segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Piriguete e Margareth



Margareth Spencer Silva era a melhor amiga de Piriguete Windsor Souza. Onde uma estava, a outra era a sombra. Inseparáveis na instituição das amigas para sempre. Nasceram no mesmo ano, moravam na mesma rua, mãe de uma era madrinha da outra, estudaram na mesma escola, enfim, amizade eterna.

Mas Margareth sempre ouvia falarem - Cuidado com Piriguete, Margareth, ela não é sua amiga. No que respondia sempre - bobagem, conheço Piriguete como a palma da minha mão.

Um dia Margareth foi trabalhar no supermercado do bairro, como caixa. Logo conseguiu uma vaga para Piriguete como embaladora. Iam e voltavam juntas. Margareth se engraçou com Teobaldo Banana, um mulatinho do Estoque, que era uma graça de pessoa. Piriguete viu mil e dois defeitos em Teobaldo.

Teobaldo deu corda para Margareth e enamoraram com acenos e olhares. Piriguete roeu as unhas, pois perderia a melhor amiga para um banana. Aquilo era um absurdo. Logo ela, sempre mais bonita, melhor de aparência, e foi perder logo para Margareth.

Um dia Teobaldo desentendeu com Margareth e os olhares gelaram. A moça desabafou com Piriguete que estava arrasada. Saiu mais cedo, dizendo que estava passando mal. e foi pela rua, olhos em lágrimas permanentes. Entrou em uma das lojas mais caras do bairro, e deparou com uma bolsa prateada, do jeitinho que sempre sonhou ter. Comprou no cartão de crédito em 10 vezes sem juros a bolsa prateada dos seus sonhos.

Chegou em casa e viu que não tinha roupa para combinar com a bolsa. Chorou prá caramba a Margareth. Correu na casa da Dona Cleidinha Esteves, que vendia brechó chique das madames, e comprou um vestido tubinho preto, igual a de uma moça de um filme que passou na sessão da tarde. Margareth se achou o máximo quando chegou em casa e viu que a bolsa combinava com o vestido tubinho preto, salientando suas coxas grossas, na porção inferior de um corpo divino.

Mas Margareth lembrou que não tinha sapato para aquela bolsa que combinava com aquele vestido tubinho preto. Foi na rua, na loja do Alcides do Sapatinho de Cristal e achou um de salto agulha, lindo, preto e prata, com um detalhe em relevo. Margareth até chorou de emoção. Comprou na conta da sua mãe, depois de calcular como pagaria aquilo.

Agora Margareth estava completa. Talvez até Teobaldo iria babar nela. Mas espera aí, pensou Margareth, falta a lingerie. Meu Deus, a lingerie. Foi na casa da Mariinha Gonçalves, sacoleira tradicional da vila, uma gorda preta que criou toda a família vendendo lingerie com Avon.

Margareth estava impossível. Vestida como a Cinderela moderna, de tubinho preto, bolsa prateada, sapato salto agulha preto com detalhes prateados e sua lingerie preta, passou na farmácia da Deisinha e comprou na ficha do seu pai uma meia preta. Deisinha sempre colocava como medicamento, assim o pai nunca reclamava.

Todo ano, no dia vinte e seis de dezembro havia a festa para os funcionários. Margareth se produziu no salão da Belinha, e dirigiu ao evento anual que o Seu Oliveira, um português viúvo e grosso, dava para os empregados. Fechava o comércio e fazia uma gracinha com produtos vencidos e cerveja barata. Mas ninguém ligava, afinal festa é festa. Foi que não se aguentava mais de emoção. Teobaldo iria ver aquilo tudo e na frente de Piriguete, quem sabe, desejá-la ali mesmo, em um dos muitos cantos do depósito do Supermercado.

Ao entrar no recinto, silêncio total. Todo mundo olha para Margareth, que não olha para ninguém, guardando seu olhar para Teobaldo. Ao cruzar o ambiente com o infalível radar feminino, enquadrou Teobaldo em seu campo de visão, abraçado, agarrado, atrelado, colado, beiçado e enviesado em Piriguete.

