar por quase mil quilômetros, em uma peregrinação a pé, por trinta a quarenta dias, a troco de que?

Sua companheira de aventuras na pequena vila francesa também não dava sinal de que partiria naquela jornada. Na manhã do quarto dia acordou com a suite toda revirada. Uma bagunça completa - a mala cortada, as roupas rasgadas, documentos espalhados. Enquanto tentava entender o que se passava, sentiu um forte baque na cabeça.

Com dor intensa em todo o corpo, hematomas, dentadas e cortes, recobrou a consciência no leito de um hospital. A enfermeira logo chamou o policial que estava à porta. Comunicou-lhe que foi encontrado por peregrinos na estrada de acesso a Chanaleilles, três quilômetros após a saída de Le Puy-en-Velay, há dois dias, nu e desacordado. A princípio suspeitaram de assalto, mas como estava sem documentos e era desconhecido, precisavam do seu relato.

continua

terça-feira, 22 de abril de 2014

Adam West II

continuação - 2ª parte





Soldados do 75º Regimento de Rangers
se preparam para tomar 
La Comandancia no El Chorrillo
bairro da Cidade do Panamá, Dezembro de 1989.

Estamos em 1968. Maria Cristina, moça pobre de Governador Valadares, uma cidade do interior de Minas Gerais, chega ao Rio de Janeiro, com apenas 16 anos, acompanhada da irmã da sua mãe, que já residia no Borel, em busca de trabalho e condições de ajudar à família que deixou para trás.



A tia logo arrumou-lhe um emprego de babá, na Tijuca. O casal tinha uma filha de três anos e um adolescente de quinze, muito bonito, bem educado, aluno da Escola Americana do Rio de Janeiro. Com pouco tempo mudou para a residência da família. Os patrões, Mr. e Mrs. Kupfer eram austríacos, e trabalhavam com pedras preciosas em escala internacional, desta forma ficavam mais tempo em viagens do que em casa.



Não demorou muito e enamorou-se do filho. Em 1969 mudaram para New York, e Maria Cristina foi junto. Ainda naquele ano engravidou do rapaz. Mr. Kupfer arrumou-lhe um pequeno apartamento no sul do Brocklin, mobiliou, levou-a para lá sozinha, deu-lhe três mil dólares para as despesas extras e prometeu uma ajuda, que seria repassada pelo sr. Jacob, dono de um armazém próximo ao prédio, a quem foi pessoalmente apresentada pelo seu ex-patrão.



Nunca mais os viu. Residiu ali até o fim dos seus dias, sem nunca ter pago aluguel, luz, gás ou condomínio e religiosamente todo mês tinha um crédito de duzentos dólares para compras no armazém do Sr. Jacob,  além de trezentos dólares para despesas extras.



Em 1973, casou-se com Juan Pablo Gomez, um nicaraguense que trabalhava no porto, com quem teve mais três filhos - Carlos, Maria e Pedro. Enviuvou em 1977, e desde então ficou reclusa.



Adam West, com dezoito anos, alistou-se no United States Army Rangers, e foi encaminhado para a Brigada de Treinamento Ranger (RTB) com sede em Fort
Benning, Geórgia, mantendo contato com a mãe por carta. Enquanto participava da invasão do Panamá, na noite de 20 de dezembro de 1989, ela falecia em casa, vitimada por um infarto agudo.



Desta forma, teve autorização para deslocar a New York, a fim de acompanhar o funeral. Não voltou mais, pediu baixa e foi trabalhar no escritório do corretor William Gardner, indicado por um oficial "Ranger". Foi seu grande mestre para todos os segredos de Wall Street. A primeira lição foi sugerir que desligasse todos os laços familiares para ficar livre e centrado apenas em suas ações no mercado financeiro.



Gardner afirmava sempre, em alto e bom som, que West seria um dos melhores e maiores corretores da cidade. Inteligente, destemido, frio, calculista, focado e determinado - tinha os principais ingredientes para ser vitorioso. Parecia já ter nascido para o negócio.



calma, ainda não acabou - tem continuação.





