segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Odete, Miss Delação do Paranoá

Meu conservado Nokia analógico agita-se feito um liquidificador manco, avisando que do outro lado da célula (pelo amor de Deus, linha é para os fixos, célula é para os fortes) está Odete, a rainha da delação federal. Reza a lenda que Odete já fez concurso para ver quantas delações conseguia em uma única noite, até que descobriu que aquilo não era bem do jeito que contaram.

Olá querido, saudades demais desta sua voz grave e sensual.

Uau, Odete, assim você me impossibilita de ir além do ponto que desejo.

Liga não, bobinho, por que eu estou mais é querendo fazer uma delação com você.

Caramba, isto está ficando muito interessante, Odete. Mas a que devo esta empolgação toda?

Bem, amor, como sabe aqui em Brasília nada fica em segredo. Dia destes ouvi e senti a delação do Jorginho, assistente júnior de 3ª classe do sexto secretário da mesa da Câmara, que por acaso estava pintando a minha ... parede, e que também por acaso pinta a ... parede da Flavinha, tipo sobrinha / amante e secretária de poderosa raposa felpuda da política tupynambá. 

Pois bem, segundo Jorginho, Flavinha enquanto segurava o pincel para que ele passasse o rolo, confidenciou-lhe que ouviu na sala de uma famosa garçoniere do Paranoá, pela boca de poderosa personagem da inconfidência mineira, que delação é melhor do que sexo, por que a coisa já começa quente, depois fica bem tensa, aí entra tudo em todos os lados e no final todo mundo fica feliz. 

A moda agora, ainda segundo Jorginho, é fazer delação premiada em grupo. Jorginho contou que Flavinha ficou excitada, perplexa e doida querendo fazer esta tal de delação swing - por que deve muito melhor que mega-sena, pensou a loirinha: gasta-se pouco, entra todo mundo depressa e custam para sair e enquanto ficam lá dentro, é um delírio total, e o melhor, ninguém perde nada e todo mundo acha-se gozado, e o melhor - é rapidamente esquecido.

Nossa Odete, toda esta conversa me deixou agitado, então aceito a sua delação... alô... alô... droga, perdi a chamada por decurso de prazo.

É isto aí!

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

E se a eleição fosse ontem?

Daqui a uma semana iremos às urnas. Foi uma campanha atípica esta de 2014. A novidade foi a histeria - fato novo na vida pública tupynambá. Chora-se por nada, mas na hora de jogar pedras é cada uma que vou te contar, maior que a outra.

Ontem, na sexta-feira a Cacica Búlgara reuniu blogueiros para falar de coisas - gostei disto, pois os outros candidatos mandam prender blogueiros para que não falem de coisas - veja só você - como se acha que constrói uma democracia destruindo palavras?

A pátria amada tem uma imprensa maquiavélica, tendenciosa, verborrágica, e mesmo assim, apesar disto tudo, vem perdendo as eleições e seus amores vêm sendo atropelados pelo povo. Algo deve ser feito e repensado - não se pode ter apenas uma ideologia administrando tudo por tanto tempo, mas as artes políticas deverão ser repensadas.

Não sou adivinho, mas daqui do mais alto monte do Reino da Pitangueira posso ver que apesar do ódio disseminado e dos rancores incuráveis, a Cacica fica. Ou a oposição percebe que a pátria agora é amada e idolatrada ou não irá se salvar. É hora de juntar os cacos e refazer os discursos e mais que isto, mostrar segurança e sobretudo mostrar serviço.

Basta de ameaças falsas, fraudes contábeis, denúncias mentirosas - pois milhões acessam a rede, e até este pedaço aqui tem suas visitas diárias, apesar de ter o cuidado de afastar-me do processo eleitoral por questões de ordem pessoal, pois para ir à luta o corpo exige saúde e esta já se foi.

Que na próxima eleição, os candidatos sejam não a esperança, mas a consolidação da mudança de uma pátria subserviente em uma nação gloriosa. Enfim, chega de ódio entre os cidadãos deste país. Ou se faz o diálogo ou perderemos o bonde e a esperança.

É isto aí! 




quinta-feira, 25 de setembro de 2014

O crime perfeito





Aí a mocinha, coitada, não conseguia passar nos testes para
nenhum emprego. Já havia tentado de tudo, desde babá de Petshop até auxiliar de
caixa de supermercado de bairro.





Desesperada, devendo no salão, na farmácia, na padaria, na
sapataria e na quitanda, resolveu tomar uma atitude extrema, no mundo do crime,
para ganhar dinheiro fácil. Passou vários dias assistindo CSI na televisão,
anotou tudo que viu e achou uma possibilidade: Vou seqüestrar uma criança! -
pensou, pensou, pensou, anotou detalhes, analisou os riscos e foi à luta.





É claro que vou dar carinho para ela, dar banho, dar
papinha, dar roupa nova, fazer ela dormir no meu colo e com o dinheiro do
resgate eu resolvo a minha vida. Foi com muito planejamento que encaminhou-se
para um playground, no bairro de luxo mais bacana da cidade e viu um menino
lindinho, fofinho, muito bem vestido, brincando com seu carrinho. Acenou para
ele com um imenso pirulito colorido na mão, deu um sorriso maternal e chamou-o
para perto de si.





Perguntou seu nome, onde morava, se gostava dela, e o menino
ali, só manjando a moça. Tirou um bloco de anotações de dentro da sua bolsa, uma
caneta, e foi logo escrevendo o bilhete: - Querida mãe do F., isto é um
seqüestro. Estou com seu filho. Não fale disto com ninguém. Favor deixar o
resgate dentro de uma pequena bolsa Luiz Vitão, no valor de R$10.000,00,
amanhã, ao meio-dia, atrás da árvore marcada com um X, do lado do Algodão Doce
do parquinho. Assinado: Telma, uma seqüestradora anônima.





Então pegou calmamente o bilhete, dobrou-o com muito cuidado
para não deixar impressão digital, e colocou no bolso da jaqueta do menino,
dizendo: - Agora seja bonzinho com a tia, vai lá e entrega esse bilhete para a
sua mãe.





No dia seguinte, a meliante foi até o local combinado. Olhou
para um lado, para o outro, viu que estava sozinha e notou a bolsa no chão, no
pé da árvore marcada com um X. Em meio a uma crise de ansiedade e sentimento de
culpa por ter cometido um crime de tamanha gravidade, aproximou-se do objeto,
abriu e encontrou os R$10.000,00 em dinheiro e um bilhete junto, dizendo:







Dona Telma Anônima, conforme a senhora mandou, fiz tudo que
pediu e juro que não falei com ninguém, menos com a Clotilde do Salão, que é um
túmulo. Está aí o resgate que pediu. Só não me conformo como pôde fazer isso
com minha família... quanta violência neste mundo...


O crime perfeito

Aí a mocinha, coitada, não conseguia passar nos testes para nenhum emprego. Já havia tentado de tudo, desde babá de Petshop até auxiliar de caixa de supermercado de bairro.

Desesperada, devendo no salão, na farmácia, na padaria, na sapataria e na quitanda, resolveu tomar uma atitude extrema, no mundo do crime, para ganhar dinheiro fácil. Passou vários dias assistindo CSI na televisão, anotou tudo que viu e achou uma possibilidade: Vou seqüestrar uma criança! - pensou, pensou, pensou, anotou detalhes, analisou os riscos e foi à luta.