Margareth conteve a sua felicidade interior, tremeu toda, arrepiou o cabelo com escovinha japonesa, não chorou nada, levantou o queixo, empinou a bunda e entrou na área como se entra em uma castelo. Seu Oliveira, viúvo, 60 anos, filhos criados e bem sucedidos, vendo tudo aquilo de uma forma como nunca se viu, ajoelhou diante da moça e ali mesmo a pediu em casamento.

Margareth estendeu à mão à baba do português, e só então Piriguete viu que Teobaldo era uma cama de gato para deixar a pista livre e mais uma vez tremeu de ódio e de inveja de Margareth...

É isto aí!

domingo, 25 de agosto de 2013

CANÇÃO DA DESPEDIDA / AI QUE SAUDADE D'OCÊ - GERALDO AZEVEDO TEATRO RIVAL

Chicas - Saudade da Boa + Espumas ao Vento (DVD - EM TEMPO DE CRISE NASC...

Chicas - Fonte: Letras


Chicas

Saudade da boa - Accioly Neto - lançada em 1995 Fonte G1 

Espumas ao vento - Accioly Neto - lançada em 1997 Fonte G1



Chicas - Fonte: LETRAS

Chicas é a banda formada por: Amora Pera, Fernanda Gonzaga, Isadora Medella e Paula Leal, que fez muito barulho no BNB Clube da Avenida Santos Dumont na Aldeota. Composições próprias e regravações de grandes canções da MPB, agitaram o lançamento do DVD em julho/2009.

Chicas é banda de MPB dos últimos anos. Formada por Isadora Medella, Amora Pêra, Fernanda Gonzaga e Paula Leal. Prezam pela musicalidade, notas perfeitas, instrumentos maravilhosos. Zabumba, xilofone, Violoncelo e violino. Percussão, um dedo de forró misturado com um maracatu atômico. Enfim, música brasileira de qualidade

Em 1996, 4 amigas decidiram formar uma banda. Nascia, até então denominada, banda Las Chicas. Composta por 4 excelentes musicistas, Amora Pêra, Fernanda Gonzaga, Isadora Medella e Paula Leal, a banda que já era agraciada pela herança genética de Gonzaguinha (pai de Fernanda e Amora), tocou durante 2 anos em festas de amigos, pequenos palcos, mas nada muito comprometido.

A banda se desfez, fruto da imaturidade das meninas ainda muito novas naquela época, mas retornou 4 anos após essa “pequena”pausa.

Mais experientes, as meninas seguiram tocando em festivais, pequenos palcos e dessa forma, foram testando seu repertório e conquistando um público fiel.

Em 2006, após 3 anos de espera e experimento, a banda Chicas, lança seu primeiro CD “Quem vai comprar nosso barulho?”, fruto de uma produção independente e investimento das quatro cantoras.

Mesmo com uma pequena divulgação, basicamente composta pelo boca-em-boca, uma ativíssima comunidade na internet e busdoor só para um show, a banda lotou a casa de show Rival, em uma única apresentação.

Além disso, já conquistou alguns prêmios em importantes festivais como o Prêmio TIM da Música, gravação de programas televisivos, venda de milhares de cds, consecutivas semanas entre as 10 mais tocadas em algumas rádios FM's, lotação de casas de shows no Rio e estados vizinhos.

Na ira do Rádio!


Ter um Blog é de uma responsabilidade muito grande. Fica sempre faltando algo para fazer. Mas nestes dias não está dando para ter toda a atenção devida. Mas guardei uma matéria muito doida sobre uma psicanalista de rádio e seu nocauteante "modus operandi" com os ouvintes.