Adam West II

continuação - 2ª parte
Soldados do 75º Regimento de Rangers
se preparam para tomar 
La Comandancia no El Chorrillo
bairro da Cidade do Panamá, Dezembro de 1989.
Estamos em 1968. Maria Cristina, moça pobre de Governador Valadares, uma cidade do interior de Minas Gerais, chega ao Rio de Janeiro, com apenas 16 anos, acompanhada da irmã da sua mãe, que já residia no Borel, em busca de trabalho e condições de ajudar à família que deixou para trás.

A tia logo arrumou-lhe um emprego de babá, na Tijuca. O casal tinha uma filha de três anos e um adolescente de quinze, muito bonito, bem educado, aluno da Escola Americana do Rio de Janeiro. Com pouco tempo mudou para a residência da família. Os patrões, Mr. e Mrs. Kupfer eram austríacos, e trabalhavam com pedras preciosas em escala internacional, desta forma ficavam mais tempo em viagens do que em casa.

Não demorou muito e enamorou-se do filho. Em 1969 mudaram para New York, e Maria Cristina foi junto. Ainda naquele ano engravidou do rapaz. Mr. Kupfer arrumou-lhe um pequeno apartamento no sul do Brocklin, mobiliou, levou-a para lá sozinha, deu-lhe três mil dólares para as despesas extras e prometeu uma ajuda, que seria repassada pelo sr. Jacob, dono de um armazém próximo ao prédio, a quem foi pessoalmente apresentada pelo seu ex-patrão.

Nunca mais os viu. Residiu ali até o fim dos seus dias, sem nunca ter pago aluguel, luz, gás ou condomínio e religiosamente todo mês tinha um crédito de duzentos dólares para compras no armazém do Sr. Jacob,  além de trezentos dólares para despesas extras.

Em 1973, casou-se com Juan Pablo Gomez, um nicaraguense que trabalhava no porto, com quem teve mais três filhos - Carlos, Maria e Pedro. Enviuvou em 1977, e desde então ficou reclusa.

Adam West, com dezoito anos, alistou-se no United States Army Rangers, e foi encaminhado para a Brigada de Treinamento Ranger (RTB) com sede em Fort Benning, Geórgia, mantendo contato com a mãe por carta. Enquanto participava da invasão do Panamá, na noite de 20 de dezembro de 1989, ela falecia em casa, vitimada por um infarto agudo.

Desta forma, teve autorização para deslocar a New York, a fim de acompanhar o funeral. Não voltou mais, pediu baixa e foi trabalhar no escritório do corretor William Gardner, indicado por um oficial "Ranger". Foi seu grande mestre para todos os segredos de Wall Street. A primeira lição foi sugerir que desligasse todos os laços familiares para ficar livre e centrado apenas em suas ações no mercado financeiro.

Gardner afirmava sempre, em alto e bom som, que West seria um dos melhores e maiores corretores da cidade. Inteligente, destemido, frio, calculista, focado e determinado - tinha os principais ingredientes para ser vitorioso. Parecia já ter nascido para o negócio.

calma, ainda não acabou - tem continuação.


Pensando bem / A pessoa errada




Circula na Rede, e o autor/autora é desconhecido.
Não foi escrita pelo Luís Fernando Veríssimo

Pensando bem em tudo o que a gente vê e vivência e ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente.
Existe uma pessoa que se você for parar pra pensar é, na verdade, a pessoa errada.
Porque a pessoa certa faz tudo certinho!
Chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas, mas nem sempre a gente tá precisando das coisas certas.
Aí é a hora de procurar a pessoa errada.
A pessoa errada te faz perder a cabeça, perder a hora, morrer de amor...
A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar que é pra na hora que vocês se encontrarem a entrega ser muito mais verdadeira.
A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa.
Essa pessoa vai te fazer chorar, mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas.
Essa pessoa vai tirar seu sono.
Essa pessoa talvez te magoe e depois te enche de mimos pedindo seu perdão.
Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado, mas vai estar 100% da vida dela esperando você.
Vai estar o tempo todo pensando em você.
A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo, porque a vida não é certa.
Nada aqui é certo!
O que é certo mesmo, é que temos que viver cada momento, cada segundo, amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo, conseguindo...
E só assim, é possível chegar àquele momento do dia em que a gente diz: "Graças a Deus deu tudo certo".
Quando na verdade, tudo o que Ele quer é que a gente encontre a pessoa errada pra que as coisas comecem a realmente funcionar direito pra gente...