É claro que vou dar carinho para ela, dar banho, dar papinha, dar roupa nova, fazer ela dormir no meu colo e com o dinheiro do resgate eu resolvo a minha vida. Foi com muito planejamento que encaminhou-se para um playground, no bairro de luxo mais bacana da cidade e viu um menino lindinho, fofinho, muito bem vestido, brincando com seu carrinho. Acenou para ele com um imenso pirulito colorido na mão, deu um sorriso maternal e chamou-o para perto de si.

Perguntou seu nome, onde morava, se gostava dela, e o menino ali, só manjando a moça. Tirou um bloco de anotações de dentro da sua bolsa, uma caneta, e foi logo escrevendo o bilhete: - Querida mãe do F., isto é um seqüestro. Estou com seu filho. Não fale disto com ninguém. Favor deixar o resgate dentro de uma pequena bolsa Luiz Vitão, no valor de R$10.000,00, amanhã, ao meio-dia, atrás da árvore marcada com um X, do lado do Algodão Doce do parquinho. Assinado: Telma, uma seqüestradora anônima.

Então pegou calmamente o bilhete, dobrou-o com muito cuidado para não deixar impressão digital, e colocou no bolso da jaqueta do menino, dizendo: - Agora seja bonzinho com a tia, vai lá e entrega esse bilhete para a sua mãe.

No dia seguinte, a meliante foi até o local combinado. Olhou para um lado, para o outro, viu que estava sozinha e notou a bolsa no chão, no pé da árvore marcada com um X. Em meio a uma crise de ansiedade e sentimento de culpa por ter cometido um crime de tamanha gravidade, aproximou-se do objeto, abriu e encontrou os R$10.000,00 em dinheiro e um bilhete junto, dizendo:


Dona Telma Anônima, conforme a senhora mandou, fiz tudo que pediu e juro que não falei com ninguém, menos com a Clotilde do Salão, que é um túmulo. Está aí o resgate que pediu. Só não me conformo como pôde fazer isso com minha família... quanta violência neste mundo...

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O corpo fala




- Carminha, preciso falar uma coisa com você.





- Tudo bem, Armando. Pode falar.





- Humm, melhor que não, você não esboçou uma reação confiável.





- Reação confiável? Precisa disto entre nós agora?





- Ontem, hoje e sempre. Você pode até mentir, mas enquanto isto, seu corpo fala.





- Meu corpo fala? Está escrito isto em minha postura? Você lê meus movimentos? O que ele fala?





- Que você mente. Olhou para o lado esquerdo apenas com o movimento dos olhos, apertou o lábio inferior com os dentes, suas pupilas dilataram, juntou as mãos e em seguida levou-as ao pescoço e coçou o nariz, além dos ombros encurvarem para a frente.





- Nossa, Armandinho, você viu, leu, interpretou e sabe isto tudo só de olhar meu comportamento?





- Sim.





- Mas, Armandinho lindinho, isto não é verdade.





- É sim. Você não pode contestar a ciência. Explique então algo tangível, que prove que estou errado, se for capaz.





- Olhei para o lado para verificar se a cortina estava fechada, apertei os lábios por que quero morder você todo, minhas pupilas dilataram devido à descarga de adrenalina por que estou excitada pela sua presença, levei as mãos ao pescoço pelo calor que veio à flor da pele e meus ombros foram para a frente pela vontade de estar agarrada em você.





- Caramba! Jura? Nossa... fiquei excitadíssimo, olha só o que você fez comigo. Você me deseja tanto assim?





- Claro que não, mané, vá se catar, vá ver se estou na esquina e outra coisa - vá fazer leitura corporal no corpito das tuas negas - fui!





É isto aí!

O corpo fala

- Carminha, preciso falar uma coisa com você.

- Tudo bem, Armando. Pode falar.

- Humm, melhor que não, você não esboçou uma reação confiável.

- Reação confiável? Precisa disto entre nós agora?

- Ontem, hoje e sempre. Você pode até mentir, mas enquanto isto, seu corpo fala.

- Meu corpo fala? Está escrito isto em minha postura? Você lê meus movimentos? O que ele fala?

- Que você mente. Olhou para o lado esquerdo apenas com o movimento dos olhos, apertou o lábio inferior com os dentes, suas pupilas dilataram, juntou as mãos e em seguida levou-as ao pescoço e coçou o nariz, além dos ombros encurvarem para a frente.

- Nossa, Armandinho, você viu, leu, interpretou e sabe isto tudo só de olhar meu comportamento?

- Sim.

- Mas, Armandinho lindinho, isto não é verdade.

- É sim. Você não pode contestar a ciência. Explique então algo tangível, que prove que estou errado, se for capaz.

- Olhei para o lado para verificar se a cortina estava fechada, apertei os lábios por que quero morder você todo, minhas pupilas dilataram devido à descarga de adrenalina por que estou excitada pela sua presença, levei as mãos ao pescoço pelo calor que veio à flor da pele e meus ombros foram para a frente pela vontade de estar agarrada em você.

- Caramba! Jura? Nossa... fiquei excitadíssimo, olha só o que você fez comigo. Você me deseja tanto assim?

- Claro que não, mané, vá se catar, vá ver se estou na esquina e outra coisa - vá fazer leitura corporal no corpito das tuas negas - fui!

É isto aí!

domingo, 21 de setembro de 2014

Achas Que Sabes Dançar? | Pedro Santos - Casting

Achas Que Sabes Dançar? | Pedro Santos - Casting

CORTES & DECOTES

CORTES & DECOTES

Maldito cuco





Na noite da festa





Armandinho, vou na casa da Gildinha.







- Da Gildinha, Carminha? Você sabe muito bem o que acontece quando você vai lá.









Mas meu bem, na semana passada fui convidada para uma reunião com as
meninas, para comemorar o aniversário da Zilda.





- E posso saber se é para buscá-la ou se devo mandar o táxi?





Mas que isto, amor. Eu volto meia-noite no máximo, amanhã tem serviço. Mas como forma de tranquilizar você, voltarei de táxi - Prometo!  





- Então está bem! Beijão e juízo, hem! Vê lá o que vai fazer.





A danação é que as horas passaram rapidamente e a conversa regada a destilados estava rolando solta, até que por volta das três da
manhã, completamente bêbada, eu fui para casa. Mal  entrei e fechei a porta, o relógio cuco, maldito presente da minha sogra, disparou
e cantou três vezes.  Rapidamente,
percebendo que meu marido poderia acordar, sentei na cadeira e  fiz "cu-co" de uma forma brilhante, mais nove vezes. Fiquei realmente
orgulhosa de mim mesma por ter uma ideia tão brilhante e  rápida, evitando assim um
possível conflito conjugal desnecessário.









 Na manhã seguinte:





- Carminha, eu não ouvi você chegando. A que horas você chegou da Gildinha?







Também, com este sono pesadão, nem iria saber mesmo. Cheguei meia-noite em ponto, como prometi. Dei a resposta e chequei sua expressão -  não pareceu nem
um pouquinho desconfiado. Ufa! Daquela eu tinha escapado! Mas aí... mas aí, pois é, ele disse:





- Carminha, não sei como dizer isto à mamãe, mas nós precisamos de
um novo cuco!









Ficou doido, Armandinho, você sabe que sua mãe é apaixonada com este Cuco, que recebeu de herança do seu avô.Mas posso saber o porquê?