 A Dra. Laura Schlessinger se tornou uma famosa figura do rádio norte-americano por suas respostas duras e falta de paciência e compaixão. Sua carreira, marcada pela polêmica parece ter chegado ao fim depois dos incidentes do último dia 10 de agosto, no qual a autora de vários Best-sellers usou termos racistas diversas vezes ao conversar com uma ouvinte negra que pedia conselhos sobre seu casamento inter-racial. Na última terça-feira, 17, Laura Schlessinger anunciou que deixaria o rádio, após 30 anos de carreira. Essa não foi a primeira vez que a língua da Dra atrapalhou os rumos de sua carreira: em 2000, seu programa de TV foi retirado do ar após Schlessinger ter se referido aos homossexuais como “erros biológicos”.

O rádio norte-americano tem sua cota de apresentadores direitistas e conservadores, como Rush Limbaugh, Glenn Beck e Michael Savage. Mas esses apresentadores são ligados ao mundo da política, e simplesmente dizem tudo o que seu público deseja escutar ao repetir qualquer rumor absurdo. Seus fãs os consideram grandes norte-americanos, e concordam com tudo que dizem, fazendo deles o alvo favorito dos liberais. Para a porção menos conservadora dos Estados Unidos, Laura Schlessinger não representa nenhuma ameaça, já que tudo o que ela faz é dar conselhos ruins a masoquistas que querem ser humilhados nas ondas do rádio. Suas principais respostas aos ouvintes se dividem entre “não vamos chegar a lugar nenhum aqui”, “não acredito que estou perdendo meu tempo com isso” e “Não é possível que você seja tão estúpido”.

 A maldade nos conselhos da Dra. é proporcional à gravidade dos problemas relatados. Dias antes do anúncio de sua aposentadoria, Schlessinger recebeu uma ligação de uma chorosa ouvinte chamada Jamie, que enfrentava um grave problema em seu casamento. O comportamento de seu marido na cama trazia à tona memórias de abusos sexuais sofridos na infância. Durante terríveis seis minutos e meio, a Dra. Laura, como é conhecida no rádio explicou a Jamie que ela simplesmente precisava superar o trauma. “Deus lhe deu uma sexualidade que você está desperdiçando porque um idiota fez uma maldade há mais de 20 anos. Isso é uma afronta a Deus”, disse Laura Schlessinger, que continuou seus conselhos, acusando de Jamie de manipulação. “Você está magoada com seu marido, e o está punindo com essa história de abuso sexual. Isso é manipulação”, afirmou a doutora antes de sua conclusão: “Você está castrando o seu marido para que ele seja seu pai, porque você não faz sexo com seu pai. Essa noite você vai deixar isso de lado, vai seduzir o seu marido e vai se divertir”.

“Ela foi insensível e distorceu as palavras da ouvinte”, diz o DR. Bruce Perry, especialista em traumas infantis. “Laura a pressionou e usou uma interpretação simplista sem maiores informações sobre o problema. Foi uma maneira desinformada e nada profissional de responder a um problema grave apresentado por uma ouvinte. Espero que Jamie procure ajuda profissional”, diz Perry.

Uma explicação para o comportamento da Dra. Laura seria a simples conclusão de que ela odeia seus ouvintes ou odeia toda a humanidade. Mas esse não parece ser o caso. Assim como Limbaugh e Beck, Laura Schlessinger também dá ao público o que ele pede e deseja. Seus ouvintes, um grupo fiel que a acompanha diariamente, lê e relê seus livros e busca seus conselhos, são pessoas ansiosas para serem punidas e maltratadas, e embora muitos possam ficar chocados quando a doutora reduz problemas sérios a meros dramas descartáveis, fãs da Dra. Laura afirmam que há todo um prazer especial em ouvi-la dizer a alguma ouvinte desolada frases como “Sim, você terá uma vida deplorável. Acostume-se”.

domingo, 18 de agosto de 2013

Gaby Moreno - Lejos

Gaby Moreno - Lejos

Gaby Moreno "Malagueña Salerosa" Uncommon Ground

Gaby Moreno "Malagueña Salerosa" Uncommon Ground

Amapola...Gaby Moreno

Amapola...Gaby Moreno

GABY MORENO - Letter To A Mad Woman

GABY MORENO - Letter To A Mad Woman

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Marisa Monte & Cesária Évora - É Doce Morrer no Mar