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Sexy Belly Dance Nataly Hay


Nathalie Hay - dançarina, coreógrafa, professora, produtora de espetáculos de dança oriental e líder de opinião pública nas redes sociais (clipes virais que já renderam centenas de milhões de visualizações). Graças aos seus muitos anos de experiência em palcos, turnês internacionais e trabalho com o público e na mídia, Natalie se tornou uma pioneira no campo da dança oriental internacional.




Dados de Natalie Hay (Chai): 

Natalie Chai é dançarina, coreógrafa, professora e produtora de espetáculos de dança oriental.

Mais de 25 anos na área da dança, durante os quais estudou balé, hip hop, jazz, salsa, passos de dança moderna e oriental.

Possui um canal líder no YouTube  (mais de um quarto de milhão de seguidores) e clipes virais que conquistaram dezenas de milhões de visualizações nas redes sociais.

Durante sua carreira, Natalie apareceu no canal de música (24) como dançarina principal da casa junto com muitos artistas como: Omer Adam, Itai Levy, Zahava Ben, Shlomi Shabat, Sarit Hadad e outros. Participou do videoclipe da música "Kfara" do cantor Stephan e do videoclipe do cantor Ivri Lider.

Além disso, ela foi convidada para se apresentar em todo o mundo, entre outros na Itália junto com a cantora internacional Ishtar (Albina), na Hungria no festival internacional "Ozura" como dançarina solo com o ensemble "Juno Reactor", na Holanda em evento em homenagem ao cantor Drake e ao ator Jamie Foxx e em turnês e workshops em Miami, Los Angeles, Nova York, Bulgária, Holanda, Inglaterra, Alemanha, e Joanesburgo, na África.

Natalie se apresentou no Menorah Hall no jogo de basquete Maccabi Tel Aviv como parte do Campeonato Europeu de 2020 e no Comitê Central de Israel para 2022 na presença do primeiro-ministro, ministros e membros do Knesset. Ela também venceu a competição internacional de dança oriental realizada na Holanda e a primeira competição de Kizumba em Israel.

Natalie é guia e professora há cerca de 15 anos. Hoje ela ensina dança oriental, dança moderna, hip hop, dança criativa (para os pequenos) e principalmente seu estilo único de dança que combina elementos de vários gêneros.

Além disso, ela realiza workshops e atua em congressos e conferências internacionais (Congresso Internacional de Salsa, Festival Internacional de Dança Oriental, Congresso Internacional para Imigrantes Egípcios, Festival de Contação de Histórias, etc.).

Educação e Qualificações:

É bacharel em administração de empresas e marketing (com distinção) e mestre em administração de empresas, finanças, bancos e foco em riscos. Professora certificada de dança oriental pela escola acadêmica de Wingate e pós-graduada em cursos de linguagem corporal, comunicação interpessoal, facilitação de grupos, orientalismo e islamismo (honras). Além disso, um instrutor certificado de Zumba. Ela fala hebraico, inglês, árabe e espanhol.

Hoje, Natalie se apresenta em eventos como casamentos, hennas, despedidas de solteira, mikveh, aniversários, bar mitzvahs, bat mitzvahs, alianças, e também em salões culturais, teatros e outros eventos culturais.

É dona de uma escola de dança no centro do país e de uma academia online, onde ensina crianças e mulheres de todas as idades e de todo o mundo. As aulas são realizadas individualmente, em grupos, em workshops e online.

Uma frase mental pessoal para o leitor:

"A dança Mizrahi é parte inseparável da minha vida e do meu ser. A música, o movimento e a cultura se tornaram o centro da minha ocupação. Me formei, me profissionalizei e me especializei na área e estou feliz e empolgado em passar isso para mais pessoas através da dança, performances e treinamento."

Adam West


Adam West era um típico cidadão yuppie dos mórbidos anos 80. Não controlava sua alucinada perseguição em ritmo intenso aos bens materiais, e muitas vezes teve consequências sociais e espirituais indesejadas. Quase sempre com pressa, buscava comprar todos itens e serviços de conveniência que desejasse. A escassez excessiva de tempo fez com que rompesse todas as suas relações familiares. 

