quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Poema em linha reta (Fernando Pessoa)







Autor - Fernando Pessoa


Poema em linha reta





Nunca conheci quem tivesse levado porrada.


Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.





E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes
vil,


Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,


Indesculpavelmente sujo.


Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar
banho,


Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,


Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das
etiquetas,


Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,


Que tenho sofrido enxovalhos e calado,


Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;


Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,


Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,


Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado


[sem pagar,


Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado


Para fora da possibilidade do soco;


Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas
ridículas,


Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.





Toda a gente que eu conheço e que fala comigo


Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,


Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes — na vida…





Quem me dera ouvir de alguém a voz humana


Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;


Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!


Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.


Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi
vil?


Ó príncipes, meus irmãos,





Arre, estou farto de semideuses!


Onde é que há gente no mundo?





Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?





Poderão as mulheres não os terem amado,


Podem ter sido traídos — mas ridículos nunca!


E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,


Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?


Eu, que venho sido vil, literalmente vil,




Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Poema em linha reta (Fernando Pessoa)


Autor - Fernando Pessoa
Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado
[sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes — na vida…

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos — mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,

Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Aline Hrasko e Thiago perovano - Novos Baianos - acabou chorare

Aline Hrasko e Thiago perovano - Novos Baianos - acabou chorare

domingo, 5 de janeiro de 2014

Apenas uma volta











Autor - Luiz Fernando Veríssimo




— Onde você
vai?



— Vou sair um pouco. 


— Vai de carro?


— Sim. 


— Tem gasolina? 


— Sim.
coloquei. 


— Vai demorar?


— Não. Coisa de uma hora.

— Vai a algum lugar
específico? 


— Não. Só rodar por aí. 


— Não prefere ir a pé?


— Não. Vou de carro. 


— Traz um sorvete pra mim!


— Trago. Que sabor? 


— Manga.


— Ok. Na volta eu passo
e compro.


— Na volta? — Sim. Senão derrete. 


— Passa lá, compra e deixa aqui... 


— Não. Melhor não! Na volta. É rápido! 


— Ahhhhh! 


— Quando eu voltar eu tomo com
você! 


— Mas você não gosta de manga! 


— Eu compro outro. De outro sabor. 


— Aí
fica caro. Traz de cupuaçu! 


— Eu não gosto também. 


— Traz de chocolate. Nós
dois gostamos.


— Ok! Beijo. Volto logo... 


— Ei! 


— O quê? 


— Chocolate não.
Flocos.


— Não gosto de flocos! 


— Então traz de manga prá mim e o que quiser prá
você. 


— Foi o que sugeri desde o começo! 


— Você está sendo irônico?


— Não tô!
Vou indo. 


— Vem aqui me dar um beijo de despedida! 


— Querida! Eu volto logo.
depois. 


— Depois não. Quero agora! 


— Tá bom! (Beijo) 


— Vai com o seu ou com o
meu carro? 


— Com o meu. 


— Vai com o meu. Tem cd player. O seu não! 


— Não vou
ouvir música. Vou espairecer. 


— Tá precisando? 


— Não sei. Vou ver quando sair! 


— Demora não!


— É rápido. (Abre a porta de casa) 


— Ei! 


— Que foi agora? 



Nossa! Que grosso! Vai embora! 


— Calma. estou tentando sair e não consigo! 



Porque quer ir sozinho? Vai encontrar alguém? 


— O que quer dizer? 


— Nada. Nada
não! 


— Vem cá. Acha que estou te traindo? 


— Não. Claro que não. Mas sabe como
é? 


— Como é o quê? 


— Homens! 


— Generalizando ou falando de mim? 



Generalizando. 


— Então não é meu caso. Sabe que eu não faria isso! 


— Tá bom.
Então vai. 


— Vou. 


— Ei! 


— Que foi, cacete? 


— Leva o celular, estúpido! 


— Prá
quê? Prá você ficar me ligando? 


— Não. Caso aconteça algo, estará com celular.


— Não. Pode deixar. 


— Olha. Desculpa pela desconfiança, estou com saudade, só
isso! 


— Ok, meu amor. Desculpe-me se fui grosso. Tá... eu te amo! 


— Eu também!
Posso futricar no seu celular? 


— Prá quê? 


— Sei lá! Joguinho! 


— Você quer meu
celular prá jogar? 


— É.

— Tem certeza?

— Sim. 


— Liga o computador. Lá tem um
monte de joguinhos! 


— Não sei mexer naquela lata velha! 


— Lata velha? Comprei
pra a gente mês passado! 


— Tá... Ok. Então leva o celular senão eu vou
futricar.


 — Pode mexer então. Não tem nada lá mesmo. 


— É? 


— É. 