- Bom, de madrugada nosso relógio fez "cu-co" três vezes.
Depois, não sei  porque, ainda com a sua tradicional voz de cuco, ele soltou um "caraaaaalhooooo!".





Mas o que é isto, Armandinho, você deve ter sonhado.







- É, eu até tinha pensado isto mesmo, mas aí ele fez "cu-co" mais quatro vezes, já um pouco desafinado e espirrou escandalosamente. Fez mais três vezes, deu uma gargalhada e fez mais duas vezes, seguido de uns soluços. Daí, tropeçou no gato, derrubou a
mesinha da sala, peidou alto, vomitou no  tapete todo, até chegar ao lavabo, que entupiu ao jogar a toalha de cambraia no vaso, e quando começou a soar para o quarto de hora, parece que voltou para dentro da casinha, de onde não saiu mais desde então, talvez por que, não imagino como conseguiu, amarrou a casinha por fora com um cinto parecido com um dos seus.





Credo, Armandinho, que menino danado...





É isto aí!




















Maldito cuco

Na noite da festa

Armandinho, vou na casa da Gildinha.

- Da Gildinha, Carminha? Você sabe muito bem o que acontece quando você vai lá.

Mas meu bem, na semana passada fui convidada para uma reunião com as meninas, para comemorar o aniversário da Zilda.

- E posso saber se é para buscá-la ou se devo mandar o táxi?

Mas que isto, amor. Eu volto meia-noite no máximo, amanhã tem serviço. Mas como forma de tranquilizar você, voltarei de táxi - Prometo!  

- Então está bem! Beijão e juízo, hem! Vê lá o que vai fazer.

A danação é que as horas passaram rapidamente e a conversa regada a destilados estava rolando solta, até que por volta das três da manhã, completamente bêbada, eu fui para casa. Mal  entrei e fechei a porta, o relógio cuco, maldito presente da minha sogra, disparou e cantou três vezes.  Rapidamente, percebendo que meu marido poderia acordar, sentei na cadeira e  fiz "cu-co" de uma forma brilhante, mais nove vezes. Fiquei realmente orgulhosa de mim mesma por ter uma ideia tão brilhante e  rápida, evitando assim um possível conflito conjugal desnecessário.

 Na manhã seguinte:

- Carminha, eu não ouvi você chegando. A que horas você chegou da Gildinha?

Também, com este sono pesadão, nem iria saber mesmo. Cheguei meia-noite em ponto, como prometi. Dei a resposta e chequei sua expressão -  não pareceu nem um pouquinho desconfiado. Ufa! Daquela eu tinha escapado! Mas aí... mas aí, pois é, ele disse:

- Carminha, não sei como dizer isto à mamãe, mas nós precisamos de um novo cuco!

Ficou doido, Armandinho, você sabe que sua mãe é apaixonada com este Cuco, que recebeu de herança do seu avô.Mas posso saber o porquê?

- Bom, de madrugada nosso relógio fez "cu-co" três vezes. Depois, não sei  porque, ainda com a sua tradicional voz de cuco, ele soltou um "caraaaaalhooooo!".

Mas o que é isto, Armandinho, você deve ter sonhado.

- É, eu até tinha pensado isto mesmo, mas aí ele fez "cu-co" mais quatro vezes, já um pouco desafinado e espirrou escandalosamente. Fez mais três vezes, deu uma gargalhada e fez mais duas vezes, seguido de uns soluços. Daí, tropeçou no gato, derrubou a mesinha da sala, peidou alto, vomitou no  tapete todo, até chegar ao lavabo, que entupiu ao jogar a toalha de cambraia no vaso, e quando começou a soar para o quarto de hora, parece que voltou para dentro da casinha, de onde não saiu mais desde então, talvez por que, não imagino como conseguiu, amarrou a casinha por fora com um cinto parecido com um dos seus.

Credo, Armandinho, que menino danado...

É isto aí!






Roberta Campos - Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor


Indicada ao Grammy Latino 2016 na categoria "Melhor Álbum de MPB" com o disco "Todo Caminho é Sorte", Roberta Campos é uma das melhores artistas de sua geração. Completa, Roberta canta, compõe, toca e produz, conduzindo sua carreira aberta às novidades, mas sem nunca perder a identidade.

Mineira de Caetanópolis, aos 11 anos ingressou para o mundo da música ao descobrir, no violão, o parceiro de todas as horas. De lá pra cá, trabalhou tocando em bares, saraus e afins, até reunir suas composições para gravar seu primeiro disco "Para Aquelas Perguntas Tortas", de forma independente, em 2008.

Após, vieram os discos Varrendo a Lua, Diário de Um Dia e Todo Caminho é Sorte, celebrados em seu DVD "Todo Caminho é Sorte – Ao Vivo – 10 anos de carreira", gravado em apresentação única, em julho de 2018, no Teatro Porto Seguro.

Em 2021, Roberta lança seu mais novo disco “O Amor Liberta”, onde celebra a maturidade artística com músicas modernas, complexas – sem perder a suavidade – e onde ela mistura, como ninguém, indie, pop, folk, jazz, blues e bossa nova à sua MPB.

A cantora e compositora coleciona sucessos como "Abrigo", que esteve na trilha sonora da novela "O Outro Lado do Paraíso"; "Minha felicidade", tema de abertura da novela " Sol Nascente"; "Todo Dia", trilha sonora da novela "Órfãos da Terra" e "De Janeiro a Janeiro", canção da artista gravada em parceria com Nando Reis - que já esteve na trilha de 5 novelas - e que alcançou a marca de mais de 40 milhões de visualizações na internet e os primeiros lugares nas rádios de todo o Brasil.

Roberta já é destaque como autora de canções que compõem trilhas sonoras de diversas novelas e hits que alcançam os primeiros lugares das rádios brasileiras; além de parcerias em composições com nomes como Humberto Gessinger, Nico Resende, Luiz Caldas, Hyldon, Fernanda Takai, Paulo Mendonça, entre outros.

Faixa 8 do álbum "Varrendo A Lua" da cantora e compositora Roberta Campos
Fonte no Youtube: Roberta Campos 
Música: Quem_Sabe_Isso_Quer_Dizer_Amor
Artista: Roberta Campos
Compositores:  Lô Borges e Márcio Borges
Álbum: Varrendo A Lua
Licenciado para o YouTube por
Deckdisc; SOLAR Music Rights Management, UNIAO BRASILEIRA DE EDITORAS DE MUSICA - UBEM, LatinAutorPerf, Sony ATV Publishing e 6 associações de direitos musicais




Cheguei a tempo de te ver acordar
Eu vim correndo à frente do sol
Abri a porta e antes de entrar
Revi a vida inteira

Pensei em tudo que é possível falar
Que sirva apenas para nós dois
Sinais de bem, desejos vitais
Pequenos fragmentos de luz

Falar da cor dos temporais
De céu azul, das flores de abril
Pensar além do bem e do mal
Lembrar de coisas que ninguém viu

O mundo lá sempre a rodar
Em cima dele tudo vale
Quem sabe isso quer dizer amor
Estrada de fazer o sonho acontecer

Pensei no tempo e era tempo demais
Você olhou sorrindo pra mim
Me acenou um beijo de paz
Virou minha cabeça

Eu simplesmente não consigo parar
Lá fora o dia já clareou
Mas se você quiser transformar
O ribeirão em braço de mar

Você vai ter que encontrar
Aonde nasce a fonte do ser
E perceber meu coração
Bater mais forte só por você

O mundo lá sempre a rodar
Em cima dele tudo vale
Quem sabe isso quer dizer amor
Estrada de fazer o sonho acontecer

Eu simplesmente não consigo parar
Lá fora o dia já clareou
Mas se você quiser transformar
O ribeirão em braço de mar

Você vai ter que encontrar
Aonde nasce a fonte do ser
E perceber meu coração
Bater mais forte só por você

O mundo lá sempre a rodar
Em cima dele tudo vale
Quem sabe isso quer dizer amor
Estrada de fazer o sonho acontecer
Estrada de fazer o sonho acontecer

sábado, 20 de setembro de 2014

Adeus, Carlinhos

Havia conseguido trocar o horário do voo para mais cedo e chegaria de surpresa, mas mesmo assim chegou muito cansado, a viagem foi longa, o fuso horário cansativo, as reuniões intermináveis. Demorou no desembarque, a bagagem fora extraviada, preencheu toda a burocracia e partiu repleto de saudade.