Marisa Monte & Cesária Évora - É Doce Morrer no Mar

Negue, Cesaria Evora

Negue, Cesaria Evora

Adios Nonino

Adios Nonino

Naquele Tempo - Baden Powell

Naquele Tempo - Baden Powell

sábado, 3 de agosto de 2013

O inferno somos nós outros



Toda semana um beato alardeia que o mundo vai acabar. Seus alardes são sempre em tom de ameaça e de pecado. Uns falaram do Sol, que está a cumprir profecias, apagando e depois acendendo de novo. Outros falam de atentados mortais contra os paladinos da justiça apache&sioux, e outros falam que já estamos na prorrogação do segundo tempo DC. O primeiro tempo, AC, acabou no ano Zero de Cristo, que nunca falou em fim do mundo, mas em fim dos tempos.

Mas é charmoso falar que o mundo vai acabar. Deliro também com a qualidade das manifestações por escrito em sites famosos da língua pátria. As grandes e poderosas mídias controlam estes espaços e publicam apenas os comentários contra a Cacica, como um simpático e democrático partisan italiano.

Mudando de assunto, mas não fugindo do tema de que alguém quer acabar com tudo que é meu, nos três principais sites deste final de semana, os comentários são sempre escatológicos. É sempre a mesma ladainha:

- Juri condena militares do Carandiru (Uol)
Comentários iniciais - Isto é coisa do PT e dos Petralhas.

- Quadrilha é presa em BH por fraudar o INSS (Uai)
Comentários iniciais - isto é coisa do PT e dos Petralhas

- Cartel de trens superfaturou R$ 577 milhões em SP e no DF, diz jornal (G1)
Comentários iniciais - isto é coisa do PT e dos Petralhas.

Aprendi por aí, nas esquinas da vida, pouco mas valioso pensamento de Sartre, ao salientar que quando nos abstemos da responsabilidade por nossas escolhas, estamos agindo segundo aquilo que denominou “má fé” da consciência, ou seja, estamos nos isentando de atentar para a liberdade que temos à nossa inteira disposição, de graça. A má fé consiste em fingirmos não ser livres e podermos então, debitar nossa infelicidade ou fracasso à causas externas a nós (os pais, o “inconsciente freudiano”, o ambiente, a personalidade indômita etc). Sartre chama isso de covardia. Não sendo livres para deixar de ser livres, estamos pois “condenados à liberdade”.

Existencialista fosse, com carteirinha de identificação e título na parede, diria que sem que possam sequer expiar suas faltas, descobrem o horror da nudez psíquica que os outros lhes evidenciam. Está revelado o verdadeiro inferno: a consciência não pode furtar-se a enfrentar outra consciência que a denuncia, por isso: “o inferno são os outros”.

“Os Outros” são todos aqueles que, voluntária ou involuntariamente, revelam de nós a nós mesmos. Algumas vezes, mesmo sufocados pela indesejada presença do outro, tememos magoar, romper, ferir e, a contra-gosto, os suportamos. Uma vez que a incapacidade de compreender e aceitar as fraquezas humanas torna a convivência realmente um inferno, o angustiante existencialismo ateu sartriano não nos deixa saída. Sem o mínimo de boa-vontade, não há paraíso possível.

É isto aí!





Outra Vez

Em 1977, um trágico acidente de carro na via Anhanguera, em São Paulo, pôs fim à vida de Milton Carlos, cantor e compositor, parceiro de sua irmã Isolda, com apenas 22 anos de idade.


Isolda, mesmo profundamente abalada com a morte prematura do irmão, companheiro e parceiro musical, compôs sozinha a sua mais importante e bela canção, "Outra vez", que foi gravada no mesmo ano por Roberto Carlos.