— Então onde
está? 


— O quê? 


— O que deveria estar no celular mas não está. 


— Como? 


— Nada!
Esquece! 


— Tá nervosa? 


— Não. Tô não. 


— Então vou! 


— Ei! 


— O que ééééééé,
caralho? 


— Não quero mais sorvete não!


— Ah é? 


— É! 


— Então eu também não vou
sair mais não! 


— Ah é? 


— É. 


— Oba! Vai ficar comigo? 


— Não vou não. Cansei. Vou
dormir! 


— Prefere dormir do que ficar comigo? 


— Não. Vou dormir, só isso! 



Está nervoso? 


— Claro, porra! 


— Por que você não vai dar uma volta para
espairecer? 

Apenas uma volta


Autor - Luiz Fernando Veríssimo

— Onde você vai?
— Vou sair um pouco. 
— Vai de carro?
— Sim. 
— Tem gasolina? 
— Sim. coloquei. 
— Vai demorar?
— Não. Coisa de uma hora.
— Vai a algum lugar específico? 
— Não. Só rodar por aí. 
— Não prefere ir a pé?
— Não. Vou de carro. 
— Traz um sorvete pra mim!
— Trago. Que sabor? 
— Manga.
— Ok. Na volta eu passo e compro.
— Na volta? — Sim. Senão derrete. 
— Passa lá, compra e deixa aqui... 
— Não. Melhor não! Na volta. É rápido! 
— Ahhhhh! 
— Quando eu voltar eu tomo com você! 
— Mas você não gosta de manga! 
— Eu compro outro. De outro sabor. 
— Aí fica caro. Traz de cupuaçu! 
— Eu não gosto também. 
— Traz de chocolate. Nós dois gostamos.
— Ok! Beijo. Volto logo... 
— Ei! 
— O quê? 
— Chocolate não. Flocos.
— Não gosto de flocos! 
— Então traz de manga prá mim e o que quiser prá você. 
— Foi o que sugeri desde o começo! 
— Você está sendo irônico?
— Não tô! Vou indo. 
— Vem aqui me dar um beijo de despedida! 
— Querida! Eu volto logo. depois. 
— Depois não. Quero agora! 
— Tá bom! (Beijo) 
— Vai com o seu ou com o meu carro? 
— Com o meu. 
— Vai com o meu. Tem cd player. O seu não! 
— Não vou ouvir música. Vou espairecer. 
— Tá precisando? 
— Não sei. Vou ver quando sair! 
— Demora não!
— É rápido. (Abre a porta de casa) 
— Ei! 
— Que foi agora? 
— Nossa! Que grosso! Vai embora! 
— Calma. estou tentando sair e não consigo! 
— Porque quer ir sozinho? Vai encontrar alguém? 
— O que quer dizer? 
— Nada. Nada não! 
— Vem cá. Acha que estou te traindo? 
— Não. Claro que não. Mas sabe como é? 
— Como é o quê? 
— Homens! 
— Generalizando ou falando de mim? 
— Generalizando. 
— Então não é meu caso. Sabe que eu não faria isso! 
— Tá bom. Então vai. 
— Vou. 
— Ei! 
— Que foi, cacete? 
— Leva o celular, estúpido! 
— Prá quê? Prá você ficar me ligando? 
— Não. Caso aconteça algo, estará com celular.
— Não. Pode deixar. 
— Olha. Desculpa pela desconfiança, estou com saudade, só isso! 
— Ok, meu amor. Desculpe-me se fui grosso. Tá... eu te amo! 
— Eu também! Posso futricar no seu celular? 
— Prá quê? 
— Sei lá! Joguinho! 
— Você quer meu celular prá jogar? 
— É.
— Tem certeza?
— Sim. 
— Liga o computador. Lá tem um monte de joguinhos! 
— Não sei mexer naquela lata velha! 
— Lata velha? Comprei pra a gente mês passado! 
— Tá... Ok. Então leva o celular senão eu vou futricar.
 — Pode mexer então. Não tem nada lá mesmo. 
— É? 
— É. 
— Então onde está? 
— O quê? 
— O que deveria estar no celular mas não está. 
— Como? 
— Nada! Esquece! 
— Tá nervosa? 
— Não. Tô não. 
— Então vou! 
— Ei! 
— O que ééééééé, caralho? 
— Não quero mais sorvete não!
— Ah é? 
— É! 
— Então eu também não vou sair mais não! 
— Ah é? 
— É. 
— Oba! Vai ficar comigo? 
— Não vou não. Cansei. Vou dormir! 
— Prefere dormir do que ficar comigo? 
— Não. Vou dormir, só isso! 
— Está nervoso? 
— Claro, porra! 
— Por que você não vai dar uma volta para espairecer? 

sábado, 4 de janeiro de 2014

Família moderninha









Atenção - Este texto não é meu - Copiei e colei - mas desconheço o autor.