O bilhete estava colado na porta: Adeus, Carlinhos, estou indo embora, não dá mais, aqui não é meu lugar, e desculpe a letra, os erros, desculpa minhas paranoias, desculpa minha vida na sua.

Entrou tateando a sala, tudo escuro. Abriu uma garrafa de vinho que estava na bolsa e passou a lamentar - Nenhum amor é verdadeiro, pensou antes de mais um gole de vinho. Nenhum amor é verdadeiro, murmurou. Ao fundo, em algum lugar do prédio, Nana Caymmi cantava Tarde Triste... por onde andará quem amei, será que também vive assim, sofrendo como só eu sei, pensando um pouquinho em mim... 

As lágrimas rompiam a face, como a tarde, tristes. Nenhum conto de amor é bonito, divagou, todos são trágicos, o amor é trágico. Saudade, saudade... esta imensa área ocupada pela sua ausência em mim ocupa toda a minha vida. Sozinho... sofrendo... tarde triste...

Ninguém ensina como isto dói. Nenhum amor, meu desejo é nunca mais nenhum amor. Outro gole, outra lágrima, outro gole, outra tarde triste, noite vem, já está descendo e eu sozinho sofrendo. As pessoas amam e sofrem e saem nas ruas sorrindo. Eu não queria te amar. Volta, pelo amor de Deus, só para tirar esta dor de mim, por que ela não é minha, ela é sua, por que sou seu. Outra garrafa...

Dormiu no chão da sala, acordou com o dia clareando, cabeça explodindo, tudo revirado, roupas espalhadas, talheres, pratos. Arrastou-se até o banheiro, e ali ficou, sob o chuveiro por tanto tempo quanto achou que deveria. 

Vestiu uma roupa que não reconheceu, e saiu, desceu lentamente, foi até a recepção, onde recebeu as correspondências do dia. Ao voltar para o elevador, seu Zezinho chamou-o de volta - Sr. Carlos, faz favor.

Voltou meio desconfiado, triste, macambuzio. Pois não, seu Zezinho?

Sr. Carlos, só uma dúvida. A dona Patrícia falou que o sr. só iria chegar hoje de manhã, e como ela foi para a casa da mãe dela e deixou a chave do apartamento aqui, e a chave ainda está aqui, como o senhor entrou no apartamento?

Seu Zezinho... a cabeça ainda confusa. Então ela não foi embora? Seu Zezinho olhou meio esquisito para ele. Então será que errei de porta e a chave está aí?... Seguiu ao apartamento correto, todo arrumado, perfumado, tudo em ordem. Fez as malas e partiu. Havia dentro dele uma estranha sensação de que precisava sofrer a intensidade daquela ausência de amor.

É isto aí!

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

dezembro de 99

Era final dos anos 90. Naquela época eu tinha um Gol quatro portas cinza metálico, que ficou comigo até 2008, se não me engano. Estava voltando de uma viagem rápida sozinho, madrugada de dezembro, uma chuva torrencial dava sinais de que não cederia nunca. Resolvi entrar numa pequena cidade 60 Km antes do destino. As ruas desertas, toda a cidade sem luz, e eu ali, filosofando o grande problema que eu era para mim. 

Pensava no dinheiro que devia ao banco, nos amigos que perdi, nos amores que não tive e agora no carro, que ainda faltavam dezesseis prestações, sem seguro, sendo levado pela correnteza.

Turbilhões de coisas passavam na mente enquanto o céu desabava. Descia água feito um dilúvio, transbordando o rio, estornando a rede pluvial e a de esgoto, passeios desaparecendo, etc. Fui até onde a responsabilidade permitia.

Na verdade, estava perdido por que, por mais estranho que pareça, não conseguia localizar aquele trecho na memória, apesar de conhecer bem a região. Procurei um local seguro para estacionar e sair, foi quando a vi, ao lado de uma enorme árvore, olhando minha aflição, com uma serenidade impressionante.

Assim que saltei do carro e pulei sobre a correnteza, o automóvel navegou rapidamente para o canal formado na avenida. Foi aí que, não sei até hoje como, segurou-me fortemente pelo braço para que não fosse atrás do veículo. Olhei nos seus olhos, e senti um conforto indescritível. De mãos dadas, acompanhei seus passos até uma casa mais alta, que não lembro de ter visto anteriormente. Fomos entrando ainda em total silêncio.

Acendeu uma pequena vela, fez sinal para que eu esperasse ali, e entrou por um corredor, que não reparei onde dava. Voltou com uma toalha enorme, roupas secas e uma sandália. Entregou-me, apontou para uma porta, onde tinha um banheiro pequeno, e novamente desapareceu pelo corredor. Imediatamente tirei a roupa congelante e molhada, troquei-me, sentei numa enorme poltrona e dormi. Tive sonhos estranhos, acho que ouvi vozes baixas, sussurros, tudo com muita tranquilidade.

Acordei com o dia amanhecendo, limpo, sem chuva, e minhas roupas estavam secas, penduradas em uma cadeira, ao lado da poltrona. A casa não tinha mais móveis. Assim que vesti, não vendo mais ninguém, busquei pelo que achava ser o corredor, e na realidade era um minúsculo aposento vazio, sem janela. Ao lado, contínuo à sala, uma cozinha, com um fogão de lenha, uma pia com uma moringa d'água e três canecos e apenas duas janelinhas e a única porta era aquela pela qual entrei, curiosamente trancada por dentro, com um trinco grande. Ao sair, o carro estava estacionado na frente, bati a mão no bolso e as chaves estavam nele.

Sentindo-me meio esquisito, com uma sensação de vazio, entrei no automóvel e toquei para casa. E nunca mais consegui encontrar a moça, nem sequer o local. Como a família sabia que eu regressaria somente naquela manhã, tudo bem, mas sei lá, será que dormi no volante? Mas foi tudo tão real que até hoje, quinze anos passados, de vez em quando me pego pensando nos seus olhos mirando os meus e principalmente a força com a qual ela segurou meu braço.

É isto aí! 


segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Compras e Vendas

Este Blog não tem o menor interesse em participar de processos de capitalização, rendas e lucros pela Internet.



Não é nosso objetivo nem nossa pretensão.

Compras e Vendas

Este Blog não tem o menor interesse em participar de processos de capitalização, rendas e lucros pela Internet.

Não é nosso objetivo nem nossa pretensão.

Discutindo a relação - Vai ser carinhoso?













- Para , Beto, pode parar.

Espera Claudinha, está quase lá.