Acabou se tornando um dos maiores sucessos do cantor. A letra sugere o fim de um romance, mas na verdade é uma homenagem de Isolda a seu irmão, e trata de um amor fraterno que se mantém vivo através das lembranças.


Outra Vez

Em 1977, um trágico acidente de carro na via Anhanguera, em São Paulo, pôs fim à vida de Milton Carlos, cantor e compositor, parceiro de sua irmã Isolda, com apenas 22 anos de idade.

Isolda, mesmo profundamente abalada com a morte prematura do irmão, companheiro e parceiro musical, compôs sozinha a sua mais importante e bela canção, "Outra vez", que foi gravada no mesmo ano por Roberto Carlos.


Acabou se tornando um dos maiores sucessos do cantor. A letra sugere o fim de um romance, mas na verdade é uma homenagem de Isolda a seu irmão, e trata de um amor fraterno que se mantém vivo através das lembranças.

Elis Regina & Adoniran Barbosa - Tiro ao álvaro



Um encontro de samba entre duas gerações e referências da música brasileira, Adoniran Barbosa e Elis Regina. Entre as músicas de Adoniran "Tito ao álvaro", “Iracema” e “Um samba no Bexiga”, divertem-se na mesa do boteco com risadas e comentários genuínos.

Adoniran elogiou Elis: “Não é porque o samba é meu, mas você canta como eu quero. Você leva a sério as coisas… não fica fazendo gracinha e não tem graça o samba, é um drama, é um drama”. Feliz, ela pede pela nota 10, mas ele lhe dá um belo 11,5.

O compositor, inspirado na cidade e nos personagens de São Paulo, e a intérprete terminam o encontro com um passeio. Caminham pelo Bexiga, onde ele mostra o que restou do bairro antigo ao som de “Saudosa Maloca”, composição de Adoniran, também interpretada por Elis.

Acesse o Youtube daqui e escute Tiro ao álvaro 
Acesse também a página do Adoniran Barbosa:


Censura:


Fonte do texto: tenhomaisdiscosqueamigos

“Tiro Ao Álvaro” (Adoniran Barbosa)

A censura não tinha limites. E ela pontuava não apenas o sentido das palavras, mas também a forma como eram pronunciadas.

Uma que foi pega de surpresa foi “Tiro Ao Álvaro“, do paulistano Adoniran Barbosa. Em 1973, o compositor teve cinco canções vetadas. Após o decreto do AI-5, Adoniran temeu lançar novas músicas justamente por conta da forte censura, e lançou um álbum com canções já gravadas anteriormente, algo como um compilado de sucessos.

Mas foi surpreendido, já que cinco das faixas do álbum foram censuradas. O documento oficial que veta “Tiro Ao Álvaro” (canção de 1960) dá a justificativa de “falta de gosto”. A letra brinca com a oralidade do povo de São Paulo ao contar com as palavras “tauba”, “automorve” e “revorve”. A resposta ao pedido de liberação veio com essas palavras circuladas.

Uma clara dedução é que o contexto sociocultural da letra foi completamente ignorado.

Clique aqui e escute no Youtube esta música cantada pela inusitada dupla Adoniram & Elis Regina, em 1978, no bar da Carmela, no famoso bairro do Bexiga.

Elis Regina & Adoniran Barbosa - Tiro ao álvaro



Um encontro de samba entre duas gerações e referências da música brasileira, Adoniran Barbosa e Elis Regina. Entre as músicas de Adoniran "Tito ao álvaro", “Iracema” e “Um samba no Bexiga”, divertem-se na mesa do boteco com risadas e comentários genuínos.

Adoniran elogiou Elis: “Não é porque o samba é meu, mas você canta como eu quero. Você leva a sério as coisas… não fica fazendo gracinha e não tem graça o samba, é um drama, é um drama”. Feliz, ela pede pela nota 10, mas ele lhe dá um belo 11,5.

O compositor, inspirado na cidade e nos personagens de São Paulo, e a intérprete terminam o encontro com um passeio. Caminham pelo Bexiga, onde ele mostra o que restou do bairro antigo ao som de “Saudosa Maloca”, composição de Adoniran, também interpretada por Elis.