Mãe, vou casar!


Jura, meu filho ?! Estou tão feliz ! Quem é a moça ?





Não é moça. Vou casar com um moço.. O nome dele é Cacau.


Você falou Cacau... Ou foi meu cérebro que sofreu um pequeno
surto psicótico?




Eu falei Cacau. Por que, mãe? Tá acontecendo alguma coisa?


Nada, não... Só minha visão que está um pouco turva. E meu
coração, que talvez dê uma parada. No mais, tá tudo ótimo.





Se você tiver algum problema em relação a isto, melhor falar
logo...


Problema ? Problema nenhum. Só pensei que algum dia ia ter
uma nora... Ou isso.





Você vai ter uma nora. Só que uma nora... Meio macho.


Ou um genro meio fêmea. Resumindo: uma nora quase macho,
tendendo a um genro quase fêmea... E quando eu vou conhecer o meu. A minha... O
Cacau ?





Pode chamar ele de Biscoito. É o apelido.


Tá ! Biscoito... Já gostei dele.. Alguém com esse apelido só
pode ser uma pessoa bacana. Quando o Biscoito vem aqui ?





Por quê ?


Por nada. Só pra eu poder desacordar seu pai com
antecedência.





Você acha que o Papai não vai aceitar ?


Claro que vai aceitar! Lógico que vai. Só não sei se ele vai
sobreviver.. . Mas isso também é uma bobagem. Ele morre sabendo que você achou
sua cara-metade. E olha que espetáculo: as duas metades com bigode.





Mãe, que besteira ... Hoje em dia ... Praticamente todos os
meus amigos são gays.


Só espero que tenha sobrado algum que não seja... Pra poder
apresentar pra tua irmã.





A Bel já tá namorando.


A Bel? Namorando ?! Ela não me falou nada... Quem é?





Uma tal de Veruska.


Como ?





Veruska...


Ah !, bom! Que susto! Pensei que você tivesse falado
Veruska.





Mãe !!!...


Tá.., tá..., tudo bem...Se vocês são felizes. Só fico triste
porque não vou ter um neto ..





Por que não ? Eu e o Biscoito queremos dois filhos. Eu vou
doar os espermatozódes. E a ex-namorada do Biscoito vai doar os óvulos.


Ex-namorada? O Biscoito tem ex-namorada?





Quando ele era hétero... A Veruska.


Que Veruska ?





Namorada da Bel...


"Peraí". A ex-namorada do teu atual namorado... E
a atual namorada da tua irmã . Que é minha filha também... Que se chama Bel. É
isso? Porque eu me perdi um pouco...





É isso. Pois é... A Veruska doou os óvulos. E nós vamos
alugar um útero...


De quem ?





Da Bel.


Mas . Logo da Bel ?! Quer dizer então... Que a Bel vai gerar
um filho teu e do Biscoito. Com o teu espermatozóide e com o óvulo da namorada
dela, que é a Veruska.





Isso.


Essa criança, de uma certa forma, vai ser tua filha, filha
do Biscoito, filha da Veruska e filha da Bel.





Em termos...


A criança vai ter duas mães : você e o Biscoito. E dois
pais: a Veruska e a Bel.





Por aí...


Por outro lado, a Bel....,além de mãe, é tia... Ou tio...
Porque é tua irmã.





Exato. E ano que vem vamos ter um segundo filho. Aí o
Biscoito é que entra com o espermatozóide. Que dessa vez vai ser gerado no
ventre da Veruska... Com o óvulo da Bel. A gente só vai  trocar...


Só trocar, né ? Agora o óvulo vai ser da Bel. E o ventre da
Veruska.





Exato!


Agora eu entendi ! Agora eu realmente entendi...





Entendeu o quê?


Entendi que é uma espécie de swing dos tempos modernos!





Que swing, mãe ?!!....


É swing, sim ! Uma troca de casais... Com os óvulos e os
espermatozóides, uma hora no útero de uma, outra hora no útero de outra.....





Mas...


Mas uns tomates! Isso é um bacanal de última geração! E
pior... Com incesto no meio..





A Bel e a Veruska só vão ajudar na concepção do nosso filho,
só isso...


Sei !!! ... E quando elas quiserem ter filhos...





Nós ajudamos.


Quer saber ? No final das contas não entendi mais nada. Não
entendi quem vai ser mãe de quem, quem vai ser pai de quem, de quem vai ser o
útero,o espermatozóide. .. A única coisa que eu entendi é que...