- Para, Beto. Tem alguma coisa errada aqui, e precisamos conversar.

Caramba, conversar agora, Claudinha?

- É Beto, conversar agora.

Pronto, parei, o que você quer conversar?

- É sobre você, Beto, e sobre nós.

Sei, sobre nossa vida e nosso relacionamento.

- Sim e não, olha Beto, eu sei que você tem outra, e não mente pra mim.

Claudia, de onde você tira estas ideias? Outra! Que outra?

- Outra mulher, uma amante, uma vadia, uma putinha vulgar, e não se faça de desentendido.

Você está louca.

- Isto mesmo, louca para acabar com esta farsa.

Tem provas disto? De onde tirou esta piração?

- Tenho evidências, Beto, e elas podem me levar aos fatos. Mas prefiro ouvir de você.

Tudo bem, cita aí estas tais de evidências.

- O seu celular, por exemplo. De uns meses para cá só fica no silencioso. Como explica isto? Com certeza não deve ser para que eu ouça quando a galinha te liga.

O Celular só passou a ficar no silencioso por que você danou a reclamar que não tinha mais sossego em casa ao meu lado. Só por isto.

- Será Beto? Será mesmo? E o computador? Hem? E o computador que você passou a deletar o histórico dele toda vez que usa? Explica esta agora, hem!?!? dr. Explicadinho.

Como nosso computador é antigo, com pouca memória, e estava travando muito, passei a deletar os históricos para eliminar cookies, e pode ver que melhorou.

- Tem desculpa para tudo mesmo, hem? E o carro, Beto, o carro nunca foi lavado nestes três anos que estamos juntos, nem antes. Nem o carro do seu pai você lavava.

E daí?

- E daí que de uns tempos para cá só anda limpo e com aquele perfumezinho barato de rodoviária que você pendura no painel. Está limpando para que? Hem? Para esconder o perfume da piranha?

Você está doida, isto não está acontecendo. Como sabe passei a dar carona para um casal que trabalha no escritório e moram aqui ao lado, O Francklin e a Rosália. Daí achei que pegava mal ficar dando desculpa o tempo todo da sujeira do carro, até mesmo  por que eles bancam a gasolina.

- Doida, é? E quer saber mais? E a missa, Beto? Você nunca foi à igreja para nada, desde quando a gente só ficava. De repente vira beato de carteirinha. 

Isto quer dizer apenas que encontrei minha fé.

- Encontrou o cacete. Ela deve ir também. Olha só, vê estas fotos da missa? Eu tirei escondida de você, mas nunca está ao lado de uma piriguete suspeita. Você sabia que eu iria investigar.

Claudinha, você está tomando alguma coisa diferente?

- Diferente é a sua cara de pau. E as quarta-feiras? O que está acontecendo nas quarta-feiras?

Nada, ué! Eu tive uma distensão e parei de jogar bola com a turma, foi só isto.

- Só isto, Beto? Tem a coragem de dizer que é só isto? Você e os meninos jogam bola juntos desde a adolescência, no mesmo horário, toda maldita quarta-feira. Sabe o que isto significa?

Não significa nada. Pois estou cedo em casa toda quarta-feira, se você não percebeu.

- Percebi, claro que percebi, não sou burra. É por que você e a cachorra saem na quarta-feira e aí como passou a atrasar para o jogo, inventou este estiramento aí.

Claudinha, pelo amor de Deus, pára com isto. Não tem nada disto.

- É, Beto? Não tem nada disto? É sério? E as suas taras, ou melhor sua intenção de taras?

Que tem isto agora?

- Desde que começamos a ter uma vida sexual ativa, você, com suas taras primitivas e seu jeito troglodita sempre forçou a barra para eu ceder seu desejosinho idiota de me possuir por completo, meu bem. Esqueceu disto? Tem seis meses que nem na minha bundinha você toca, Beto.

Claudinha!?!? Taras primitivas e jeito troglodita? Tem nada disto - eu cheguei à conclusão que insistir não levaria a lugar algum. Cansei de insistir. Preferi deixar que o tempo resolvesse isto e passei a respeitar seus princípios.

- Passou a respeitar o cacete. Você fazia de tudo para que eu cedesse, e quando eu até que comecei a achar que talvez isto poderia - talvez, hem!? - ser útil em nossa relação, você abandona o processo sem sequer perguntar ou procurar saber se eu queria pensar em tentar, sei lá, afinal deve ser pelo menos não ruim pra ter tanta gente fazendo, mas não, parou de vez. Sabe o que eu acho? A prostituta deve estar satisfazendo esta sua tara.

Tem nada disto. Você está delirando.

- Delirando, Beto? E quando você vinha com aquela coisa pavorosa na minha direção. Eu quase vomitava, desviava, saia da situação, e você ficava rindo. Nem esta tentativa faz mais. Com certeza a vagabunda deve ser uma exímia atriz pornô. Olha, Beto, quem nasceu pra ter chifre é a vaca da sua amante. Eu tenho seios e ela, sim, é que deve ter tetas.

Claudinha, meu amor, o que você quer? Onde você quer chegar com isto?

- Eu quero ser sua, Beto, mas do meu jeito, mas querendo que você insista, mas sem nunca permitir, mas tendo o carro sujo, mas eu ficando com raiva por que está sujo, eu quero que desligue seu celular, mas que eu possa saber se está tocando, e que compre um computador novo, destes com muita memória, e que faça tudo comigo, desde que eu deixe, mas eu não quero que faça tudo e quero que você não fique com raiva. Eu quero confiar em você, Beto. Pode tocar na minha bundinha, mas com limite, pode tentar suas taras, mas sabendo que não deixo acontecer, mas ...

Só falta você contratar um detetive para vigiar minha vida.

- Não falta, Beto. E é uma detetive. Ficou um mês na sua cola, seguiu todos os seus passos e nada. Ela nunca encontrou nada de errado na sua conduta. Que ódio, todas as evidências te incriminam, mas não consegui as provas.

Você é louca. Vou embora. E vou agora. Me larga, você é mesmo uma maluca, desmiolada, doida com algum delírio predominante. Larga - já falei - solta meu braço. Não tem amor que resista a uma piração desta. Estou saindo, fui, cansei, depois de colocar uma detetive para me investigar, acabou, Cláudia...acabou.

- Você vai embora? Espera, desculpa, sei lá, foi doideira mesmo. Eu errei por amor.

- Muita doideira, mas e agora o que você vai fazer para consertar este estrago na nossa relação? Acha que vai ser fácil reconstruir uma história a dois com toda esta piração?

- Tudo... faço tudo.

Tem certeza? É o que quer?

- Não sei se é exatamente o que quero. Não, quer dizer, sim, humm, não, é ... promete ser carinhoso?

Prometo.

- Então, e se eu arrepender, Beto? E se doer? E se eu ficar doente? E se eu gritar muito? E se eu chorar, você para? E se você tiver um caso de verdade, já sei, deve ser isto, ela trabalha no escritório ao lado, e deve ter uma porta secreta entre os dois ...

- Puxa vida, Claudinha. Chega, bateu o fim.

Beto, espera, Beto ... só me responde mais uma coisa. Por favor! Por favor! Por favor!

Fala, Claudinha.

- Você tem uma amante mesmo? E você faz tudo tudo tudo com ela? Ela é maisnovamaisbonitamaisgostosaque eu? Eu conheço?

Adeus!

- Espera, volta aqui, ainda não acabamos ...