Altamente influenciado pelo destruidor ambiente competitivo das corporações; perdera os escrúpulos e a ética, através de comportamentos que descobrira serem úteis para galgar postos mais altos e, por consequência, maior renda e status. 

Portador crônico da solidão, de stress e exaustão mental, foi presa fácil para os hábitos de vício, entre drogas e álcool. No princípio compensava com academia, squash, golfe e tênis, saídas com os amigos e noitadas intermináveis com as mais caras prostitutas a serviço de Wall Street, mas com o tempo, aquele profissional jovem e ambicioso envelheceu para os padrões yuppies, e abandonou paulatinamente estes processos de compensação. 

O vácuo provocado pela saída do mundo financeiro permitiu que entrasse em uma crise de meia-idade, em  estado de desilusão profunda, quando tomou consciência de que não era mais tão ambicioso ou seguro de si, e permitiu que pela primeira vez refletisse sobre o que fez com a própria história. 

No vazio de suas frustrações humanas, teve a sensação que seu estilo de vida falhou em não fornecer-lhe um significado para sua própria existência. Os últimos quinze anos foram de uma alucinante corrida entre os corretores financeiros para chegar ali, sem um sentido concreto ou lógico de felicidade.

Rico e solitário, mergulhou novamente no caminho das drogas. Optou pelas psicodélicas, na realidade, uma única, a mais badalada, pois acreditava que desta forma o seu inconsciente tornava-se intensamente acessível por este meio tangível, ajudando-o a chegar a uma nova percepção acerca das questões que envolviam seu universo psico-afetivo. 

Foi em uma destas viagens surrealistas que encontrou Azagel, uma linda e majestosa garota celestial, da linhagem dos Anjos Azuis. Passou e encontrá-la mais vezes, e cada vez mais próximo até se conhecerem intimamente. A relação entre os dois não passou desapercebida. Em uma das suas muitas viagens a este céu, ao buscar por sua amada, foi barrado por três anjos guardiões, que o conduziram a Miguel.

Ali foi julgado por profanar uma criatura celestial, engravidando-a. Miguel o expulsou do paraíso e o condenou a ser um homem do bem em busca da verdade. Acordou arrasado, com a polícia ocupando todo o seu apartamento em busca de documentos e provas. Foi preso por crimes contra a ordem financeira e sonegação fiscal. Ficou seis anos detido em uma prisão federal, isolado de tudo e de todos.

Neste deserto espiritual nasceu a ideia fixa de ser o salvador do mundo, e desde então planejou metodicamente o alicerce da sua peregrinação, antes de voltar para o seio da família, com Azagel e o filho que não conhecia. Assim nascia o Templo Cósmico da Conexão Salvífica dos Homens de Bem.

Continua no próximo capítulo

É isto aí!

GOLPE (Grupo do Ódio pela Liberdade de um Povo Épico)






Fonte: https://www.infoescola.com/sociologia/discurso-de-odio/




O Discurso de Ódio é uma forma de pensamento, fala e posicionamento social que incita à violência contra diferentes grupos da sociedade. Pode ser verbalizado ou escrito e sua intenção é discriminar as pessoas devido a suas diferenças, sejam estas raça, cor, etnia, religião, orientação sexual, deficiências, classe etc. O Discurso de Ódio tem por base o ódio em si ao diferente e todos os preconceitos e prejuízos que decorrem desse sentimento. É considerado crime no Brasil e também um atentado aos Direitos Humanos.





Genericamente, esse discurso se caracteriza por incitar a discriminação contra pessoas que partilham de uma característica identitária comum, como a cor da pele, o gênero, a opção sexual, a nacionalidade, a religião, entre outros atributos. A escolha desse tipo de conteúdo se deve ao amplo alcance desta espécie de discurso, que não se limita a atingir apenas os direitos fundamentais de indivíduos, mas de todo um grupo social, estando esse alcance agora potencializado pelo poder difusor da rede, em especial de redes de relacionamento [...] (SILVA et al, 2011,p446).