Acesse o Youtube daqui e escute Tiro ao álvaro 
Acesse também a página do Adoniran Barbosa:


Censura:


Fonte do texto: tenhomaisdiscosqueamigos

“Tiro Ao Álvaro” (Adoniran Barbosa)

A censura não tinha limites. E ela pontuava não apenas o sentido das palavras, mas também a forma como eram pronunciadas.

Uma que foi pega de surpresa foi “Tiro Ao Álvaro“, do paulistano Adoniran Barbosa. Em 1973, o compositor teve cinco canções vetadas. Após o decreto do AI-5, Adoniran temeu lançar novas músicas justamente por conta da forte censura, e lançou um álbum com canções já gravadas anteriormente, algo como um compilado de sucessos.

Mas foi surpreendido, já que cinco das faixas do álbum foram censuradas. O documento oficial que veta “Tiro Ao Álvaro” (canção de 1960) dá a justificativa de “falta de gosto”. A letra brinca com a oralidade do povo de São Paulo ao contar com as palavras “tauba”, “automorve” e “revorve”. A resposta ao pedido de liberação veio com essas palavras circuladas.

Uma clara dedução é que o contexto sociocultural da letra foi completamente ignorado.

Clique aqui e escute no Youtube esta música cantada pela inusitada dupla Adoniram & Elis Regina, em 1978, no bar da Carmela, no famoso bairro do Bexiga.

Que pena (Ela já não gosta mais de mim)

Que pena (Ela já não gosta mais de mim)

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Não cometi crime


Quando o Itamaraty foi invadido, no dia 20 de Junho, nesta onda de saques, ataques e manifestações livres, pensou-se em tudo, mas o que foi revelado provocou um enorme mal estar na trupe da Rede Marina. Um dos principais diretores do novo partido que está tendo parto lento e doloroso, liderou a invasão depredatória. Pego no flagra, publicou uma resposta no mínimo interessante, onde afirma que não cometeu nenhum crime, mas apenas usou a barra de ferro contra as estruturas.

A questão é: Se as Câmeras de Segurança não o tivessem flagrado, viria a público pedir perdão pelos seus atos?  

Abaixo, na íntegra, a defesa do cidadão:

Não cometi crime

20 de junho deste ano, uma quinta-feira, dia da maior das manifestações acontecidas em Brasília, dentro do ciclo de protestos de rua naquele período, em todo o país. Três dias antes houvera outra, aquela na qual os manifestantes subiram nas cúpulas do Congresso. Participei das duas. Na do dia 20, com mais de 60 mil pessoas tomando a Esplanada, havia um contingente policial muito maior e mais agressivo, com a presença da tropa de choque. Ao contrário da anterior, a estratégia repressiva era de impedir a qualquer custo que as pessoas novamente subissem sobre o Congresso ou passassem para a praça dos Três Poderes, onde fica o Palácio do Planalto.

Primeiro foi o uso do spray de pimenta, em seguida muitas bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para todos os lados. A tensão foi num crescendo e o único lugar que parecia mais desguarnecido de tropas era o Palácio do Itamaraty, para onde a PM praticamente empurrou uma parte dos manifestantes, ao continuar a jogar bombas sobre o gramado diante do Congresso. O ar estava tomado de gás, os olhos ardiam. Tirei a camiseta e coloquei no rosto para me proteger. E também corri para o lado do Itamaraty.

Esse foi o contexto de um dia no qual cometi muitos erros, mas só pude ter plena consciência deles retrospectivamente. O primeiro foi usar na manifestação a camiseta da Rede Sustentabilidade, que eu vestia porque vinha de uma atividade de coleta de assinaturas para a formação do partido. Havia entre nós uma avaliação de que a Rede deveria, como instituição, manter-se afastada das ruas, para evitar qualquer acusação equivocada (ou manipulada) de que queríamos nos aproveitar dos protestos, uma vez que, de várias maneiras, eles se identificavam muito com nossa trajetória e preocupações. Ficara acertado que os membros da Rede que quisessem participar deveriam fazê-lo como cidadãos, em caráter individual. No dia 20, eu me orgulhava ingenuamente de estar com a camiseta, mas em nenhum momento me passou pela cabeça o que estava por vir e que poderia ser danoso à Rede, algo sob medida para ser explorado por pessoas de má-fé.