Tem certeza, Cláudia Magalhães Albuquerque Cardoso Motta?

- Tenho, Adalberto D'ávila Almeida Peixoto de Algarves

Então, antes, tenho uma pergunta, Cláudia.

- Pode perguntar, Adalberto.

Quem pagou ou bancou os custos da tal da detetive?

- Sua mãe.

Você está brincando, não é?

- Beto, eu estava desesperada, aí procurei a sua mãe e falei com ela que eu estava grávida e pedi um empréstimo para a gente começar o enxoval, aí ela deu mais do que eu pedi, então foi assim que contratei a detetive.

Vo vo vo vo cê está grávida?

- Lógico que não, Beto, e você acha que eu iria pedir a sua mãe para descobrir se você  tem outra para colocar no meu lugar? Ela ia dar gargalhada.

Você é louca varrida, Claudinha. Onde você estava com a cabeça? Nesta altura minha mãe já contou prá toda a família, até pra vovó, meu Deus, você é doida. Precisamos fazer algo a respeito, Claudinha.

- Eu sou burra mesmo (chorando). Estraguei tudo. E agora, o que eu faço?

Você fica quieta, por que você mentir não é o problema, mas minha mãe mentir não é sequer cogitado como possibilidade. E tem mais, prá prenhar comigo tem que ser no jeito troglodita, senão vai ter que pagar dobrado.

- Tá bem, mas vai ser carinhoso? 


É  isto aí! 

domingo, 14 de setembro de 2014

Armandinho e o Amor Total

Jornal do Bairro 
09 de Maio
Jornada Mundial dos Classificados do Amor Total

Prezados leitores e principalmente leitoras deste prestigiadíssimo veículo de comunicação social:

Ao aproximar-se o Dia dos Namorados estamos promovendo o evento mais esperado do ano, quando unimos dois corações apaixonados e desconhecidos, escolhidos pelo acaso, ao cruzarmos suas linhas do destino pelo nosso jornal.

Se você, moça da nossa alta sociedade, se interessar por maiores informações, poderá enviar e-mail para esta seção com seus dados pessoais e objetivos pela vida, que encaminharemos à nossa analista de comportamento social. As quatro felizardas que melhor se encaixarem no contexto, terão uma sinopse revelada para o público, e finalmente, a que receber o maior número de e-mails de apoio ao seu perfil, receberá um jantar exclusivo no Bistro Maison de Lacroix, seguido de um final de semana inteiramente grátis, com intensas atividades sócio-culturais em badalado palácio de Copacabana, com o Príncipe Secreto que será revelado pela nossa redação no mesmo dia da grande vencedora.

Prezados leitores e leitoras, depois de uma acirrada disputa nestas duas semanas, neste ano selecionamos depois de muito esforço as quatro moças destacadas da nossa sociedade que desejaram encontrar sua cara-metade desta forma inusitada. Assim, para que as pretendentes possam concorrer, e os leitores tenham uma noção prévia do que podem esperar daquela a quem o Príncipe Secreto jurará eterno amor, apresentamos uma sinopse de suas principais características:

Carminha - Sou capricorniana, solteira casadoira, linda, maravilhosa, gostosa, bilingue, sensual, sedosa, educada, elegante, coxas grossas, seios fartos e firmes, serena, honesta, trabalhadeira, forno e fogão internacional, culta, boa família, inteligente etc e tal, e procuro um rapaz de boa índole, solteiro e lindo para relacionamento sincero e seguro. 

Clotilde - Sou de Libra, sincera, honesta, solteira, educada, formação superior, mestrado completo, corpo em boa forma, experiencia internacional em Tecnologia da Informação, dupla cidadania, procura um homem que aceite meus defeitos e qualidades com candura, amor e solidariedade.

Francisca - Sou aquariana, tenho estatura um pouco abaixo da média, peso um pouco acima da média, idade um pouco acima da média, alto-estima um pouco abaixo da média, professora de Matemática com especialização em Ergódica. Tenho habilitação B, carro 1.0, algumas pequenas dívidas administráveis e muito amor para dar.

Telma - Sou rica.

Jornal do Bairro 
11 de Junho
Jornada Mundial dos Classificados do Amor Total

Carminha - 1 e-mail
Clotilde - 2 e-mails
Francisca - Zero
Telma - 11.698 e-mails.

Nota da redação:
A senhorita Clotilde foi desclassificada por que descobriu-se tratar de membros da família os dois e-mails recebidos. E a notícia mais esperada é que o felizardo para encontrar a democraticamente eleita pelo povo, a senhorita Telma, o nosso Príncipe Secreto, é o senhor Armandinho Rothschild Cândido Armond Magalhães de Albuquerque & Orleans, neto do Barão Albuquerque & Orleans, uma das famílias mais respeitadas e tradicionais da cidade. 

Isto sim é encontrar a sua cara-metade, comentou a reluzente Telma, que jura que não houve nenhuma falcatrua entre ela e o Armandinho para chegarem à final ...

É isto aí!



sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Helena Meirelles ("Canta América")



Helena Meirelles 

A violeira nasceu em 13 de agosto de 1924 na fazenda Jararaca, às margens do Rio Pardo e da estrada boiadeira que ligava a capital Campo Grande ao Porto XV, em Bataguassu. Cresceu em meio aos peões de boiadeiro, das comitivas e de violeiros. Despertou o desejo de tocar muito cedo, mas a cultura machista impunha a proibição de seus pais. Então, aprendeu a tocar por contra própria, às escondidas; até que seu tio Leôncio Meirelles descobriu e lhe deu apoio, por conta do enorme talento.

Helena ficou conhecida nas festas da região e pelos boiadeiros. Nunca frequentou escola. Casou-se aos 17 anos e teve três filhos, mas deixou a marido aos 21 anos, por conta dos ciúmes dele. Juntou-se com um paraguaio que tocava violão e violino com qual viveu mais de oito anos e tiveram dois filhos. Ao entregar os cinco filhos para pais adotivos; foi viver no bordel. Ao todo teve 11 filhos e fez os próprios partos. Ficou 35 anos com seu terceiro e último marido.

O prestígio internacional e nacional
Isso ocorreu aos seus 70 anos, depois que tinha sido dada como desparecida pela família e foi encontrada por parentes que a levaram para a região metropolitana de São Paulo. Seu sobrinho Mário Araújo enviou carta, fotografias e gravações em fita cassete para a revista Guitar Player. A partir daí foi reconhecida com instrumentista e esteve envolvida em vários projetos, tocando com renomados artistas, a exemplo de Almir Sater.

Em 2004, foi produzido um filme do gênero documentário, dirigido por Francisco de Paula e com trilha sonora da própria Helena Meirelles que morreu aos 81 anos, no dia 28 de setembro de 2005, em Campo Grande, vítima de pneumonia crônica.

O radiocumentário produzido por Jeferson teve a orientação do professor Homéro Ferreira e avaliação das professoras Giselle Tomé e Maria Luísa Hoffmann, como TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) na Faculdade de Comunicação que agora tem o nome de Escola de Comunicação e Estratégias Digitais da Unoeste.

Fonte do vídeo: Youtube
Página Youtube: mibrithos




HELENA MEIRELLES - CHALANA

Helena Meirelles: uma das 100 melhores instrumentistas do mundo, segundo a revista americana Guitar Playerem EM violas de seis, oito, 10 e 12 cordas. Teve o voto do guitarrista britânico Eric Clapton, um dos melhores de todos os tempos.