O Discurso de ódio é uma ação discriminatória e pode estar relacionada também a intolerâncias de diversos tipos. A discriminação é a atitude de tratar as pessoas com desigualdade, enquanto a intolerância é o ato de não tolerar a existência do diferente, levando muitas vezes a atitudes de eugenia. A intolerância pode se manifestar no discurso de ódio. Este é considerado uma violência verbal e a base deste tipo de discurso é a não aceitação das diferenças entre as pessoas. Essas diferenças são consideradas elementos que distinguem os grupos sociais entre si e ainda conseguem identificar um grupo especifico, como a cultura, nacionalidade, religião etc.





Essa não aceitação pode levar a eugenia no sentido de que a eugenia é uma teoria presente no século XX que hierarquiza as raças humanas em termos de melhor qualidade genética. As atitudes eugenísticas são aquelas que vão classificar as pessoas em termos de melhores ou piores biologicamente, apesar de já se comprovar que as diferenças humanas são mais presentes na cultura do que na genética.





Este tipo de discurso é presente na sociedade e se apresenta de forma padronizada em determinados aspectos, pois ele nasce nos preconceitos sociais contra determinados segmentos e grupos, e se exacerba em atitudes de ódio contra a existência e o convívio com essas pessoas na sociedade. Ele é contrário à pluralidade humana e tende a hierarquizar as pessoas, de forma que considera algumas pessoas mais certas e mais humanas que outras. Por ser construído socialmente, baseado em preconceitos que aparecem ao longo da história da humanidade, como preconceitos étnico-raciais, de gênero, de culturas, com relação à deficiências e outros, ele não pode ser considerado uma opinião. A opinião tem por base os sentimentos e conclusões individuais, enquanto o preconceito é fomentado socialmente advindo de situações de dominação de um grupo sobre o outro. O discurso de ódio também não pode ser considerado uma opinião, pois ele incita e leva a violência e esta atitude é considerada crime no Brasil.





[...] no sentido de dividir o tal discurso em dois atos: o insulto e a instigação. O primeiro diz respeito diretamente à vítima, consistindo na agressão à dignidade de determinado grupo de pessoas por conta de um traço por elas partilhado. O segundo ato é voltado a possíveis “outros”, leitores da manifestação e não identificados como suas vítimas, os quais são chamados a participar desse discurso discriminatório, ampliar seu raio de abrangência, fomentá-lo não só com palavras, mas também com ações. (SILVA et al, 2011, p.448)





Um aspecto importante do discurso colonial é sua dependência do conceito de "fixidez" na construção ideológica da alteridade. A fixidez, como signo da diferença cultural/histórica/racial no discurso do colonialismo, é um modo de representação paradoxal [...]Do mesma modo, o estereótipo, que é sua principal estratégia discursiva, é uma forma de conhecimento e identificação que vacila entre o que está sempre "no lugar", já conhecido, e algo que deve ser ansiosamente repetido [...] Isto porque é a força da ambivalência que dá ao estereótipo colonial sua validade: ela garante sua repetibilidade em conjunturas históricas e discursivas mutantes; embasa suas estratégias de individuação e marginalização; produz aquele efeito de verdade probabilística e predictabilidade que, para o estereótipo, deve sempre estar em excesso do que pode ser provado empiricamente ou explicado logicamente [...] (BHABHA, 1998, p. 105-106).





Na Constituição de 1988, o artigo que legisla sobre preconceitos é o artigo 5º, que defende a igualdade de todos bem como os direitos e deveres do cidadão brasileiro e concorda com os Direitos Humanos. A Lei 7.716/89 é a lei brasileira que criminaliza os diferentes tipos de preconceitos na nossa sociedade. O discurso de ódio, por se basear em preconceitos e incitar a violência contra diferentes grupos sociais e minorias, é compreendido por esta lei como crime. Além de atacar a uma pessoa em específico, o discurso de ódio, procurando atacar todo um grupo social, fere os direitos difusos, que se referem aos direitos que se relacionam aos grupos sociais sem definição específica de pessoas.





Portanto, o discurso de ódio é um tipo de violência exercida por meio do discurso verbal ou escrito e tem por intenção discriminar, ofender, diminuir, agredir outras pessoas devido a suas condições sociais ou características étnicas, raciais, religiosas, culturais, de gênero e orientação sexual etc. Por violar o respeito à diversidade humana, à pluralidade e às liberdades civis e os direitos difusos é considerado crime no Brasil e em diversos outros países.