Que.... ?




Fazer árvore genealógica daqui pra frente... vai ser
impossível.

Família moderninha


Atenção - Este texto não é meu - Copiei e colei - mas desconheço o autor.

Mãe, vou casar!
Jura, meu filho ?! Estou tão feliz ! Quem é a moça ?

Não é moça. Vou casar com um moço.. O nome dele é Cacau.
Você falou Cacau... Ou foi meu cérebro que sofreu um pequeno surto psicótico?

Eu falei Cacau. Por que, mãe? Tá acontecendo alguma coisa?
Nada, não... Só minha visão que está um pouco turva. E meu coração, que talvez dê uma parada. No mais, tá tudo ótimo.

Se você tiver algum problema em relação a isto, melhor falar logo...
Problema ? Problema nenhum. Só pensei que algum dia ia ter uma nora... Ou isso.

Você vai ter uma nora. Só que uma nora... Meio macho.
Ou um genro meio fêmea. Resumindo: uma nora quase macho, tendendo a um genro quase fêmea... E quando eu vou conhecer o meu. A minha... O Cacau ?

Pode chamar ele de Biscoito. É o apelido.
Tá ! Biscoito... Já gostei dele.. Alguém com esse apelido só pode ser uma pessoa bacana. Quando o Biscoito vem aqui ?

Por quê ?
Por nada. Só pra eu poder desacordar seu pai com antecedência.

Você acha que o Papai não vai aceitar ?
Claro que vai aceitar! Lógico que vai. Só não sei se ele vai sobreviver.. . Mas isso também é uma bobagem. Ele morre sabendo que você achou sua cara-metade. E olha que espetáculo: as duas metades com bigode.

Mãe, que besteira ... Hoje em dia ... Praticamente todos os meus amigos são gays.
Só espero que tenha sobrado algum que não seja... Pra poder apresentar pra tua irmã.

A Bel já tá namorando.
A Bel? Namorando ?! Ela não me falou nada... Quem é?

Uma tal de Veruska.
Como ?

Veruska...
Ah !, bom! Que susto! Pensei que você tivesse falado Veruska.

Mãe !!!...
Tá.., tá..., tudo bem...Se vocês são felizes. Só fico triste porque não vou ter um neto ..

Por que não ? Eu e o Biscoito queremos dois filhos. Eu vou doar os espermatozódes. E a ex-namorada do Biscoito vai doar os óvulos.
Ex-namorada? O Biscoito tem ex-namorada?

Quando ele era hétero... A Veruska.
Que Veruska ?

Namorada da Bel...
"Peraí". A ex-namorada do teu atual namorado... E a atual namorada da tua irmã . Que é minha filha também... Que se chama Bel. É isso? Porque eu me perdi um pouco...

É isso. Pois é... A Veruska doou os óvulos. E nós vamos alugar um útero...
De quem ?

Da Bel.
Mas . Logo da Bel ?! Quer dizer então... Que a Bel vai gerar um filho teu e do Biscoito. Com o teu espermatozóide e com o óvulo da namorada dela, que é a Veruska.

Isso.
Essa criança, de uma certa forma, vai ser tua filha, filha do Biscoito, filha da Veruska e filha da Bel.

Em termos...
A criança vai ter duas mães : você e o Biscoito. E dois pais: a Veruska e a Bel.

Por aí...
Por outro lado, a Bel....,além de mãe, é tia... Ou tio... Porque é tua irmã.

Exato. E ano que vem vamos ter um segundo filho. Aí o Biscoito é que entra com o espermatozóide. Que dessa vez vai ser gerado no ventre da Veruska... Com o óvulo da Bel. A gente só vai  trocar...
Só trocar, né ? Agora o óvulo vai ser da Bel. E o ventre da Veruska.

Exato!
Agora eu entendi ! Agora eu realmente entendi...

Entendeu o quê?
Entendi que é uma espécie de swing dos tempos modernos!

Que swing, mãe ?!!....
É swing, sim ! Uma troca de casais... Com os óvulos e os espermatozóides, uma hora no útero de uma, outra hora no útero de outra.....

Mas...
Mas uns tomates! Isso é um bacanal de última geração! E pior... Com incesto no meio..

A Bel e a Veruska só vão ajudar na concepção do nosso filho, só isso...
Sei !!! ... E quando elas quiserem ter filhos...

Nós ajudamos.
Quer saber ? No final das contas não entendi mais nada. Não entendi quem vai ser mãe de quem, quem vai ser pai de quem, de quem vai ser o útero,o espermatozóide. .. A única coisa que eu entendi é que...

Que.... ?

Fazer árvore genealógica daqui pra frente... vai ser impossível.