Em vida, a violeira Helena Meirelles (1924-2005) foi eleita, em 1993, pela revista norte-americana Guitar Player como uma das 100 melhores instrumentistas do mundo, em violas de seis, oito, 10 e 12 cordas. Teve o voto do guitarrista britânico Eric Clapton, um dos melhores de todos os tempos. Em 2012, seu nome foi incluído, pela revista Tolling Stone Brasil, na lista dos 30 maiores ícones brasileiros da guitarra e do violão, na categoria Raízes Brasileiras.

A violeira nasceu em 13 de agosto de 1924 na fazenda Jararaca, às margens do Rio Pardo e da estrada boiadeira que ligava a capital Campo Grande ao Porto XV, em Bataguassu. Cresceu em meio aos peões de boiadeiro, das comitivas e de violeiros. Despertou o desejo de tocar muito cedo, mas a cultura machista impunha a proibição de seus pais. Então, aprendeu a tocar por contra própria, às escondidas; até que seu tio Leôncio Meirelles descobriu e lhe deu apoio, por conta do enorme talento.

Helena ficou conhecida nas festas da região e pelos boiadeiros. Nunca frequentou escola. Casou-se aos 17 anos e teve três filhos, mas deixou a marido aos 21 anos, por conta dos ciúmes dele. Juntou-se com um paraguaio que tocava violão e violino com qual viveu mais de oito anos e tiveram dois filhos. Ao entregar os cinco filhos para pais adotivos; foi viver no bordel. Ao todo teve 11 filhos e fez os próprios partos. Ficou 35 anos com seu terceiro e último marido.

 O prestígio internacional e nacional
Isso ocorreu aos seus 70 anos, depois que tinha sido dada como desparecida pela família e foi encontrada por parentes que a levaram para a região metropolitana de São Paulo. Seu sobrinho Mário Araújo enviou carta, fotografias e gravações em fita cassete para a revista Guitar Player. A partir daí foi reconhecida com instrumentista e esteve envolvida em vários projetos, tocando com renomados artistas, a exemplo de Almir Sater.

Em 2004, foi produzido um filme do gênero documentário, dirigido por Francisco de Paula e com trilha sonora da própria Helena Meirelles que morreu aos 81 anos, no dia 28 de setembro de 2005, em Campo Grande, vítima de pneumonia crônica.

O radiocumentário produzido por Jeferson teve a orientação do professor Homéro Ferreira e avaliação das professoras Giselle Tomé e Maria Luísa Hoffmann, como TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) na Faculdade de Comunicação que agora tem o nome de Escola de Comunicação e Estratégias Digitais da Unoeste.

Fonte do Vídeo: Youtube
Página da publicação: Jaime Silva




quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A mineira

Alto lá - este texto não é meu
Confesso que achei bom demais da conta, copiei e colei
Copiei daqui: http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/2012/07/20/sexo-e-em-minas-o-resto-e-sacanagem/
Colei dele: Xico Sá


Essa impressão eu tive desde a primeira vez. No casamento com uma delas não havia mais dúvida. Coisa findas muito mais que lindas. Mas ainda carecia de rodagem e meditação nas montanhas para escrever com mais tutano e propriedade.

Carecia de mais depuração no alambique de Salinas ou Januária. Precisava comer mais frango com quiabo na serra do Rola-moça.

Agora não há mais dúvida: há realmente algo de especial na mulher mineira. Se você pedir que eu me explique melhor sou incapaz de fazê-lo. A mineira tem um “je ne sais quoi”. E pronto.

Um não-sei-o-quê, se é que você me entende.

Você vê a mais moderna das moças de Minas, por exemplo, e, além muito além daquele repertório todo de modernidade haverá, quase sempre, um quintalzinho imaginário com uma pimenteira, uma sombra, uma pitada de arcadismo e contemplação.

Na mineira há sempre um conforto depois da fachada.

Com uma mineira você tem a sensação de gozar sob as badaladas dos sinos de Ouro Preto. E não estamos falando da sem-vergonhice da Linda Lovelace no filme “Garganta Profunda”.

Há um drama barroco, uma pedra sabão de Aleijadinho no amor com uma moça das Gerais. Você sempre acha que está cometendo algum inexplicável pecado.

Você sempre vai achar que está fazendo sexo na porta funda de uma igreja de Congonhas.

Você diz “mas não há nada de errado nisso, somos maiores, vacinados, estamos juntos, como um homem e uma mulher de qualquer canto do planeta”. Mesmo assim, diante do olhar de uma mineira, ira permanecer a sensação pecaminosa.

Quer algo mais incrível do que ser devolvido à condição de pecador? Não tem dinheiro que pague. É a inversão do teorema de Dostoievski: se Deus está vivo, tudo é proibido.

Você pode praticar todas as safadezas do mundo, mas com uma mineira você tem a nítida sensação de estar fazendo sexo. A bíblica conjunção carnal de fato. Não apenas sacanagem. Isso é outra coisa.

A mineira nos faz recuperar a bela culpa que torna o sexo mais gostoso. Uma transa qualquer sem uma demão de culpa ainda não pode ser considerado sexo.

Só há sexo em Minas Gerais. No resto do Brasil é sacanagem.

Você há de contestar, amigo, dizer que sou um reducionista. Um esmagador de clichês sobre a mineiridade etc etc.


Insisto. Com uma mineira é diferente. Há algo que faz da prosódia um doce de leite de Senador Firmino.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Um conto triste



Posso saber onde você estava?

Olha só, eu estava trabalhando até agora.

Sabe quantas horas são? Isto é hora de chegar?

Sim, eu sei quantas horas são, e sim toda hora é boa para regressar.

Canalha, cínico.

(silêncio, com o olhar voltado para o teto, em súplica)

Aposto que estava na farra com estas amiguinhas putinhas do escritório. A Nathalia ou a Magali, eu acho, aquelas duas vadias.

Liga para o Pedrosa, ou melhor, vai no escritório amanhã e pergunta direto ao Cardoso.

Safado, sem vergonha. Acha que caio nesta?

(silêncio, segurando um leve sorriso tenso)

Idiota, imbecil, seu merda.

(silêncio, com o olhar nos olhos dela)

Quer saber de uma coisa? Quer saber? Cansei.Vá embora.

Ok.

Como assim? Volta aqui, eu ainda não terminei.

(partindo)

Volta... volta aqui...

(entrando no carro)

Desculpa... volta... pelo amor de Deus, me perdoa...

(partiu)

Volta, pelo amor de Deus, volta. O celular, é isto, vou ligar para ele. 

(o celular dele toca no quarto)

Corre desesperada - ele voltou, ele voltou...

(o celular toca abandonado no criado mudo)

Mas ele volta, sim, ele volta, suas roupas estão todas aqui.

(abre o guarda-roupa e o descobre vazio)

Mas e os documentos dele? Passaporte, certificados? Já sei, estão na pasta.

(Pasta vazia)

Claro, a página do facebook

(desativada)

Google+, acho que ele mudou para o Google+

(inexistente)

E-mail, vou entupir a caixa de e-mails dele.

(retornam as mensagens - e-mail inexistente)

Vou ligar para a cascavel da mãe dele. O telefone está na agenda.

(agenda desaparecida)

Puxa vida, a dor não é da partida, mas sim de já te-la feito a muito tempo e eu nunca percebi. Então fui eu quem o abandonou e nunca me dei conta disto? E agora? Agora o que eu faço?  