Participo de movimentos sociais e manifestações locais desde que entrei na UnB, em 2006. Também participei das manifestações na Rio+20, na Cúpula dos Povos e outras em prol de direitos humanos e do meio ambiente. Mas nunca havia participado de protestos do porte e do alcance temático e político dos que ocorreram no mês de junho no Brasil e em Brasília. E nunca de nenhum que atraisse um aparato policial tão grande e violento como no dia 20.

A manifestação do dia 17 ocorrera sem depredações ou violência, principalmente porque a PM não reagiu ao acesso de manifestantes ao teto do Congresso. Fiquei extasiado, pois há muito tempo não se via, no Brasil, um fenômeno deste tipo, em que a população saía às ruas em peso clamando por causas que iam de melhores serviços públicos até a refundação da política.

No dia 20, o clima foi totalmente outro. Já começara com a declaração de confronto de autoridades policiais, segundo as quais todas as pessoas que descessem na Rodoviária seriam revistadas. A tensão aumentava na medida em que, a cada movimento da massa de manifestantes em direção ao Congresso ou aos acessos à praça dos Três Poderes, a polícia reagia violentamente. Até o momento em que nova investida da PM provocou uma certa reação de pânico e uma parte dos manifestantes foi em direção ao Itamaraty. Fui junto. Sem nenhuma intenção de depredar nada, mas tomado de raiva e sob intensa pressão.

Quando cheguei ao corredor estreito que dá entrada para o prédio, já havia ali muitas pessoas concentradas e começava o quebra-quebra. Vários manifestantes jogavam diferentes objetos contra as vidraças. Vi uma barra de ferro no chão e a agarrei, inicialmente com a intenção de me defender, caso as coisas piorassem por ali. Depois, com as emoções à flor da pele, a pressionei algumas vezes contra diferentes pontos de uma estrutura também de ferro do próprio prédio e em seguida a joguei. Não quebrei nada!

Fiquei ali por mais alguns minutos e retornei ao gramado da Esplanada, onde fui atingido na perna por uma bomba atirada pela polícia, que deixou um edema de uns 15 cms e uma cicatriz que ainda tenho. Quando cheguei em casa, mais calmo, tive a clara percepção de ter errado, mas fiquei aliviado por não ter, afinal, causado nenhum dano a um prédio público e, além disso, tombado como patrimônio nacional.

Quando a polícia começou a procurar os participantes do quebra-quebra, fui identificado em fotos nas quais estava com a barra de ferro nas mãos, mas em nenhuma delas estou quebrando nada.

No dia 24 de julho, por volta das 15 horas, enquanto trabalhava no processamento de documentos na sede da Rede em Brasília, fui chamado para fora da sala por uma mulher e um homem que se apresentaram como sendo da Polícia Civil. Disseram que eu deveria acompanhá-los para prestar um depoimento sobre as manifestações no Itamaraty. Pedi para ir no final da tarde, quando terminasse meu trabalho. Responderam que era melhor ir naquele momento para “evitar constrangimentos”. No caminho perguntei se não deveria chamar um advogado e me disseram que seria desnecessário.

Fui conduzido à 5ª Delegacia da Polícia Civil, onde falei com o delegado encarregado de investigações extraordinárias. Eu estava bastante tenso, já que nunca estive numa situação semelhante. Depois descobri que eu deveria ter ido apenas com uma intimação formal e acompanhado de advogado.