(chora... chora... chora...)

As fotos, isto, as fotos, ele está em todos os álbuns, nossa viagem à Europa, na praia... cadê os álbuns? 

Que dor é esta? Que dor que não passa. Uma dor de impotência com abandono. Nunca mais outra vez. Sinto-me em queda livre, num buraco que eu mesma cavei. Puxa vida, não me dei conta de que ele partia. Puxa vida... acho que..., não, nada disto, por que eu não acho mais nada.



É isto aí!




Um conto triste

Posso saber onde você estava?
Olha só, eu estava trabalhando até agora.
Sabe quantas horas são? Isto é hora de chegar?
Sim, eu sei quantas horas são, e sim toda hora é boa para regressar.
Canalha, cínico.
(silêncio, com o olhar voltado para o teto, em súplica)
Aposto que estava na farra com estas amiguinhas putinhas do escritório. A Nathalia ou a Magali, eu acho, aquelas duas vadias.
Liga para o Pedrosa, ou melhor, vai no escritório amanhã e pergunta direto ao Cardoso.
Safado, sem vergonha. Acha que caio nesta?
(silêncio, segurando um leve sorriso tenso)
Idiota, imbecil, seu merda.
(silêncio, com o olhar nos olhos dela)
Quer saber de uma coisa? Quer saber? Cansei.Vá embora.
Ok.
Como assim? Volta aqui, eu ainda não terminei.
(partindo)
Volta... volta aqui...
(entrando no carro)
Desculpa... volta... pelo amor de Deus, me perdoa...
(partiu)
Volta, pelo amor de Deus, volta. O celular, é isto, vou ligar para ele. 
(o celular dele toca no quarto)
Corre desesperada - ele voltou, ele voltou...
(o celular toca abandonado no criado mudo)
Mas ele volta, sim, ele volta, suas roupas estão todas aqui.
(abre o guarda-roupa e o descobre vazio)
Mas e os documentos dele? Passaporte, certificados? Já sei, estão na pasta.
(Pasta vazia)
Claro, a página do facebook
(desativada)
Google+, acho que ele mudou para o Google+
(inexistente)
E-mail, vou entupir a caixa de e-mails dele.
(retornam as mensagens - e-mail inexistente)
Vou ligar para a cascavel da mãe dele. O telefone está na agenda.
(agenda desaparecida)
Puxa vida, a dor não é da partida, mas sim de já te-la feito a muito tempo e eu nunca percebi. Então fui eu quem o abandonou e nunca me dei conta disto? E agora? Agora o que eu faço?  
(chora... chora... chora...)
As fotos, isto, as fotos, ele está em todos os álbuns, nossa viagem à Europa, na praia... cadê os álbuns? 
Que dor é esta? Que dor que não passa. Uma dor de impotência com abandono. Nunca mais outra vez. Sinto-me em queda livre, num buraco que eu mesma cavei. Puxa vida, não me dei conta de que ele partia. Puxa vida... acho que..., não, nada disto, por que eu não acho mais nada.

É isto aí!


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Frenesi em três atos




Orient Industry - Nippon


O casamento já não estava muito aquecido, e alguma coisa deveria ser feita para voltarem a sentir a incandescente brasa do prazer total, que durante anos os uniu em um processo de amor em chamas. Passaram por todas as posições do Kama Sutra, Ananga Ranga e derivações ocidentais cabíveis.



Na realidade, eram tarados em seus desejos recíprocos. Quando distantes, mesmo que por horas, trocavam carícias eróticas pelo celular.





Além disto, alternavam estes processos orientais com fantasias oníricas das mais diversas matizes. Tudo entre os dois era permitido de todas as formas, de todo jeito, de todo modo. Mas o oxigênio foi acabando, e quando se deram conta, a rotina era uma mesmice só, destas de assistir filme romântico, dormindo no sofá, vestidos para o baile.



Desesperados, procuraram os Neuróticos Anônimos, todos os Conselheiros Matrimoniais, as clínicas comportamentais, os psicanalistas, as Benzedeiras, Rezadores, Exorcistas, Pai de Santo, Mãe de Terreiro e nada, faltava-lhes algo. Depararam com um imenso e abissal vazio e não sabiam como preenche-lo. 





Resolveram introduzir uma terceira pessoa, e em comum acordo, passaram a contratar meninas de programa. Uma, duas, três vezes e a decepção foi grande - eram amadoras demais. Só faziam coisas normais, quase um comum ritual. Um terceiro foi até cogitado, mas acharam que não ia dar muito certo, afinal dois machos alfa em um só ambiente acabariam se estranhando de alguma forma. Descartaram a zoofilia e as casas de swing que amigos frequentavam - achavam tudo muito nojento, esquisito, meio que sem graça.





Ouvindo o conselho de um amigo, decidiu adquirir uma destas bonecas japonesas, em tamanho real, pele sedosa, extremamente sensual e em lingerie provocante. Foi então que voltaram, de uma forma afrodisíaca, a reviver seus bons momentos de deleite. A loucura reinstalou-se no lar de uma maneira ímpar. Amaram-se em frenesi. Até que um dia, ao chegar do escritório, não encontrou as duas - haviam fugido para local incerto e não sabido.





É isto aí!















Frenesi em três atos

Orient Industry - Nippon
O casamento já não estava muito aquecido, e alguma coisa deveria ser feita para voltarem a sentir a incandescente brasa do prazer total, que durante anos os uniu em um processo de amor em chamas. Passaram por todas as posições do Kama Sutra, Ananga Ranga e derivações ocidentais cabíveis.

Na realidade, eram tarados em seus desejos recíprocos. Quando distantes, mesmo que por horas, trocavam carícias eróticas pelo celular.

Além disto, alternavam estes processos orientais com fantasias oníricas das mais diversas matizes. Tudo entre os dois era permitido de todas as formas, de todo jeito, de todo modo. Mas o oxigênio foi acabando, e quando se deram conta, a rotina era uma mesmice só, destas de assistir filme romântico, dormindo no sofá, vestidos para o baile.

Desesperados, procuraram os Neuróticos Anônimos, todos os Conselheiros Matrimoniais, as clínicas comportamentais, os psicanalistas, as Benzedeiras, Rezadores, Exorcistas, Pai de Santo, Mãe de Terreiro e nada, faltava-lhes algo. Depararam com um imenso e abissal vazio e não sabiam como preenche-lo. 

Resolveram introduzir uma terceira pessoa, e em comum acordo, passaram a contratar meninas de programa. Uma, duas, três vezes e a decepção foi grande - eram amadoras demais. Só faziam coisas normais, quase um comum ritual. Um terceiro foi até cogitado, mas acharam que não ia dar muito certo, afinal dois machos alfa em um só ambiente acabariam se estranhando de alguma forma. Descartaram a zoofilia e as casas de swing que amigos frequentavam - achavam tudo muito nojento, esquisito, meio que sem graça.

Ouvindo o conselho de um amigo, decidiu adquirir uma destas bonecas japonesas, em tamanho real, pele sedosa, extremamente sensual e em lingerie provocante. Foi então que voltaram, de uma forma afrodisíaca, a reviver seus bons momentos de deleite. A loucura reinstalou-se no lar de uma maneira ímpar. Amaram-se em frenesi. Até que um dia, ao chegar do escritório, não encontrou as duas - haviam fugido para local incerto e não sabido.

É isto aí!