O delegado me inquiriu com uma câmera gravando. Perguntei mais uma vez se não precisaria de presença de um advogado e ele me reiterou que não. Disse que fazia parte de uma policia republicana e que a relação entre nós ali seria de confiança e que seria honesto comigo, esperando reciprocidade. Relatei fielmente, respondendo a suas perguntas, o que fui fazer na manifestação, a que horas cheguei, o percurso da manifestação e o meu. Mostrou-me fotos das ações no Itamaraty e admiti que estava lá e que escondia o rosto.

Após a inquirição, o delegado informou que o processo seguiria para a Polícia Federal, onde seria produzido um inquérito a ser enviado ao Ministério Público, que decidiria pela abertura, ou não, de processo judicial. Depois disso, assinei um termo de depoimento após ser mais uma vez ouvido por outro delegado. Declarei ainda qual era meu estado emocional e que não ocasionei nenhuma depredação ao prédio do Itamaraty. Finalmente, que agi por vontade própria, não tendo sido levado ou orientado a nada, por nenhuma pessoa ou organização.

Hoje vejo com clareza os excessos que cometi e o risco a que submeti a Rede, de ser caluniada ou passar a ser objeto de insinuações de ter algo a ver com os quebra-quebras durante as manifestações. Seria algo impensável, pois a linha política da Rede vai em outra direção, sem nenhuma afinidade com soluções violentas, venham de que lado vierem. Estou arrependido, errei politicamente, mas em nenhum momento cometi crime.

O que me resta é dizer a verdade, como estou fazendo aqui, e reconhecer meus atos. Peço desculpas sinceras a todos os companheiros e companheiras da Rede. Reafirmo que continuarei sendo um “enredado” convicto, persistente e esperançoso.


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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

A Fatura do Fulano.





Leio tantas notícias, tantas palavras, tantas denúncias, tantas mortes, tantas guerras, tantas maldades, e não absorvo mais nada. Estou anestesiado.



Fulano é suspeito de roubar 425 milhões de reais do metrô - Ah! Deixa prá lá.



Fulano outro é suspeito de desviar 4,3 bilhões da Companhia de Abastecimento de Água - Ah! Será?



Outro Fulano é suspeito de desviar 50 milhões em precatórios - Só isto?



Fulano de Tal é suspeito de roubar 250 milhões da Previdência - Ah! Sozinho?



Fulano da Lata vendeu uma empresa de 100 bilhões por 4 bilhões - Coitado! devia estar muito necessitado!



Fulano da Prancha é suspeito de desviar 120 milhões da Norte Sul - Ah! Tem nada disto não!



Fulano dos Anzóis roubou 1 bilhão é foi inocentado pela idade - Nada como a velhice, hem!!!



Fulanos roubaram, roubam e roubarão. Crianças morreram, morrem e morrerão por estes roubos. Tenho uma dó danada de Fulano quando chegar a fatura.



É isto aí!

A Fatura do Fulano.


Leio tantas notícias, tantas palavras, tantas denúncias, tantas mortes, tantas guerras, tantas maldades, e não absorvo mais nada. Estou anestesiado.

Fulano é suspeito de roubar 425 milhões de reais do metrô - Ah! Deixa prá lá.

Fulano outro é suspeito de desviar 4,3 bilhões da Companhia de Abastecimento de Água - Ah! Será?

Outro Fulano é suspeito de desviar 50 milhões em precatórios - Só isto?

Fulano de Tal é suspeito de roubar 250 milhões da Previdência - Ah! Sozinho?

Fulano da Lata vendeu uma empresa de 100 bilhões por 4 bilhões - Coitado! devia estar muito necessitado!

Fulano da Prancha é suspeito de desviar 120 milhões da Norte Sul - Ah! Tem nada disto não!

Fulano dos Anzóis roubou 1 bilhão é foi inocentado pela idade - Nada como a velhice, hem!!!

Fulanos roubaram, roubam e roubarão. Crianças morreram, morrem e morrerão por estes roubos. Tenho uma dó danada de Fulano quando chegar a fatura.

É isto aí!